passa a lua na janela

{Tanka}

as cigarras cantam  

incessantes clamam notas  

e aquecem o dia

compõem a madrugada  

nas suas noites insomnes

@mafalda.carmona 24.07.2024

Olá Pessoas, hoje partilho convosco mais um Tanka, que apesar de ser uma forma tradicional de poesia japonesa, incluída no Waka, e remontar ao século VII, mantém a sua contemporaneidade.

Historicamente, os Tankas eram usados em eventos sociais e literários chamados "utaawase" (concursos de poesia), onde os participantes compunham e recitavam Tankas, muitas vezes em resposta a um tema específico, um desafio, ou aos versos uns dos outros, o que em Portugal se pode equiparar às "desgarradas". Esses encontros não só celebravam a arte poética, mas também promoviam a interação social e a troca cultural entre os participantes. 

O Tanka, que é composto por 31 sílabas poéticas distribuídas em cinco linhas (5-7-5/7-7), sem rima, captura a essência de momentos efémeros e sentimentos profundos, frequentemente inspirados pela natureza.

Esta forma de poema precede o Haiku, continua a encantar os poetas e os leitores em todo o mundo, e tem um papel importante na cultura nipónica bem como na divulgação de correntes filosóficas como o Wabi-Sabi, equilíbrio entre o perfeito imperfeito, bem como do Ikigai, ou propósito de cada ser.

Espero que o Tanka vos inspire a escrever poesia sobre as coisas simples do quotidiano, encorajando-vos a exercitar a atenção aos pequenos detalhes do mundo que nos rodeia.

Espero que tenham um bom dia de quinta, com muita saúde e inspiração. Viva a poesia, Pessoas!

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