As Viagens
Cotovia@mafalda.carmona
Do meu contentamento...
- Nesta, que se inicia hoje, estação do meu descontentamento, o Inverno, sou invadida pela nostálgica memória das viagens.
ilustração "Silêncio de Inverno" de @mafalda.carmona
Viajei bastante, por conta das idiossincrasias familiares, só mais tarde compreendidas.
As primeiras viagens foram de barco, um transatlântico, quando ainda existiam para irmos de uns continentes para os outros, imaginam? Depois avião, carro, comboio e autocarro.
Excetuando as viagens de barco (as mais difíceis), as viagens de avião eram uma excitação, sobretudo pelo frenesim nos aeroportos, as manobras dos aviões, o levantar voo aqui e agora, e o aterrar lá longe, numa terra completamente diferente, quase num ápice, o tempo de um sonho.
Depois, nas viagens de automóvel, o ir indo, viajando, o tempo próprio das paisagens que desfilam na janela, tal como nos comboios, mas no carro há uma domesticidade maior, uma familiaridade com as paisagens libertas do bulício das gares e dos aeroportos, aquelas janelas mais pequenas, alimentam uma expectativa pelo espaço aberto e pela novidade, a próxima terra, ceara, pomar, o próximo local de paragem e de partida, as etapas pré-determinadas para um destino programado.
As viagens despertam, também, um sentimento de contrastes, o isolamento de uma madrugada ainda com o sol por nascer e as ruas desertas, quando se parte tentando não fazer muito barulho, e a chegada ao centro de uma cidade no meio da tarde, as filas de trânsito, as principais avenidas, a chegada ao hotel, os cheiros característicos desses espaços.
No viajar está esta sensação de " Poder", para fazer, para ir, estar, ver, sentir, contentar-se.
Se o ponto de chegada é um motivo de excitação, o próprio processo da viagem, é igualmente intenso, onde muitas vezes a impossibilidade de parar, dá lugar a guardar pequenos postais estáticos de pessoas, coisas, situações e paisagens, uma coleção de imagens, um álbum de fotografias imateriais, guardado dentro de nós.
As viagens literárias são, também, assim.
Essas, recolhem todas estas emoções e sentimentos do viajante e através dos autores, dá-se a magia, pois conseguem esta alquimia, a de transformar palavras em imagens, e imagens em palavras tão vividas como aquelas que guardamos e lembramos em ténues recordações. Fazem-no tão bem que nos oferecem uma incrível viagem nas histórias que contam, reais ou ficções, aventuras ou poesias. É a poesia das palavras materializada em textos a gerar imagens reais e sentidas.
E assim na literatura somos viajantes, quem escreve e quem lê, uma viagem partilhada na qual os autores não vivem sem leitores, que não vivem sem autores, são o par Piu-piu e franjola desta antiga história, de um amor, o inventado por Platão, para fazer o nosso contentamento nestes dias de um inverno, estação que atravessa o ano de 2022 para nos entregar o ano de 2023, que agora se inicia.
Estimadas Pessoas:
Chegou o Inverno!
No meu caso, gosto é do Verão,
Mesmo sem passear de prancha na mão,
Pois tenho penas e asas, para meu espanto!
Asas para voar em fingida imaginação,
Nestes dias frios de chuva, vento e desalento.
É em grande desassossego e tormento,
Que desespero pela chegada da Primavera.
Para animar esta quadra há o Natal,
O Advento e a Consoada, a passagem de Ano,
E num instante está à porta o Carnaval!
Como Companhia, esta Cotovia tem as Pessoas,
Os autores, textos em poesias, e literárias aventuras.
Haja saúde, paz, bons ventos, amor e amizade,
Para viver grata e em feliz contentamento.
Na viagem no comboio das estações,
O tempo passa veloz, sempre igual, sempre diferente.
Boa quarta-feira e bom 21 de Dezembro.
Boas Viagens. Feliz Natal, Boas Festas e Bom Ano de 2023, Pessoas!🐦