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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

27
Fev23

"O silêncio...


Cotovia@mafalda.carmona

  • É uma forma de linguagem"..ou "A imaginação é uma forma de memória", ou "O escritor é um artesão que trabalha com palavras", ou, ainda, "A arte não é uma forma de escapar da realidade, mas sim de compreendê-la melhor", são citações do escritor Enrique Vila-Matas.

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Como também de citações trata (parcialmente) a obra deste autor natural de Barcelona, "Esta Bruma Insensata".

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E assim, aqui fica um excerto de uma entrevista onde partilha qual o "segredo" (um de muitos, suponho), para o sucesso literário, que li na última edição da revista espanhola "Telva", coisa difícil de alcançar (não a revista, também existe em versão de bolso, e entre várias coisas tem sempre artigos sobre Pessoas escritoras, coisa sempre agradável, a par das novas tendências primavera-verão, não sei qual das duas a temática mais complexa ou hermética e não de Hermès, a "griffe" francesa número 2) e que reduz as esperanças de sucesso literário a (praticamente) zero a muitas Pessoas aspirantes a escritoras, (je [m']accuse, eu Cotovia, a modos de Dreyfus, e isto de me comparar com figuras históricas é uma coisa para tentar compensar minha diminuta significância, mas ele as palavras são tantas e tão apelativas...), mas ainda assim, pode abrir caminho para uma aprendizagem da difícil arte de "pescar" palavras, e se pelo título se adivinha, mas não se cumpre, o sentido deste post, aqui vos deixo, finalmente, a dita transcrição, e bom início de semana, minhas Pessoas:

"O dia em que conheci o Juan Marsé em Bocaccio, ele disse-me: "?Tu és o "chaval" que quer ser escritor? Pois irás ver que há coisas que escreves, que ainda que gostes muito, terás de as eliminar porque não encaixam na trama. Isso é escrever." Então não entendi o que queria dizer-me, mas depois comprovei que escrever é eliminar o que sobra, e pratico o seu conselho."

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Desta obra ficou a reflexão se será possível escrever um conto, usando, unicamente, citações e, ou, ditados populares, como experiência de escrita. E nesse caso, teria o escritor uma voz própria? Como respondeu em 2017, na entrevista dada ao jornal Diário de Notícias, quando esteve em Portugal para participar no Lisboa e Sintra Film Festival, à questão "O escritor tem uma voz própria?:

*Ria-me da ideia da voz própria a que todos os escritores aspiram. Para quê escrever se não se tem uma voz própria? Voz própria significa um estilo determinado, um mundo que se distingue dos demais, uma visão do mundo definitiva e muito própria. Talvez eu quisesse ridicularizar essa ideia porque ainda não a tinha. Então usei o caso deste ventríloquo que tem apenas a sua própria voz, o que para ele é um inconveniente."

*Enrique Vila-Matas sobre o livro "Una Casa para Siempre", 1988.

P.S.

Neste contexto, pensando no título "Uma Casa para Sempre" e refletindo sobre a citação "A imaginação é uma forma de memória." fui procurar as diferenças entre bruma e o cacimbo ( diverso da cacimba ), eis o que encontrei:

"Em Angola, especialmente em Luanda, a neblina matinal é comummente chamada de "cacimbo". O cacimbo é uma espécie de neblina que ocorre geralmente durante o período da seca, que vai de maio a setembro, e é formado pela combinação do ar frio e seco do deserto do Namibiano com a humidade do Oceano Atlântico. O cacimbo pode causar uma queda na temperatura e afetar a visibilidade nas estradas e ruas da cidade."

P.S.#2

Pergunto, qual seria a integração do elemento cacimbo num conto com voz própria,  escrito por uma Cotovia, neta por parte de pai de uma alfacinha e por parte materna de uma beirã, cujo ninho africano é um retorno impossível e a migração sentida como uma expatriação? Talvez o cacimbo como uma personagem, uma espécie de lâmpada de Aladino, manto de Harry Potter, ou um tapete voador perfumado de cheiro de Terra, elemento protetor e catalizador de novas aprendizagens perante as adversidades.

Quiçá numa próxima escrita, num destes diálogos? E o titulo? Sugestões... apenas cacimbo? Ou...?

P.S.#3

Outra pergunta, qual será o aroma do perfume da marca Hermès, Terre d'Hermès?

26
Fev23

Agora é que é...RAP e...


Cotovia@mafalda.carmona

...o confronto!

  • Nah, ontem afinal não foi um confronto, porque esse está reservado para Hoje! Sim eu sei que na publicação de ontem, um "Diálogo da Cotovia" bastante surreal ao incluir um brunch dialogante entre, por intermédio livro, Agualusa e Bronnie, anunciei um confronto entre estes dois autores, mas revelou-se, apenas, uma troca de ideias.

Portanto, é Hoje o confronto... Entre quem perguntam vós, Pessoas? E vejam se concordam comigo, tive esta epifania enquanto preparava as 3 postas de bacalhau à lagareiro para o almoço de Domingo, que já estavam no congelador desde o Natal, a morarem ao pé da embalagem de castanhas, desde a mesma altura:

Ontem o Ricardo, o Araújo Pereira, também conhecido por RAP,  foi o entrevistado no programa Alta coisa e assim o que dizem os teus papos, perdão estou a parafrasear, dizem os teus olhos. Aí, entre outras coisas muito interessantes ditas pelo RAP,  a uma velocidade da sua mente brilhante e inteligente, (velocidade de rali de fórmula um, não é para todos já sabemos), mesmo ali no finalzinho, depois de confessar vários pecados mortais, como Pessoa cheia deles, como se assume (e nós também já desconfiávamos, incluindo um quanto baste de exibicionismo, a raiar o nível da raposa matreira, coisa que também assume ao mostrar os seus "truques", que se bem com alguma imodesta revelação, são muito úteis aos demais...), na parte do rancor associado a uma benéfica preguiça que o impede de ativamente praticar a vingança, detetei ali uma pontinha dessa mesma iguaria que se serve fria, não fosse eu uma cotovia com um prolapso numa das coisas que para aqui andam no coração, fruto de um pequeno escorpião, mais ou menos domado, mas o "mal reconhece o mal".

Vai daí, ouvi aquilo, que em interpretação muito livre, como costume, foi mais ou menos isto: 

"Ah e assim, andam aí gente (ou assim), que vai falar e diz coisas como - se eu consegui vocês também conseguem!. Só que eu discordo com esta linha, como lhe chamam, motivacional ou assim, porque obviamente que isto não é assim. Eu consigo porque houve uma série de condicionantes, desde o sitio onde nasci..." etc ( só mesmo revendo o programa Pessoas, está lá tudo).

E então, e como tinha estado a falar de vingança, e entretanto o RAP anunciou que Hoje domingo ia haver um especial do "Isto é gozar com quem trabalha", e nesta altura, foi quando percebi que a travessa de alumínio estava furada e tive de limpar a bancada de cozinha e mudar o bacalhau com o azeite, o alho e as batatas para uma travessa de pirex, pensei, tu tem lá cuidado com o que vais deduzir, que ele há gente que tem pactos com o demo e por isso até já o bacalhau está possuído, mas vou dizer na mesma, se é que todas vós Pessoas ainda não adivinharam: a estreia do programa na concorrente, com quem?

E agora que o azeite além de se espalhar pela bancada escorreu pela porta do armário até ao chão, já ando de esfregona na mão, e  penso, como o António Variações, vou alertar, mas entretanto vai de reto satanás, três vezes volta para trás, Cristina Ferreira, ou CF, quem mais?

Assim, neste RAP versus CF, qual vai ser a escolha? E a vossa? Anani ananão, ficas tu e eu não... E, talvez o diabo esteja apenas nesta situação azeiteira, mas pelo sim pelo não, vou mas é fazer de avozinha joaninha voadora, ir até Lisboa, em versão moderna de Lady Bug e seu Gato Noir, levar o lanche aos netinhos, que de resto, como diz o RAP perante a adoração de que é alvo, replica:

"-Isso passa-lhe, deixe estar..."

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25
Fev23

Sou feliz...


Cotovia@mafalda.carmona

...ou chá e torradas... ou o confronto...ou como, não é segredo, existem várias formas de ter talento para a felicidade.

  • Ou ainda como "O Livro dos Camaleões - Contos", do José Eduardo Agualusa, edição da quetzal, e livro residente aqui no ninho da Cotovia, teve uma conversa informal com o livro convidado "Sou Feliz", da Bronnie Ware, num lanche matinal, o chamado brunch, providenciado pelo "Livro do Chá", de Edite Vieira Phillips, da colares editora, acompanhado de uns belos "scones" do livro "Como Fazer (quase) Tudo", com anotações e esclarecimentos da sucedânea do anterior participante, a recém chegada plataforma Open Chat AI, e, moderação da Cotovia, obviamente que não iria faltar a este fantástico "brunch", do dia de Hoje.

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Fomos, portanto, 5 à mesa, nesta tertúlia fantasiosa, e, para como habitualmente, valorizar a vossa participação Pessoas, e sem os inconvenientes de andarem à chuva, apanharem um transporte, neste caso avião, molharem as penas, digo os ossos, apanharem neve até chegarem a este refúgio, podem, confortavelmente, sem sair dos vossos ninhos, incluir os vossos "insights", ali nos comentários, no final do novo Diálogo da Cotovia ( e para não voltar aquela coisa aborrecida dos monólogos, conto convosco, Pessoas), mais ou menos Surreal.

Voltamos a contar com a presença de inúmeros P.S. , retornados ao blogue, de onde, pelos mesmos motivos que a Cotovia tem brancas, ou seja, os stresses da vida, andavam afastados, mas voltaram em força, como uma tendência da nova estação da Primavera, que tarda nada nos vai entrar pelas portas e janelas a dentro, benzadeus, prima das benzodiazepinas, vinda diretamente da providencial "farmácia natural" da Natureza e dos seus ciclos.

E onde é este refúgio?

Ora na montanha Nebesa, em Livek, Kobarid, na Eslovénia.

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País onde as nuvens são diferentes das nossas, asseguro, são dispersas e parecem feitas em 3d, e as Pessoas tem por hábito refugiar-se em construções abrigadas das adversidades da natureza, neste caso um projeto do arquiteto Rok Klanjscek, que arquitetou um ambiente sofisticado, onde conjugou opostos, também ele, esta coisa de equilibrar em vez confrontar deve ser uma característica de quem se dedica à arquitetura, para respeitar a tradição e folclore eslovenos e os últimos progressos tecnológicos.

Isto porque como em todo o lado, e em qualquer tempo, há um participante invisível, discreto mas não risível, o espaço onde estamos, onde vivemos e convivemos.

Nesse quesito um dos residentes é o livro "Cabana - da arquitetura vernácula à contemporânea", de Alejandro Bahamón e Anna Vicens Soler, e a escolha deste "destino" deve-se a uma inflexão nas opções estilísticas da Cotovia, por influência dos cenários de guerra, e da destruição das construções, que me levam a preferir edificações regulares, sólidas, sem desconstrutivismo, que de descontrução quero, finalmente, distância, e de futuro prefiro a segurança, sobretudo se aliada às chamadas "fachadas de vidro" ou "cortinas panorâmicas"( Panoramix haveria de também as apreciar) de onde podemos apreciar as extraordinárias vistas enquanto, confortavelmente, conversamos bebericando uma bebida quente, para o caso chá, mas um café ou leite com chocolate bem quente, também são opções válidas...Não sei, que sugerem, Pessoas? De qualquer forma, neste caso, mi "casa es tu casa" ou seja, "a cabana do Rok es nuestra cabana", pelo menos no tempo em que aqui estiverem.

Podem ver onde se querem sentar aqui.

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Ora bem, entretanto, e por falar de apresentações, já vos tinha apresentado o livro "Sou Feliz", mas brevemente a própria tratou de se apresentar, e segundo as impressões desta autora australiana, também cantora e compositora:

"após anos de insatisfação profissional, resolveu procurar um emprego que tivesse verdadeiramente sentido.(...) a prestação de cuidados paliativos." Conta que a dado momento, "publicou um texto no seu blogue intitulado "Os cinco maiores arrependimentos antes de partir." No primeiro lugar dos arrependimentos, está "Quem me dera ter tido a coragem de levar uma vida verdadeiramente minha, e não aquela que os outros esperam de mim".

E, apesar do livro ter como título " Sou Feliz ", este arrependimento só aparece em 5° (e último) lugar, talvez por ser coisa mais abstrata, do que o 2° arrependimento "Quem me dera não ter trabalhado tanto" , o 3° "Quem me dera ter tido coragem para expressar os meus sentimentos", ou o 4°, "Quem me dera ter mantido o contacto com os meus amigos".

Nesta felicidade, relembra um episódio passado com uma das pacientes do centro de cuidados paliativos, Cath, após a auxiliar nos cuidados diários, a levou na cadeira de rodas para o sol no exterior ( e vou tomar a liberdade e sintetizar o conteúdo, a fazer de conta que tenho uma asa de Stephen King...)

"-Ouça aquele pássaro.

Ficamos sentadas, a ouvir o canto da ave, e sorrimos quando ouvimos a resposta do companheiro, vinda de uma árvore mais afastada.

-Agora, cada dia é uma dádiva, sabe? Já era, mas agora que abrandei o suficiente, é que vejo a enorme quantidade de beleza que cada dia nos oferece.

(...) Contou-me como acabara por ver o poder da gratidão:

-É muito fácil querer sempre mais na vida, o que é correto até certo ponto, visto que faz parte de sonhar e crescer. Mas, como nunca teremos tudo o que queremos, apreciar o que vamos tendo ao longo do caminho é a coisa mais importante."

Nesta altura, o livro do camaleão disse:

"- Construí muitas pontes (...) Amava o meu trabalho. A partir de certa altura, porém, deixei-me conquistar pela arrogância e comecei a construir pontes por vaidade, como um daqueles escritores que escrevem não para ver melhor, mas para serem vistos."

Depois, ou antes, não importa o tempo, acrescentou:

"-Tenho-me exercitado nisso: em acreditar. Não há pior doença do que o ceticismo. Construímos uma ponte ou passamos a nado?

-Dizem que a nado é mais difícil. Eu sei construir pontes.

-Então vamos!

-É a sombra?

-Com tanta luz e tu só vês a sombra?"(...)

"- O tempo vai reiniciar -disse-me.- Daqui a pouco amanhece e será a primeira manhã do mundo. Você pode fazer o que quiser com ela. Somos aquilo que acreditamos ser.(...) Terminou de beber e foi dançar. Segui-a. Era um esforço inglório, como dançar numa pista de patinagem, sem os patins e sem prática de patinar. Felizmente a multidão estava tão concentrada que ninguém conseguia cair.

Achei que podia tirar dali uma lição revolucionária - unidos não cairemos!"

O lanche, ou brunch, foi interrompido por um telefonema da Alexandra Lucas Coelho para dizer:

"Agualusa diverte-se e diverte-nos com o facto de ter talento para a felicidade. E não haverá, na língua portuguesa contemporânea, outro caso tão flagrante e abrangente. Este talento está nos seus livros, escritos para raptar o leitor a primeira vista." Espero que para o caminho da felicidade.

Ou como prosaicamente diriam os ingleses, "onde uns veem água e pão duro, outros veem chá e torradas".

P.S.

As personagens deste texto são ficcionadas. As referências aos livros e citações bem como os seus autores são reais, mas a situação e evento "brunch" descrito neste texto também são produto da imaginação da autora, e este texto não deve ser interpretado como uma representação precisa da realidade. Entendasse, até gostaria que fosse uma realidade, e que a Alexandra Lucas Coelho fará com toda certeza vários telefonemas, mas nenhum deles, realmente, foi para esta Cotovia.

P.S.#2

As torradas feitas de pão do dia anterior, podem ser uma opção mais saudável se barradas com mel. Para um brunch mesmo muito especial, podemos optar pelas fatias douradas, também chamadas de rabanadas.

P.S.#3

Uma outra opção, com mais ou menos o mesmo número de ovos da receita das rabanadas, é fazer um pequeno pão de ló, seguindo a receita do livro do chá (o anteriormente no forno é "cozer durante 20 minutos, retirar da forma 5 minutos após a cozedura, colocar em cima de uma rede e sirva frio):

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P.S.#4

Como Saramago reflexionou no seu texto "Dia7 O outro lado", podemos admitir que as coisas tenham outra aparência quando não estamos a olhar para elas, mais ou menos como a animação "A vida secreta dos nossos bichos", mas na versão "A vida secreta dos nossos livros".

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24
Fev23

Madonna...

As mamitas


Cotovia@mafalda.carmona

  • Ou os padrões e os descobrimentos nas linhas das estatísticas do blogue da Cotovia e Companhia e outros descobrimentos e desaparecimentos perturbadores e inquietantes, vidas suspensas, vidas roubadas, que se refletem em carcaças de prédios e em latas de atum.

Confusas, Pessoas? Vamos por partes.

A vida é uma grande "salganhada", se houver quem consiga, a modos do Bonaparte, o Napoleão, por toda a parte, conseguir compartimentar os eventos e acontecimentos da vida, que maravilha! Essa capacidade não se aventurou a mostrar-se aqui. Por aqui, impera, já que estamos a falar, também, de imperadores, uma espécie de confraria democrática de mosqueteiros, todos (os assuntos, claro) por um e um por todos.

E, estes todos por um e um por todos, seriam mesmo um fator decisivo para evitar as ditaduras, pequenas e grandes, assim se mantivesse a união entre as Pessoas e Nações.

Por ordem de importância:

As carcaças dos prédios. Onde? Na Ucrânia. Quando? Desde há 365 dias... +1, ou mais quantos forem necessários para a Guerra terminar (com a preservação da soberania da Ucrânia enquanto nação livre, europeia e democrática), é uma incógnita, visto que esta invasão, guerra por declarar pela Rússia, na persona (non grata, pelo menos neste canto da Cotovia) do imperador do terror e seus fantoches, além de ser ato de terrorismo, serve apenas a megalomania de um ditador, e portanto é o que temos quando viramos as costas e fechamos os olhos a quem desta forma esventra, viola e assassina a humanidade, impunemente.

Para trás fica o quotidiano dos mortos, entre os destroços nas cidades, nos prédios as divisões à vista com mesas postas e uma refeição de uma família em suspenso, para a eternidade, como testemunho mudo que grita mais alto do que todas as mentiras de Putin.

Esta imagem, transmitida nos noticiários, facilmente confirmada por amigos da Ucrânia, é espelhada também nas primeiras linhas do prólogo de um dos livros, última aquisição aqui do ninho, da autoria da escritora e jornalista, Catarina Reis, "O homem que via no escuro - a Lisboa de Bruno Candé":

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Fundação Francisco Manuel dos Santos, fotografia da capa: Projeto "Pelos Teus Olhos." Autora Catarina Reis, 2023.

"Prólogo: porque falamos de Bruno Candé.

No dia em que morreu, Bruno Candé deixou em cima do balcão da cozinha dois ovos já cozidos, um frasco de feijão frade por abrir e uma lata de atum a escorrer. Estes elementos eram já representação de uma vida em suspenso, uma refeição pronta que nunca aconteceu, (...) Não foram só os ovos, o atum e o feijão: um bairro inteiro ficou em suspenso quando aqueles três tiros arrebataram Bruno numa avenida de Lisboa.(...) Naquele dia de 2020, Evaristo não sabia que estava a matar um pai de três filhos. "Não lhe dei tempo" de falar, afirmou em tribunal.(...) era ele o homem que militava com otimismo, que escolhia dar o benefício da dúvida tanto aos oprimidos como aos opressores. Era o homem que via luz no escuro. "Eu tenho amigos brancos, de todo o lado, e eles não me tratam de forma diferente", advogava. A maneira como morreu soar-lhe-ia talvez a uma história de ficção. Pelo menos, em Portugal".

Enquanto isso, aqui em Portugal e no mundo que não foi invadido e obrigado a fazer a guerra, continuamos com as nossas vidas, a tentar fazer o melhor que podemos com o que temos, e, quando isso não é suficiente, fazer como o António Variações, o nosso "anjo da guarda" português, que seria um Prince ou príncipe, só que não, e desta vez pela voz de Marisa Liz:

"(...) O tratado de paz foi rasgado/ Já começaram a fazer ameaças/ O poder já está descontrolado/ Estão-se a embriagar/ De bombas/ E os dedos já querem apertar / Vou protestar / Denunciar, vou alertar(...)

Já o José Cid padece do mesmo, poderia ser um Sir Elton John, os inúmeros prémios e reconhecimento internacional, são verdades que falam por si.

Por si também falam as curvas das estatísticas do blogue, que não param de surpreender, não pelo número visualizações, mas pelas configurações,  umas vezes remetem para o Brasil, outras para... a inicial M de Madonna, a rainha da Pop e imperatriz da controvérsia ( interna,  tanto quanto mediática).

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Não fosse passatempo da Cotovia observar os padrões, coincidências de formas, no voo dos pássaros e nas nuvens a passar, umas vezes parecem mesmo outras aves lá em cima a voar e logo se desfazem, divagam, transformam noutro bicho ou coisa qualquer... em inspiração com sorte, um descanso sem dúvida, uma pausa se um pisco aparecer a curar o coração com a visita de médico tão breve quanto alegre, a confortar quando a bondade do Mundo continua a resistir.

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Por vezes até a permitir no meio do caos, a leveza suficiente, para descobrir nestas linhas, as das estatísticas, um toque de malícia, sem maldade* e a fazer jus a todas as Madonas, a perder as cores, como escreveu José Luís Peixoto para os Da Weasel, para a música da banda de Almada, "Negócios Estranjeiros":

"Por cá, a sua presença, senhor presidente, é urgente no Intendente. Tem pouca diferença de uma assembleia das Nações Unidas, a sua presença pode ajudar a salvar vidas vindas da Ucrânia, da Roménia ou da Moldávia, de Moçambique, Cabo Verde, Angola, porque o mundo, senhor presidente, não é mais do que uma bola talvez colorida, talvez entre as mãos de uma criança, mas esse mesmo mundo, senhor presidente, perde cor todos os dias (no largo do Intendente).

In álbum de estúdio Amor, Escárnio e Maldizer, 2007.

P.S.

* ou com muita maldade, dos que nada os faz largar a ma... dona do poder.

P.S.#2 

Relembrei a mim mesma, porque suponho a generosidade e bonomia das Pessoas que por aqui passam no blogue, as impediu de fazer a chamada de atenção necessária, este blogue tinha como objetivo, um deles, para além dos que aqui têm sido, até exaustivamente, apontados - mesmo se apontar é feio, mas mais feio é fazer promessas que não se cumprem - cumprir com o acordo ortográfico! Reparem que até eliminei um "hobbie" que substitui por passatempo.

P.S.#3

E não que as consequências deste incumprimento sejam tão graves como o incumprimento do que foi prometido no acordo com a Ucrânia aquando da sua desnuclearização, que quanto a mim, tal como o Bruno que acreditou em segundas oportunidades, foi de uma grande confiança na humanidade, mas que só resultou na própria desgraça, quando os "Evaristos" continuam a fazer o que entendem com uma maioria a fechar os olhos e a pensar: não é nada comigo...chama-se a isto mesmo o quê? Lembro- me que nas aulas de história na parte do estudo das causas para a segunda grande guerra, se apontar ( lá estou eu mais minha asita apontadora, ou mais, anotadora, neste caso) como "conivência", também ela uma palavra muito feia, como podem constatar.

P.S.#4

E perguntam vós Pessoas, as que chegam ao post scriptum número 4, o título para o novo "Diálogo da Cotovia " neste espaço do Sapo.pt. poderia ser "uma grande salganhada"? Poder podia, mas como disse aos seus filhos o autor, diretor, roteirista e ator brasileiro Marcos Vianna Caruso, ( noutra publicação da Cotovia e Companhia, aqui) acerca do bem e do mal, em resposta à questão do "Pai eu posso?": 

"Meu filho, poder você pode tudo... Agora, será que deve?"

 

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{Cotovia} em Colectânea

Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

{Cotovia} em Antologia

Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

{Apoio à Vítima}

A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

{Notícias Sobre a Ucrânia}

A UE condena com a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Apelamos à Rússia para que cesse imediata e incondicionalmente todas as hostilidades, retire o seu pessoal militar e equipamento de todo o território da Ucrânia, no pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. A UE apoia os princípios e objetivos fundamentais da fórmula de paz da Ucrânia enquanto via legítima e credível rumo a uma paz global, justa e duradoura.
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