Arrábida...
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Cotovia@mafalda.carmona
...Para que te quero?...
- ou o que se passa na Serra da Arrábida, avistada desde o topo do Parque Eduardo VII, a emoldurar alguns dos mais significativos eventos da capital, desde festejos de Santo António, à feira do livro e agora até palco papal (ou um dos papapalcos das discordias, este envolvendo além do mais um atentado à propriedade artistica, que tal como a demais legislação é "letra morta"), para a qual o nosso marquês predileto, o de Pombal, olha de frente, provavelmente um último olhar antes de lhe virar as costas, assim como, ao que parece, faz o poder central...
Ou como a descreveu Frei Agostinho da Cruz (e conforme Orlando Ribeiro na obra "A Arrábida -esboço geográfico):
"Alta serra deserta, donde vejo
As agoas do Oceano duma banda,
E doutra já salgadas as do Tejo
Verdes bosques da Serra
Por antre penedias
Por mãos da natureza repartidos.
Ou ainda, como eu não queria nada com a política, mas a política parece que se põe mesmo a jeito para uns "comentariozinhos", ou mesmo um post, portanto aqui fica este post que é mais do que uma opinião, um alerta.
Desde que me mudei para esta região, tenho aproveitado a beleza das paisagens de mar e campo, que foram, a par com o estilo de vida tranquilo, e a familia ter tido em tempos uma casa na Aldeia da Piedade, os motivos que levaram a familia a vir viver para aqui, vinda de outros mares, os da Costa da Caparica.
No entanto, nem tudo é perfeito aqui em Sesimbra.
Recentemente, li um artigo sobre a intenção da empresa Secil de alargar a área das pedreiras na Serra da Arrábida. Se este plano for aprovado, a empresa terá mais reservas próprias de calcário, o que significa menos camiões a circular, menos ruído e menos poluição do ar, poluição essa que se nota cada vez mais, na prática. Porque quanto ao restante, parece apenas teoria, e argumentos que ficam bem no papel.
Porque na prática, factualmente, a ampliação das pedreiras irá afetar a paisagem natural da Serra da Arrábida e irá prejudicar a biodiversidade local, pelo que não consigo deixar de pensar nas questões ecológicas que afetam esta área, bem como em todas onde há exploração da indústria dos inertes, nomeadamente a questão da exploração intensiva, sem reposição de espécies de flora e fauna (o que a partir de um determinado ponto é impossível e utópico, os chamados devaneios) e consequente aumento do número de camiões e transporte intensivo e das consequências para a degradação da paisagem natural, sem falar nas consequências relativas à segurança na circulação de veículos na estrada nacional e os inúmeros acidentes registados com perda de vida humana.
Ainda sobre a notícia, com o título:
"Secil quer alargar área de pedreiras na Arrábida. Associação Zero diz que é “ilegal”.
Segundo a notícia, a empresa Secil pretende ampliar a área em 18,5 hectares para garantir reservas próprias de calcário para a nova linha de produção de cimento. Embora a empresa afirme que o projeto é “mais sustentável do que o atual, com menos impactos na paisagem e no ambiente”, a associação ambientalista Zero, através do presidente Francisco Ferreira, considera que este projeto é "ilegal" e que a legislação do Parque Natural da Arrábida é muito clara ao impedir a expansão da área de pedreiras.
Concordo com a associação ambientalista Zero, e por um lado, preocupa-me a legislação valer zero (e nem sequer existe oposição a isto), por outro, o alheamento da comunicação social para este problema, aparentemente fora da agenda, pois sempre nos apresentam em "pack" as notícias. Ora estamos na semana dos ataques pelos cães, ora estamos em semana dos idosos, e dos lares, e ainda não tivemos a semana da destruição da paisagem e das serras deste país, nem vamos ter, suponho não interesse aos poderes estabelecidos que se refugiam nos benefícios económicos para a população dessas regiões, mesmo quando as melhorias não são significativas e beneficiam apenas alguns, mesmo se ficarem sem as ditas regiões, transformadas em enormes crateras e vilas cobertas de pó, e um número crescente de patologias respiratórias e oncológicas nos pulmões.
Não retiro a importância dessas notícias, nem, claro, a dos assuntos internacionais de importância e gravidade, dos quais já falei noutras publicações da Cotovia e Companhia...
Mas, pelo que parece, e é, a preservação da biodiversidade do nosso país, e do que é descentralizado,(como falar sobre pedreiras) é assunto das notícias mesmo só quando envolve mortes imediatas e se reveste de carácter sensacionalista.
Quanto aos maleficios a médio e longo prazo, parecem não estar na pauta do dia.
Ilegal ou "ilegal" (pois quanto a mim só existe esta enorme ilegalidade) existe uma proposta,(a tal que nunca deveria ter existido), para consulta publica até dia 29 de Março. Até porque até onde avalio, por observação do que se passa e é visível nos transportes, a exploração nas pedreiras de Sesimbra não diminuirá com esta alternativa, pois aqui faz-se também a extração das pedras ciclópicas, que não irá cessar.
(Se quiserem ler a notícia na íntegra, deixo aqui o link)
Por outro lado, esta região é conhecida pela sua beleza natural, desde as paisagens deslumbrantes do mar até às montanhas da serra, e sinto uma grande tristeza em ver o contraste entre esta beleza e a poluição gerada pela exploração dos inertes.
É importante protegermos o nosso ambiente, as nossas terras e vilas, e deixarmos um mundo melhor, mais saudável e equilibrado, para as gerações dos nossos filhos e netos, e, também podem deixar as vossas sugestões nos comentários e partilhar esta informação com os vossos amigos e familiares que tenham conhecimento nesta matéria, ou sugerir algumas das medidas possíveis.
Porque, como disse Antoine de Saint-Exupéry,:
"Nós não herdamos a terra dos nossos antepassados, nós estamos a pedi-la emprestada aos nossos filhos".