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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

28
Out22

Ave Rara e Companhia...


Cotovia@mafalda.carmona

Ou as improváveis famílias do coração... Ou a vida está cheia de clichés (assim como este post), Herman Josés e outros "parolos" iguais e super especiais.

 

  • Esta Cotovia não nasceu numa chocadeira, por isso o ninho foi partilhado em com-propriedade, ou sem-propriedade, por vários elementos, a chamada família. E nas famílias existem e convivem elementos muito distintos, uns são como a cotovia madrugadora, outros como o melro anunciador do fim do dia, ou como o rouxinol-pequeno-dos-caniços (que tem um nome maior do que o seu diminuto tamanho) nas suas atividades sazonais "pexitas" a partir do mês de Março à beira de água, e ainda muitos outros, cada um com um destino de vida mais ou menos linear.

 

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rouxinol-peqeuno-dos-caniços https://pt.wikipedia.org/wiki/


Para animação geral de qualquer família, aparecem de vez em quando, as chamadas Aves Raras

  • Dignas de desenhos animados da Pixar tipo UP, um bocado excêntricas, um bocado sonhadoras, com imensa garra e pilhas com energia praticamente inesgotável, que viajam muito e conhecem todo o Mundo, fazem montanhas de coisas fantásticas e diferentes ao longo da vida e ainda tem tempo para encantarem com a sua espontânea alegria de viver.

https://www.cinema7arte.com/up-altamente-um-filme-altamente/


Há outras famílias, e para desafio intensidade 12 como os cafés, onde aparecem os cucos familiares, a extravasar o seu espaço para cima das outras crias, se necessário arrancá-las para fora do ninho, para se estatelarem perante a despreocupação do elemento tóxico e desestabilizador, e ainda assim, um cuco não é o pior que pode acontecer, existem muitos outros elementos que constituem desafios em escala crescente de intensidade.


Se pensarmos nisto podemos chegar a duas conclusões:

Em princípio não se escolhe a família onde se nasce, em segundo, não se escolhe a forma que cada um toma quando nasce.
Por mim sou grata a todos, porque uns me fazem apreciar ainda mais a presença de outros e me permitiram aprender lições valiosas para o futuro.

Como disse Herman José, no programa de comemoração dos dois anos de existência, "Primeira Pessoa", na RTP1, ( e em citação muito livre) desapegar das mágoas, do que lá para trás ficou, aprender e seguir em frente.

E, digo eu, e excluídas as devidas distâncias entre nós - se excluirmos o facto de terem chamado "parolo" ao Herman e obviamente além de vós Pessoas que aqui estão a ler mais ninguém faz ideia de quem sou- o ataque de fãzoco de Herman a um dos Monty Python, Jonh Cleese -que também não fazia ideia de quem o Herman era, podem ver aqui um artigo de opinião sobre este assunto por alguém bem mais expert  - é uma coisa admirável, que só demonstra a humanidade por detrás das figuras de topo em cada área, com grande humildade e espontaneidade, o Herman também é uma Ave Rara Genial, muito à frente e super-inteligente.

Assim, fica demonstrado que basicamente a única regra será, como sempre, não fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam a nós (bem que o Herman gostaria de ter na primeira fila o Sr. Monty Python com uma t-shirt de maior fã), nem permitir que nos façam aquilo que não lhes faríamos.

Além disso, e como diz o ditado,

"fazer o bem sem olhar a quem, seus perigos tem", portanto em certas ocasiões o melhor é mesmo escolher outro caminho e outras companhias e dizer " espera aí que já volto", (mas não), e tchauzinho.


Porque as companhias são as que se escolhem, e tal como na história do patinho feio, temos de procurar a família onde nos identificamos como iguais. Por isso, para descanso de todos os envolvidos, o cuco está bem no ninho de cucos e não no de uma família de pequenos piscos-de-peito-ruivo.

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https://pt.m.wikipedia.org/wiki/

Mas desde que se nasce até se ter asas para voar e autonomia para se escolher, e por causa destas diferenças incontornáveis, e tantas vezes tóxicas, em quase todas as famílias geram-se questões problemáticas, entre irmãos, ou entre pais e filhos, ou entre todos, que resultam no afastamento e mesmo corte radical de relacionamentos num dado ponto.


Por isso as quadras de Natal e Festas, não são passadas obrigatoriamente com quem a genética determinou, mas muitas das vezes com quem o coração escolheu, com quem a vida permitiu encontros improváveis e por aí foram ficando, cuidando, umas das outras. Não tem problema, não é melhor nem pior, nem mais nem menos.


É o que é.


Desde o dia 31 de outubro, dia de finados, quando alguns regressam ao ponto de partida, às suas origens na terra natal para prestar homenagem aos que já partiram, ao dia 1 de novembro, dia de todos os santos e pão-por-Deus, ao Natal, consoada e almoço com peru, bacalhau e polvo ou aquilo que o orçamento permitir, passagem de ano e dia de Reis a 6 de Janeiro, daqui para a frente, estas datas vão aqui estar para festejar, e, infelizmente , desesperar os que nada podem fazer e aguardam o dia de amanhã sem grandes aspirações mas com grandes preocupações, nomeadamente de saúde.


Por isso mesmo, para os que podem, para os que estão, se existe uma mensagem é a de que é uma excelente altura para qualquer coisa, para aproximações e afastamentos, para extroversão e meditação, para trabalho e descanso, para decorar árvores de natal ou para não o fazer, para fazer pontes e fazer inclusão, para dar apoio a quem precisa ou para comprar presentes e fazer presépios ou nem por isso ou para o que for, mas sobretudo para lembrar que a "vida é breve e uma passagem" onde o mais gratificante é poder ser o coração a determinar o rumo da viagem.
Em resumo, aproveitar para ser feliz e descobrir que não existe uma única fórmula ou receita, mas muitas, cada uma a mais adequada a cada um, porque "somos todos iguais mas todos diferentes".

Viver em paz e "respeito pelo próximo", aceitar as diferenças, sem impor aos outros a forma de cada um viver esta quadra ou qualquer outra, até porque todos sabemos que pode ser "Natal quando quisermos" e todos os dias podem ser passagem de ano, porque, embora cliché, "cada dia é mesmo o primeiro dia do resto das nossas vidas".


Boa 6a feira, bom fim de semana (prolongado se for o caso), e sejam felizes!


P.S.

Ainda há quem prefira passar esta quadra do ano solitariamente, em retiro, em viagens, em migrações para paragens mais quentes, a fazer tatuagens ou o que decidirem e as que decidem passa-las solidariamente. Cada um tem o seu sentido de missão e terá os seus motivos para passar como entender esta época.

19
Out22

Tico Tico Sarapico...


Cotovia@mafalda.carmona

Rei rainha foram ao mar...Mal-me-quer, bem-me-quer, pouco, nada, amor? Ou joaninha voa voa, leva cartas a Lisboa.

  • São muitas as lengalengas que transmitimos de uma geração para outra. A linda falua, o cuco que não gostava de comer couves... Com o tempo esquecemos qual é a rima e o encadeamento, ou pensamos que a esquecemos até nos depararmos com alguma situação, normalmente uma das nossas Pessoas mais pequeninas, e tudo recordamos. Volta tudo, como um bilhete antigo do elétrico ou do autocarro num noves fora amigo a "adivinhar": um, amor; dois: gosto; três: desgosto; quatro: carta; cinco: encontro; seis: paixão; sete: declaração; oito: perfeição; nove: noves fora, nada.

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Esse nada é um nada sem esperança, um nada aborrecido, a viagem onde não se adivinha um acontecimento. Ou porque a viagem se faz sozinha, e como diz o ditado, “um é mau, dois é bom, três… é, (em alguns casos) demais.


Como é demais para as joaninhas, e para as cotovias, este vento de Outono, a levar tudo pelo ar, atirar com os ramos das árvores, transformar a horta em destroços de estacas e partir as ramas do tomate-cherry, que este ano surgiu das sementes do ano passado, só no final do mês de Agosto. Enfim, a ser aquilo que o vento, e o mau tempo, são: a natureza e os seus eternos ciclos que levam, e trazem, tudo.
Na orla a linha de arbustos de malmequeres aguentam-se bem durante as rajadas, não parecem atrapalhar-se. Ali estão, as flores todas juntas, um maciço amarelo, e bem agarradas aos ramos, e resistem. Um empurrão do vento, e espalham-se as sementes para onde, sem poder, chegam.


E também chega, mesmo se devagar, mesmo se quieta, a voz, das "Joanas", e mais longe voa quando ecoa nos corações a vontade de passar palavra, de umas Pessoas para as outras, de umas gerações para as outras.


Para o caso, são as Joanas, porque falei da joaninha que leva mensagens na esperança de se receber um sinal de alguém que está longe, e passo pela Joana Marques que parte a loiça toda, para terminar na Joana Vasconcelos que faz da loiça (entre outros objetos) arte. Existem inúmeras outras Joanas, claro, a Joana d'Arc, Joanne Harris...tantas, tantas, e maravilha das maravilhas, não são só as Joanas que são especiais, são as Joanas, as Saras, as Mafaldas e Matildes, as Paulas, as Susanas, as Isabeis, as Ritas e Rutes, as Anas e Marianas, as Catarinas e as Marias, as Iolandas, as Mimzelles e as Nias, as Inezes, as Raqueis, as Célias e as Manés, as Menas e Filomenas, as Piedades, as Judites, as Lucilias e Alexandras, as Beatrizes e Auroras, as Aureas, as Helenas e Leonores, as Cristinas e Carolinas… todas, com tantos nomes diferentes de A a Z, mas iguais na amizade e solidariedade. Sempre, e ainda mais quando é mesmo preciso, unidas nessa amizade.

Porque na amizade a tradição ainda é,e será, o que era.


Para (…) uma amizade, tem de haver dois sentimentos (…): a paciência e a fidelidade. A paciência é como um tijolo, a fidelidade é como uma raiz. (…) Se as associo a uma imagem física, penso em pequeninos tijolos ou em raízes. Com os tijolos constrói-se, graças às raízes, cresce-se.”

Susanna Tamaro, in Querida Mathilda, Ed. Presença.


P.S.
Fiz uma pesquisa só para me sentir uma verdadeira Dori do Nemo, as versões que recordo das lengalengas não as encontro!
Por isso, deixo aqui a versão que recordo (além da do mal-me-quer e da prova dos nove que adivinha) do pico pico, onde se vão beliscando e escondendo os dedos, uma espécie de um dó-li-tá, cara de amendoá, quem está livre, livre está:


“Pico pico Sarapico, quem te deu esse bico?
Foi o filho do Luís que está preso pelo nariz.*
Salta pulga na balança, dá um pulo, vai até França,
Os cavalos a correr e as meninas a aprender.
Qual será a mais bonita que se vai esconder?

(altura para se esconder um dedo)

Sarapico, pico pico, quem te deu esse bico?
*Nas vezes seguintes substituir por:
Foi a vaca chocalheira que anda por trás da ribeira.
Pico pico, sarapico, quem te deu esse bico?
Foi a velha da botelha a piscar a sobranceira.


Tenho a ideia de que ainda havia outra que rimava com sardinha e rainha…?

P.S.#2

Por falar em coisas antigas, a imagem do início deste post, é uma fotografia parcial do tapete que me propus fazer, mais ou menos em 2019 ou 2020, num dos desafios dos 100 dias. Com base numa obra do pintor, ilustrador e autor de banda desenhada, Vítor Peon, está agora finalizado ( levei muito mais do que 100 dias para o terminar, para aí os desafios todos, até o de 2022 que está a decorrer) e seguiu para atapetar outros ninhos, de outra geração, onde se une o melhor da tradição com a inovação.

Por mim, penso que é um exemplo do ditado "leva um grão de areia todos os dias para o mesmo sítio e em breve terás uma montanha."

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13
Out22

As sete vidas do gato e de Saramago...


Cotovia@mafalda.carmona

Ou como todos podemos ter 7 vidas com passado, presente e futuro... 

  • Desta vez o Génio (o tal que é uma figura imaginária da Cotovia) diz: "-Estou no passado, sei o que foi mas não o que será. Não precisas de mim, encontra a tua vida, vive, aprende com ela no presente antes de se tornar passado, é só o que tens para o futuro." completa o génio já na porta de saída.

Ou, ainda, como diria a professora de ioga da autora do romance "As flores perdidas de Alice Hart", e que este mês publicou o romance "The 7 Skins of Esther Wilding", a australiana Holly Ringland:

"É uma prática." Adrienne, a minha professora de ioga, explica:

"encontra aquilo que te faz sentir bem, procura as coisas que trazem conforto, como quando eramos crianças."

Podem seguir este link para ler o primeiro capítulo em inglês, única versão por agora, deste novo romance de Ringland.

Também este mês de outubro, foi publicada a biografia "As 7 vidas de Saramago", da editora Companhia das Letras, do ensaista Miguel Real e da encenadora Filomena Oliveira.

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"It's a practice". Adrienne, my internet yoga teacher, has taught me: "find what feels good. Seek out the things that brings us confort, like when we were kids". Holly Ringland

Portanto esta questão das 7 vidas, e da ideia de transformação a ela associada, parece fazer parte do imaginário de autores e também do chamado "imaginário comum" e reflete a realidade de todos termos diferentes fases, ou vidas, no tempo de duração da nossa, única, vida.

Porque todos somos únicos. E todos temos vidas partilhadas. Dentro delas mesmas e com as vidas de quem nos cerca e, numa escala mais alargada, com o mundo.

No passado ano de 2018 comecei este sítio da Cotovia e Companhia.

Não é nem uma atividade única, nem sou a única "Cotovia" a fazer este voo. Haverá tantas, que todas juntas fazem uma enorme nuvem em movimento, ou são elas mesmas um movimento. Mas a forma como cada uma se apresenta está relacionada apenas com a perspetiva pessoal, e, essa é, única.

De 2018, chegamos a 2022 e há, ainda, nas minhas Pessoas, algumas que só recentemente repararam que a "Pessoa" Cotovia existia (tivemos todos a medalha de ouro ex aequo na prova de atribuição da distração, e registamos a informação um bocado tarde e más horas) e resolveram questionar-me sobre o porquê de iniciar um Blog, a que chamam "essa tua coisa onde escreves", e a utilidade de dedicar tempo e investimento para fazer este caminho de entre outros, em teoria, ao meu dispor.


O post de hoje é para fazer esse esclarecimento:


Na primeira publicação, ou post, alinhavei os motivos, objetivos e porquês, achei eu, que, quando as pessoas aterrassem aqui, seriam claros. Afinal parece que não. Mas os objetivos são os mesmos desse post. No entanto algo mudou. Porque algo sempre muda. O tempo é agora outro, não parece muito distante, mas com efeito é distante o suficiente para me permitir, além de esclarecer as minhas Pessoas, fazer um balanço.


Vamos lá.


Este é um espaço meu, continua a se-lo, onde me sinto segura e confortável, onde posso refletir sobre as minhas coisas, sejam os pensamentos, aquilo de que gosto, quero ou sinto.

Para registar essas reflexões na forma de um texto a ser publicado, (mesmo se com falhas na pontuação e com interrupções na narrativa para notas e pensamentos dentro de outros pensamentos, as dificuldades com o A.O., e por vezes os esforços frustrados para não cair no estereotipo, no óbvio, e ir para além dele), tenho de organizar as ideias para as apresentar às 115 Pessoas que me seguem no Facebook e às 12 Pessoas através do Sapo.

Assim que ficam registadas dão-me a oportunidade de lá voltar e ver o meu passado, o presente e sobretudo libertam espaço mental para planear o futuro.

É uma espécie de "arrumar a casa" se pensarmos na casa como o nosso espaço mental.

O modo como me apresento é o mais parecido com o que sou, neste momento, e isso é muito importante para mim porque preciso reconhecer-me no que escrevo, caso contrário não me é útil, não me serve, não é uma "roupa" adequada mas sim um transtorno, e assim, aquilo que aqui fica faz parte de mim.

Resulta do processo de auto-conhecimento como uma ferramenta de construir, hoje, um dia de amanhã que esteja de acordo com o meu futuro eu.


Além disso, como sou única responsável pela escolha dos temas sobre os quais escrevo, posso falar do que quiser, da arte, do tempo, da cozinha, das cidades, das mudanças e permanências, das estações e ir encadeando os assuntos uns nos outros, relacionando e trazendo novos dados de informação de umas áreas para as outras. Isso dá-me a possibilidade de chegar a conclusões diferentes, ideias novas ( ou descobrimentos, o que na prática tem o mesmo efeito) e de as assimilar sem grande esforço.

A capacidade de cumprir objetivos assumidos publicamente, é, também, um incentivo positivo para outras áreas da minha vida.


Portanto a importância e sentido de existência deste sítio é, por um lado, um lugar onde encontro conforto, partilha, tranquilidade, auto-expressão, capacidade, aptidão e uma sensação de liberdade, e, por outro, o propósito de participar na vida das Pessoas que me leem, na esperança de a minha experiência ser de alguma utilidade para elas, e quando chegam ao "Cotovia e Companhia", eventualmente, pensarem:

"E se eu começar um sítio assim?"


Se uma única coisa resultar daqui, que essa coisa seja incentivar o aparecimento de mais blogs onde as Pessoas partilhem as suas experiências de vida, histórias, tradições, sonhos, objetivos, conhecimento, dúvidas, questões e positivismo, para lhes ser útil no seu percurso e benéfico para aqueles que as vão ler e conhecer.

Porque acredito que o humanismo faz parte da vida social e cívica, que só podemos atingir o potencial social pleno, e contribuir de forma positiva para o mundo, através do desenvolvimento do potencial individual.

E este pode ser um meio de auto-expressão fantástico para nos ajudar a encontrar a capacidade dentro de nós de concretizar aquela versão de nós mesmos onde nos sentimos bem, tranquilos dentro da nossa pele. Aquela versão que não faça da nossa vida um capítulo da "Guerra e Paz", que não seja uma luta, mas sim um descobrimento e um desenvolvimento.

Nem mais Pessoa, nem menos Pessoa, nem melhor Pessoa, nem pior Pessoa, mas A Pessoa. A Pessoa que se pode e se quer ser.


E é isto Pessoas.
Se já têm um blog pessoal ou se resolverem fazer um, deixem o link aqui nos comentários para nos conhecermos todos melhor.


Boa 6a feira, bom fim de semana e sejam felizes! 

P.S.

Por estes tempos leio o romance de José Luís Peixoto,  Autobiografia, da editora Quetzal. 

Deixo aqui a definição apresentada pela editora para a escolha do nome:

Quetzal: Ave trepadora da América Central, que morre quando privada da liberdade; raiz e origem de Quetzalcoalt (serpente emplumada com penas de quetzal), divindade dos Toltecas, cuja alma, segundo reza a lenda, teria subido ao céu sob a forma de Estrela da Manhã. 

P.S.#2

Também neste romance, em que Peixoto transforma Saramago em personagem, o prefácio é uma citação do Nobel da Literatura, retirada dos Cadernos de Lanzarote:

Um dia escrevi que tudo é autobiografia, que a vida de cada um de nós a estamos contando em tudo quanto fazemos e dizemos, nos gestos, na maneira como nos sentamos, como andamos e olhamos, como viramos a cabeça ou apanhamos um objeto do chão. Queria eu dizer então que, vivendo rodeados de sinais, nós próprios somos um sistema de sinais. Seja como for, que os leitores se tranquilizem: este Narciso que hoje se contempla na água desfará, amanhã, com sua própria mão, a imagem que o contempla.

 

10
Out22

Andar às aranhas


Cotovia@mafalda.carmona

Ou como há um fio (muito) ténue entre a perseverança e a desistência.


  • Há quem diga ser o mesmo fio (ténue) a separar a loucura da sanidade. Mas, tal como na ladainha para adormecer crianças pequenas, na qual os "elefantes se baloiçavam numa teia de aranha, e, como viam que resistia foram buscar companhia", tenho para mim que o fio a suportar o lado da sanidade, se apresenta contra todas as expectativas, na inesperada resistência de uma palavra amiga, familiar, ou desconhecida, de um passeio à beira mar ou no campo (ou onde quiserem), de uma leitura de um artigo ou de um livro, de uma memória que abre uma porta para um pensamento diferente do de então ou gera uma ideia nova, e nos providencia um suporte e alento determinantes para não desistirmos.


Normalmente este fio, ou fios, veem de contextos e intervenientes que devem a sua aparente inexplicabilidade à chamada "providência".

O universo (ou a natureza) envia-nos estas mensagens de forma mais ou menos constante e dependemos apenas da atenção aos detalhes e coincidências para as recebermos.


É a chamada" intuição", que aliada à experiência permite passar do fio ténue à teia estruturada.

Pelo meio deste processo está o conhecimento de nós mesmos, porque uma coisa é recebermos a mensagem, outra é descodificar e ler essa mensagem para fazer sentido.
Sem o conhecimento de nós mesmos, estamos à deriva, pois não sabemos quem somos nem para onde vamos, quanto mais traduzir a mensagem e nela reconhecer a informação que transporta para a tornar útil à nossa existência.


O pombo até chega, mas a mensagem vem escrita em mandarim, ou os sinais de fumo não nos dizem nada e o código Morse ou Braille são completos desconhecidos irreconhecíveis e imprestáveis para qualquer função senão a de nos baralhar e frustrar.

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wikipedia.Morse


Quando se tem a sorte de se nascer com características vincadas e reconhecidas por todos, incluindo por nós mesmos, como no caso de se ser uma cotovia, um melro, um gafanhoto, ou um pinheiro, esta tarefa fica facilitada. O que somos é evidente para todos e coincidente com a aparência. Agimos e sentimos como os da nossa espécie, sem sequer pensarmos muito sobre o assunto até porque nestes casos, raros na espécie humana onde existe a dificuldade acrescida do "todos iguais mas todos diferentes", livres do constrangimento de se procurar saber quem se é, se passa diretamente para a ação.

É inato.


Noutros casos, este conhecimento não é evidente e, a duras penas, tem de se iniciar, ou continuar, ou terminar, o processo de auto-conhecimento, sob pena de permanecer "patinho feio" para a eternidade, sobretudo aos nossos próprios olhos.


Algumas vezes este auto-conhecimento necessita de isolamento, uma abordagem mais socrática, com cavernas e sombras onde após reflexão descobrimos o sentido da vida, outras, a ajuda de alguém dedicado a estudar o funcionamento do ser, os psicólogos, noutras, talvez o processo seja mais simples, e passe por uma simulação de um encontro imediato com o Génio da lâmpada de Aladin:


E o génio diz:
"-Neste momento, com a experiência que tens, com o que sabes hoje e aprendeste sobre ti, os outros e o mundo, se pudesses escolher o que serias e o que farias, sem constrangimentos, preocupações financeiras, de saúde, ou quaisquer outras, quem serias? O que farias com a tua vida? Como ocuparias o teu tempo? O que te vês a fazer? Pelo que gostarias que os outros te "reconhecessem"? Ou te reconhecesses? Onde viverias e como viverias?"

E as perguntas do Génio são para ser respondidas. Com convicção.


Vamos mesmo mais longe e aproveitemos a oportunidade de o Génio estar ali para ter uma conversa com ele. O Génio pode ser o entrevistador de uma fundação, o headhunter de uma empresa, o formador numa entrevista com questionário aberto, sem resposta múltipla nem auxiliares de memória. Seja quem for o vosso Génio ele pode dar-vos o acesso à vida onde desenvolvem o potencial, onde ganham uma bolsa vitalícia para alcançar os vossos objetivos, ou seja o que for que estava no vosso plano, o Génio vai analisar e deliberar. Assim, mantenham um grau de exigência acima da média, justifiquem, apresentem os vossos pontos fortes e a experiência prévia.

Indicar o porquê da vossa escolha é essencial, e responder à pergunta sacramental de qualquer entrevista "onde se vê daqui a dois anos, 5 anos e 10 anos?" também. E é para registar tudo.


Se forem como os elefantes, e além de resistirem sobre uma teia de aranha, tiverem também uma memória prodigiosa, confiem nela para saberem a todo o instante quais as vossas respostas e visão de futuro. Já se forem como eu, distraídos, o melhor é escreverem ou descreverem essa imagem, fazerem um desenho, uma colagem com recortes, um esquema com setas e sublinhados, o que funcionar melhor para cada uma de vós pessoas.


E é para por isso num sítio bem à vista, podem mesmo afixar num íman no frigorífico, numa parede, ou num espelho e assim além de poderem rever o plano a qualquer instante, por um lado, as vossas pessoas não vão resistir a perguntar o que é, por outro. Podem usar essa curiosidade para revelar o vosso plano. Nessas revelações, o plano pode mostrar alguma incoerência ou partes a serem complementadas, quanto mais vezes o reverem mais coerente fica. A dada altura já nem é preciso relembrar qual o plano, a imagem, a visão que tiveram, o ponto de partida e o de chegada, já incorporaram toda a informação e estão a por o plano em prática num processo contínuo, diário.


Por vezes os fios vão quebrar, verdade, e é natural e previsível isso acontecer.

Mas tendo a imagem geral da estrutura da teia, o plano, é mais fácil identificar o ponto a ser reforçado, refeito, a ligação a ser restabelecida, o ponto de ancoragem sólido, existente ou novo, o local onde construir ou iniciar nova teia.
Quando descoberta esta "imagem" de nós mesmos, e a nossa teia ou estrutura está finalmente completa.

Neste ponto podemos anunciar ao mundo que somos seres "estruturados".

O nosso caminho fica livre e simplificada a tarefa de descodificar as mensagens necessárias para nos aproximarmos o mais possível da visão que desenhámos para nós mesmos.


E resistir. Confiar.

Em primeiro lugar confiar em nós mesmos, e muito importante, com conhecimento, confiar no outro, no universo e na natureza da providência.

 

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{Cotovia} em Colectânea

Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

{Cotovia} em Antologia

Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

{Apoio à Vítima}

A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

{Notícias Sobre a Ucrânia}

A UE condena com a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Apelamos à Rússia para que cesse imediata e incondicionalmente todas as hostilidades, retire o seu pessoal militar e equipamento de todo o território da Ucrânia, no pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. A UE apoia os princípios e objetivos fundamentais da fórmula de paz da Ucrânia enquanto via legítima e credível rumo a uma paz global, justa e duradoura.
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