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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

31
Jan25

Rosas


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20250130_233830.jpg

Rosas

{Série Diário}

 

Os nomes são coisas pode- 

rosas, secretas, envoltas em 

camadas que ocultam a verdadei-

ra pele. Mesmo se, e quando, re-

veladas, são apenas, e sempre, 

coisas, despojos largados, 

lastro para o por-

vir.

 

@mafalda.carmona

31.01.2025 

 

*Imagem retirada da internet sob o tema "ano chinês da serpente". Feliz Ano, Pessoas!

24
Jan25

Respirar


Cotovia@mafalda.carmona

Screenshot_20250124_134500_Instagram.jpg

 

Respirar

{Diário}

Sentei-me numa almofada, no chão da entrada. À esquerda, a porta da rua; à direita, o velho cão T., prostrado sob a manta, e o gato S., na cadeira. Dois níveis de existência distintos, pensei.

Estava a ler "Despedidas Impossíveis", de Han Kang. Por um momento, li em voz baixa, na esperança de o tranquilizar. Não adiantou. Continuei a leitura em silêncio, até que, sem perceber, dormitei.

Acordei com um som discreto: um espasmo involuntário do cão. Olhei-o. Inspirava, expirava – o leve movimento da manta confirmava. Respirava.

Lembrei-me de algo dito por uma médica:
"A fisioterapia é respirar, mas não de qualquer forma. Inspire como quem cheira uma flor; expire como quem sopra um balão; e, quando achar que já expirou tudo, expire ainda mais um pouco. Esse esforço final é o que faz a diferença."

Há nisso uma estranheza inesperada. Por vezes, a vida persiste no que parece exaurido, nos gestos mínimos que se repetem de forma consciente. Até que deixamos de os fazer. Porque insistimos em continuar para além desse ponto, para além do expectável, é um mistério.

A ventoinha do aquecedor, com o som constante, embalava o sono. Era cedo, e a madrugada fora interrompida pelo lamento do cão. Tapei-o melhor com a manta, enquanto o gato saltava para a cadeira, entregando-se ao ritual de cuidar do próprio pelo. O contraste entre a vitalidade felina e a fragilidade canina não me passou despercebido. Não seria eterna.

O corpo do T. estendido, moldado ao espaço do corredor, respirava em silêncio. Os olhos fechados parecem muito mais pequenos, e as lágrimas uma constante.

Os olhos ficam cada vez mais pequenos. Talvez as lágrimas fiquem do lado de fora porque já não há espaço dentro. Um pensamento perturbador.

Levantei-me, sentindo o frio do chão nas pernas, e preparei-me para o dia. Sexta-feira, normalmente a minha favorita. Hoje, não era o caso.

Passei com cuidado pelo cão a caminho da cozinha. Confirmei. Ele dormia, o corpo ajustado ao espaço. Respirações leves, pausadas. A manta a confirmar que está vivo, respira. Mas é a manta que está viva.

Suponho que, verdadeiramente, já não esteja.
É triste quando já não estamos nós, mas apenas algo que nos representa.
E nem sempre por termos partido. Nem sempre é físico.
Os sentimentos também respiram, mas partem primeiro. Vão com as lágrimas.

@mafalda.carmona
24.01.2025 | 13:31 hr

17
Jan25

Vaga Maresia


Cotovia@mafalda.carmona

20250117_150855.jpg

Vaga Maresia

{Poema}

 

Deixaste-me viúva de mim mesma,

do que era a minha essência,

esse elemento abstracto,

tão subtil, que me define,

desfaleceu nos degraus do molhe,

e, incompleto, seguiu,

soprado pelas rajadas de vento

entre as sombras das nuvens,

ao sabor do prenúncio de temporal.

 

O meu silêncio, 

esse deixaste-o comigo,

despida de ti, senti a pior sorte:

A de me ver, assim, partir,

em precário equilíbrio no fio do tempo,

quando julguei ter perdido a lucidez.

 

E o meu corpo, 

esvaindo-se do quente toque,

não é apenas a aridez da ausência,

mas um destino,

o do exílio num país intemporal.

Hesito, perdida na imensidão,

na mão a aspereza do escalpe,

sob uma pele que já não me serve,

coberta de uma inesperada nudez.

 

Pela janela do mundo omnipresente,

com os olhos vazados pela paixão,

jurei, na vastidão, 

ver surgir papoilas,

com estames de lágrimas negras,

no espaço vago entre as ondas.

 

Eram, afinal, pérolas de bruto sal,

aflorando na crista das vagas imensas,

são exércitos de rainhas de cristal.

Navegam contra a nortada e turbulências,

enfrentam o final do seu destino,

armadas de lâminas feitas de escarpas.

Serão fuziladas sem clemência,

partículas de um inevitável adeus,

e então já não me saberão pronunciar.

 

No brilho do farol escuto um murmúrio,

feito de esperança,

em palavras mudas. 

Nas invisíveis linhas, vejo,

Que lançados estão os anzóis,

Preparadas as redes finas.

 

E ali, deitada no frio areal,

Sob a crueza do céu de inverno,

A aprender a língua do mar,

Traduzindo a própria morte,

Descanso, enfim. 

Procuro no horizonte o novo nome

Para a saudade me poder chamar.

Mas mesmo que o amor me alcance,

Só eu me poderei resgatar.

 

@mafalda.carmona

09.02.2025 | 21:13 hr.

Editado 17.02.2025

 

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10
Jan25

Canção ao Futuro {Poema}


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20250105_184440.jpg

Canção ao Futuro

 

Sei que te amo,

e não tens disso consciência.

Não é preciso.

Permanece na tua inocência,

sem alarme, sem pressa,

sem que a vida te roube a leveza.

 

No meu amor, quero-te a salvo,

proteger-te do mundo,

preparar-te para a ideia do futuro,

que poderia ser belo,

mas tantas vezes se revela insano,

perverso, armadilhado.

 

Não quero a tua luz

para me engrandecer

ou fazer de mim alguém amado ou amável.

Peço apenas que a mantenhas acesa,

por ti, pela tua candura,

pelo riso contagiante

e a tua beleza singular.

És o ar da esperança.

Sem o fogo da tua existência,

extinguimo-nos.

 

E se nada consigo mudar,

nem ao mundo somar tranquilidade,

que te embalem palavras gentis,

não o compasso rombo da moral.

Que nunca te cerquem

os braços da tirania.

 

Quando chegar o teu tempo,

meu grande amor pequenino,

que encontres a leveza

e a plenitude da alegria,

férteis no que hoje falta:

respeito, harmonia, igualdade e paz.

 

Não é justo, isso eu sei.

És uma criança, nada pediste,

mas sem que eu mude,

e se para lutar for incapaz,

deixo uma lâmina nos teus ombros,

que nas tuas costas traça, indelével,

o peso insuportável da desumanidade,

da falta de liberdade,

da desonestidade,

a marca da desigualdade.

 

Também sei, sabemos,

carregamos a chama da culpa,

dessa que se apagará

sob a claridade do teu olhar.

 

@mafalda.carmona

03.01.2025

 

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{Cotovia} em Colectânea

Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

{Cotovia} em Antologia

Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

{Apoio à Vítima}

A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

{Notícias Sobre a Ucrânia}

A UE condena com a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Apelamos à Rússia para que cesse imediata e incondicionalmente todas as hostilidades, retire o seu pessoal militar e equipamento de todo o território da Ucrânia, no pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. A UE apoia os princípios e objetivos fundamentais da fórmula de paz da Ucrânia enquanto via legítima e credível rumo a uma paz global, justa e duradoura.
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