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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

03
Jul23

Coisas...

Obrigada pelo Destaque, Equipa Sapo!


Cotovia@mafalda.carmona

Destaque IMG_20230625_112506.jpg

(1) da Natureza...

  • Ou observações, da Natureza e da vida do quotidiano, é o tema deste postal de hoje, (não sei se dará lugar a alguma poesia...) depois da reflexão relativa a observações sobre a génese dos pinheiros, uma das coisas que ocorre no dia-a-dia desta Cotovia é, de facto, olhar para as árvores.

Irei por partes, começando pelos últimos que tal como o meu querido Professor (aqui) "os últimos (por vezes) são os primeiros", portanto comecemos pelos pinheiros até porque a fotografia que acompanha este postal a eles faz referência, embora tenhamos de olhar com atenção para observar aquilo que me levou a incluir esta reflexão sobre a génese dos pinheiros nesta publicação, que desconhecia por completo, e por isso documentei com uma fotografia do antes (1) e do depois (2). 

Acontece que no quintal por trás do meu há um enorme e frondoso pinheiro manso, onde quer as rolas como outra passarada, fazem ninho e se recolhem ao entardecer. Também tem pinhas que volta e meia caem nos quintais confinantes e que dependendo do pavimento ora fazem um som abafado ora caem com aparato em grande estalo. Assim, algumas pinhas e pinhões acabam por aparecer pelos recantos e, deu-se o caso de as ter posto num dos vasos destinados às frésias, agora já secas e recolhidas para despontarem no próximo ano, entre fevereiro e março, estendo-se a floração até aos meses de abril e maio, conforme o tempo. 

E, nesse vaso, observei a génese de um pequeno pinheiro, aliás dois, mas processo observado foi apenas em relação ao segundo, que me deixou espantadissíma, pois a minha ideia sobre este assunto ficou, literalmente, virada de pernas para o ar. 

Pois então, não é que do pinhão surge um caule, que se desenvolve até alcançar terra, depois está uns dias a fortalecer para de seguida a casca do pinhão ser catapultada para longe e se abrir uma espécie de estrutura em forma de armação de chapéu de chuva, ou sol, que será, um dia, a bela copa do pinheiro?

Não consegui filmar porque, apesar da transformação ter ocorrido mesmo à minha frente, foi um processo demasiado rápido, mas partilho aqui as fotografias que documentam este espectacular momento de descoberta, ou achamento (aqui podem ver a divagação sobre o uso destes dois termos), e vós Pessoas, quem de vós fez uma descoberta neste postal e quem de vós fez um achamento?

Quanto a Poesias continuo a escrever a poesia para submeter ao ICÉ para as "Palavras Solidárias" que decorre até dia 15 de julho, mais informações no site do Instituto Cultural de Évora. Recordo que também podem ser textos poéticos, mas está tudo indicado na chamada publicada pelo ICÉ:

"Neste âmbito, todos os poetas e poetisas estão convidados a escreverem 1 poema ou prosa poética, que tenha como tema a “presente realidade social da Ucrânia”. (link para a página de agenda do ICÉ)

A todas vós Pessoas desejo um bom dia de segunda-feira e uma excelente semana, muita Saúde e desejos de melhoras para quem esteja a recuperar, Saúde!

IMG_20230625_112603.jpg(2)

P.S.

Como fiquei curiosa fui procurar nas internetes se haveria registo deste processo de germinação e encontrei um time lapse, não encontrei muitos exemplos, e este foi o que melhor reflete a observação descrita neste postal:

https://youtu.be/oCN4NbCbwTU

E também uma fotografia que acompanha um pequeno texto sobre este espantoso assunto (na minha opinião, eventualmente tudo isto é super simples, mas fiquei fascinada):

http://autoresdesconhecidos.pt/2014/talento-vencedor/germinacao-invertida/

 

23
Jun23

João, Rosa Amor e Bravo Xuxu


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20230622_235428.jpg

 

(1) João, Rosa Amor e Bravo Xuxu

**

Sendo já Verão, João chega ao quintal,

Logo vê a flor mais suave e delicada,

É ela a Rosa em branco muro debruçada,

Decerto a Princesa desse roseiral.

*

A seu lado o bravo Xuxu em escalada,

Vivem um namoro em verde matagal.

São ramo improvável e nada banal,

De tal forma são vistos desde a calçada.

*

E a gente que passa olha escandalizada,

Diz: "-Tonta o simplório abraça, que lástima..."

Triste o pobre chora uma, perfeita, lágrima.

*

Grata, se refresca a bela apaixonada,

Nas folhas esconde o seu maior temor:

Perder a cabeça por sofrer de amor.

****

Mafalda Carmona

23.06.23 - 00.11hr.

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(2)

  • Bom dia, hoje é véspera de São João e esta semana começou o Verão! E, como Poesia ando a aprender, continuo afanosamente, e sempre que me é possível, a escrever as minhas poesias, como processo contínuo nesta aprendizagem que convosco vou partilhando. 

Assim, sem ser exclusivamente para o São João, mas para todos as Pessoas de nome João e também Mª. João, tenho um novo poema, "João, Rosa Amor e Bravo Xuxu".

Espero que gostem, mas ainda espero mais que tenham uma boa sexta-feira e um excelente fim-de-semana, e para quem está em Almada e Costa-da-Caparica, que já foram locais por onde a Cotovia viveu e foi muito feliz, uma saudação especial, que tenham bons festejos de São João hoje e amanhã!

Este poema "João, Rosa Amor e Bravo Xuxu", no formato de soneto em verso hendecassilábico, é mais um exercício de poesia neste processo que tenho vindo a desenvolver como parte da aprendizagem e é a principal partilha do postal de hoje, mas, porque finalmente tive oportunidade de junto da Biblioteca Municipal de Sesimbra, trazer comigo por empréstimo mais livros que ficarão a residir no ninho até meados do próximo mês de Julho, partilho também quais são os quatro livros da secção de Poesia.

Dois são de autoria de duas poetisas e escritoras que conheço, li algumas poesias da Natália Correia e da Florbela Espanca, na minha juventude, mas nunca imaginando que um dia iria a tentar escrever poesia, mas agora, noutra fase da vida, achei interessante reler, e fica aqui o registo, por ordem alfabética:

• Natália Correia, "Antologia Poética", Ed. D. Quixote, 335pg.(!);

• Florbela Espanca, "Sonetos", Bertrand Editora, 207pg.;

Requisitei também as obras de uma poetisa e um poeta de quem só conheço o nome, mas pouco das suas biografias, e será a uma estreia a leitura das suas obras:

• Ana Luísa Amaral, " O Olhar Diagonal das Coisas", Assírio & Alvim, 1356pg.(!!!);

• Óssip Mandelstam, "Crepúsculo da Liberdade", Assírio & Alvim, 437pg.(!!)

Como podem depreender a notação entre parênteses com pontos de exclamação, é uma referência particular ao número de páginas, de aceitável com um ! até assustador, com três!!!,  classificação reservada para a obra da Ana Luísa Amaral, que tem pelo enorme número de páginas uma gramagem de folha reduzida a folhas muito finas, como as da Bíblia.

Assim, iniciei a leitura pela obra com classificação média de dois !!, que é aceitável de modo a não desmoralizar, e, tenho um excerto da introdução para partilhar convosco, Pessoas!

Boas leituras, boa sexta-feira, e bom fim-de-semana! Bom São João ;)

 

"(...) Óssip Mandelstam ressuscitou para o leitor como seu contemporâneo. Cumpriu-se o que previra o poeta:

 

Num momento crítico o marinheiro lança às águas do mar a garrafa selada com o seu nome e a narração do seu destino. Muitos anos depois, vagueando nas dunas, acho-a na areia, leio o papel [...]. O oceano acudiu com a sua força enorme e fez cumprir o destino da garrafa [...]. A carta é como as poesias, que não são endereçadas a ninguém em especial. Mas ambas têm destinatário: a carta -- quem achar por acaso a garrafa na areia, a poesia -- um leitor qualquer da futura geração."

in "Crepúsculo da Liberdade ", Óssip Mandelstam, Assírio & Alvim, Introdução, pg.8

 

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(1) e (2) Fotografias da Rosa e flor de Xuxu no meu quintal, por Mafalda Carmona.

(3) livros requisitados por empréstimo na Biblioteca Municipal de Sesimbra, fotografia de Mafalda Carmona.

P.S. Volto aqui para acrescentar uma outra partilha (uma nota de humor, com a qual me fartei de rir, nada como rirmos de nós mesmas), pois encontrei uma escrita de minha autoria de quando teria talvez uns 9 ou 10 anos, e como referi neste postal as minhas leituras enquanto jovem resolvi partilhar este "tesourinho".

Trata-se de uma critica literária, pois parece que já nessa altura teria a mania de apreciar as leituras, escrevendo sobre as ditas, digamos de uma forma pouquíssimo generosa, pelo que me espanto e verifico ter feito progressos na minha expressão.

Incluo a fotografia, mas transcrevo os dizeres sem revelar qual o autor ou autora, perceberão porquê.

Escrevi então num cartão todo profissional, como se fosse bibliotecária responsável lá da estante de casa, ele há coisas de que nos esquecemos, provavelmente para nosso bem:

"Livro estudantil e hipócrita. Não tem interesse para se ler duas vezes (uma le-se a custo) 'A Maria tem de comprar dois livros". Frases como está não interessam." Estante: 10/ Prateleira 3.

E estas são as minhas conclusões:

Primeiro, não faço a menor ideia do que queria dizer com este "hipócrita";

Segundo, aparentemente faria parte do meu critério de avaliação de um livro a sua qualidade para ser lido, pelo menos, duas vezes!

Aqui fica a fotografia e os meus renovados votos para um bom dia de sexta-feira, bom fim-de-semana e para amanhã bom dia de São João! Cuidado com os martelitos!

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23
Abr23

Biblioteca

Destaques Sapo Blogs. Obrigada Equipa!


Cotovia@mafalda.carmona

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  • Quem por este cantinho da Cotovia já passou, sabe que por vezes sou de bastante a muito distraída. No dia do aluno publiquei um post do professor, raramente coincido com os assuntos do momento, mas, por acaso dá-se o caso de estar atenta desta vez e saber que hoje, dia 23 de Abril, é o dia do...Livro! Os "nossos" queridos livros.

Portanto vou faltar de livros? Nem por isso, ou até por isso, vou falar da Biblioteca. A "minha" biblioteca, a Municipal de Sesimbra.

Normalmente aqui no blog tendo a escrever sobre assuntos que cumpram dois critérios: 1º) sejam do meu agrado; 2º) possa genuinamente dizer algo de bom ou fazer uma critica positiva.

São estes os objectivos dos post, porque gosto mais de coisas boas do que de coisas más, e também porque serão a minha memória futura, pois sendo distraída e esquecida com os factos gerais, individuais ou do quotidiano, espero que nesse futuro, estes registos sejam um conjunto de memórias às quais seja agradável regressar, como uma espécie de rebuçados cor-de-laranja, tal qual os do enorme jarro de vidro da mercearia onde ia em pequena, e mais tarde no Café Central, no seu invólucro crepitante e transparente, para ir desembrulhando daqui a umas décadas, quando tiver para lá de 100 anos.

Mas, neste caso, se o critério número um se cumpre, pois sou fã de bibliotecas públicas, o critério número dois não se cumpre, porque não tenho uma critica positiva ou favorável a fazer à gestão da Biblioteca Municipal de Sesimbra, nem à divulgação das atividades que nela ocorrem, não por culpa ou responsabilidade da própria, pois sem autonomia, essa responsabilidade passa para a... Câmara Municipal.

Vou, no entanto, e antes de indicar os pontos negativos, referir quais os pontos positivos, e tudo o que de bom, e muito bom, tem a biblioteca municipal:

As pessoas, os funcionários, os bibliotecários, o enorme acervo de livros, de bandas desenhadas, de vídeos, os jornais diários e semanais, as revistas, os recibos electrónicos, a permuta com o pólo da Quinta do Conde com empréstimo inter bibliotecas, as atividades da hora do conto, as exposições temporárias de arte.

Chego aos pontos negativos:

A falta de espaço para os livros, a falta de equipamentos informáticos, desinvestimento em manutenção, ausência de um site próprio para divulgação e transparência das atividades, projetos e grupos relacionados com a ação da biblioteca.

Mas, o elo mais fraco, e portanto o mais grave, é o espaço físico que acolhe a sala de adultos.

Se no site da câmara é referido como " instalações modernas e actividades diversas servem os leitores", na realidade esta secção destinada a adultos, com 320m², está parcialmente interdita, em cerca de 1/5 da área total da sala, por se encontrar coberta por um elemento de vidro que apresenta evidentes sinais de infiltrações, ameaçando ruptura, e durante o inverno baldes para apanhar a água que pinga desta cobertura zenital, são a única presença nessa parte, significativa, do espaço.

A situação descrita mantêm-se desde o ano passado e as obras não tiveram início, nem se prevê quando venham a ter.

Além da grave falta de espaço para os livros, que começam a estar colocados ao alto e em cima uns dos outros, muitos deles não estão na sala mas em armazém, tendo de ser requisitados mediante confirmação da sua existência, enquanto se aguarda a aquisição de mais estantes adequadas, a falta de equipamentos informáticos é outro problema.

Dos computadores iniciais, aquando da inauguração da biblioteca em 2005, (com inicio do projecto em 1997), apenas resistem duas unidades, que datam dessa época e portanto apenas suportam o sistema operativo Linux, por falta de capacidade para as versões atuais de outros sistemas operativos, e ainda assim as páginas consultadas on-line demoram muitos minutos a abrir quando o fazem na sua totalidade.

A possibilidade da Biblioteca para resolver todos estes problemas está dependente de verbas da Câmara, e esta não as orçamenta, ou não tem capacidade para apresentar soluções.

Poderão também ser resolvidos,  parcialmente, através de donativos particulares que têm de ser aprovados pela chefe da biblioteca e encaminhados para aprovação pela câmara, que também não tem acontecido, ou por falta de interesse, ou mais uma vez por falta de divulgação da real condição de degradação do espaço e serviços, por muito boa vontade e empenho que os profissionais que lá trabalham tenham.

Esta centralização esdrúxula dos poderes camarários sobre a biblioteca resultam em vários problemas, o principal deles, desvalorizar o trabalho dos funcionários da biblioteca e a presença dos leitores, desmotiva a procura dos mais jovens deste espaço, ou dos mais carenciados, porque eterniza as situações que por inércia e incúria tomaram proporções gigantescas, e transformaram num enorme elefante a sala de leitura de adultos.

Assim, talvez fosse o caso de este post tomar o nome de "Há um elefante na sala de leitura dos adultos da Biblioteca de Sesimbra"?

Título longo, tão longo quanto o será a história que nos diz quais os problemas e vícios decorrentes da promiscuidade do poder político e da cultura.

P.S.

Ontem, sábado, a equipa do SAPOblogs publicou na secção de OpiniãoSAPO, o post do vizinho "Bombeiro". Quero antes de mais agradecer à equipa do SapoBlogs pela publicação, e por me informarem que o motivo desta escolha foi, justamente: 

"Este tema da vizinhança parece muito importante nos dias que correm".

Assim, se alguma visibilidade for dada ao blog da Cotovia e Companhia decorrente desta publicação no espaço OpiniãoSAPO, fico muitíssimo feliz que seja para destacar o vizinho bombeiro e que esta atenção, se possível, se estenda ao interesse pela situação da "minha" Biblioteca neste post de hoje, ou à preocupação com a "minha" Serra da Arrábida (aqui), do estado da Democracia (aqui) ou da traição aos médicos (aqui), professores (aqui) e na defesa da Liberdade aqui(aqui)

Aproveito para agradecer as visitas e comentários às Pessoas leitoras da Cotovia e Companhia, agradecimentos que abrangem também outras aves, canoras ou mais silenciosas, e até de Aliens, faço muito gosto de vos ter por cá.

Obrigada!

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12
Abr23

O Lama e o macaco espertalhão...

Reedição original Nov2022


Cotovia@mafalda.carmona

  • Ou como a notícia sobre o Dalai Lama torna a reedição deste post do ano passado acerca do livro de Afonso Cruz, oportuna, e assim aqui fica, com uma nota prévia.

Nesta nota tenho a fazer a seguinte consideração pessoal:

Quando o "ir à ópera" do macaco se torna uma "brincadeira', é porque o hábito já se normalizou, e ali, no Tibete, o bicho apesar de não ser um macaco bêbado, afigura-se ser um lama que, não estando na ópera, vestiu a pele de lobo para uma exibição que revela um hábito enraizado, que não aponta para os frutos caídos da árvore da cultura, mas para frutos doutra índole, e esses expulsam qualquer um do paraíso, sobretudo o Dalai Lama.

Quanto ao livro de Afonso Cruz  sobre a viagem à árvore da cultura, tem apenas uma polegada, um dedal, de vino veritas.

Gosto de livros, sobretudo de bons livros. Daqueles onde se ganha um bilhete de viagem, e assim que se começa, logo na dedicatória, no prefácio ou nas primeiras linhas, nos fazem divagar, voar em novas considerações, relembrar coisas lidas, escutadas ou vistas, nos dias vividos ou por viver.

Quando aquela história contada faz crescer outras histórias paralelas. Quando faz sonhar. Ou dá vontade de rir, chorar, até cantar, às vezes, outras, zangar, na maioria, sentir. Ler é um enorme antídoto para a insensibilidade, para o torpor. É o acender da esperança.

É assim que acontece com o livro de Afonso Cruz, 'o macaco foi à ópera'.

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O Macaco foi à ópera de Afonso Cruz da Coleção da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Macaco é um termo de origem africana (provavelmente do banto makako).

E neste caso, um bom livro é como um bom vinho. O vinho presente na comunhão em Cristo, presente também no universo social, muitas vezes com moderação, óbvio, apenas a quantidade necessária para nos fazer ser civilizados e manter a humanidade, apesar do obscurantismo das 'sopas de cavalo cansado', em boa hora substituída pela sopa de letras, e pelas escolas.


Na orelha da capa, escuta-se, perdão, le-se (pois a voz do autor é forte e impõe-se na imagem das palavras que o texto nos vai transmitindo), o seguinte:


"No início... houve um macaco espertalhão que desceu da árvore para comer frutos caídos no chão, mais maduros, logo, mais doces, logo, mais fermentados, isto é, com um leve cheirinho a álcool. Outros macacos se lhe seguiram e, com o aumento das calorias consumidas, foi um passo até que lhes crescesse o cérebro, a coluna se endireitasse e as mãos se libertassem. Mais um passo... e estávamos a ir à ópera."

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Seja na ficção, seja na vida real, Afonso Cruz tem muito para nos oferecer, material para refletir, como neste livro da coleção Retratos da Fundação onde examina a teoria designada por "macaco bêbado" como a causa para o homem se ter, justamente:

"erguido sobre duas patas, perdão, pernas se ter tornado bípede sem penas."


Oferece ainda um postal marcador com um nome e duas datas, 17-12-12 AMBER 02-02-13 sem mais indícios, e, se num ímpeto de curiosidade folhearmos o livro, descobriremos na página 69, o último capítulo, o 13° (embora não esteja numerado), intitulado, providencialmente:

"Resumo para quem não tem paciência de ler o que se disse antes."

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Para descobrir a chave deste e outros enigmas sobre a evolução do homem, este livro, está disponível na livraria da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Nele, podemos perceber histórias muito próximas das nossas, por excessos, por hábitos, por desigualdades, por injustiças, por carências:

"A avó dos meus filhos, que nasceu numa aldeia isolada do Alentejo e teve uma paixão proibida e incompreendida pelos livros, tinha de ler às escondidas porque a leitura era uma actividade inútil, não era produtiva, e uma mulher devia dedicar-se aos meritosos descasque de batatas e cosedura de meias"...

Cresci sempre rodeada de livros, tive essa sorte, e quando não os compro, a biblioteca municipal é o meu espaço favorito.


Nunca fui impedida de ler seja o que fosse, nem sequer isso foi uma questão, quer em casa como na escola era um hábito cultivado e considerado um bem-querido. Uma ferramenta para construir o conhecimento, pois quando aprendi a ler já estávamos em Democracia, por isso, sempre houve Liberdade para ler tudo, em todo o lado, no elétrico, no autocarro, metro, comboio (desde que não em hora de maior afluência de passageiros que ai não há lugar para nada nem ninguém...), cafés, na praia, e sobreposta a outras tarefas que é o fantástico da leitura. Não que chegue ao primor dos nossos amigos franceses, que literalmente, leem enquanto andam em plena rua, faça sol ou chuva, em malabarismos de equilibrista entre o chapéu de chuva, a mala, e o livro, normalmente a chamada edição de bolso, pois equilibrismo e magia têm limite. 

Na magia da escrita de Afonso Cruz sobressai a criatividade, que exercita e nos convida a fazer uma reflexão sobre a importância das estruturas narrativas para através delas (re)descobrir o Mundo, num enredo onde este macaco bêbado é personagem divertido ou até espertalhão, mas transversal a diferentes temas contemporâneos que importam ao autor abordar, para,  transmitir uma mensagem, forte, sobre o Mundo atual.


Por todos estes motivos, fiquei impressionada por conhecer este autor, que se assume como humano de 2 patas (perdão duas pernas), tal como esta criatura segunda-autora Cotovia, e em breve espero ter a oportunidade de ler este autor noutros registos  e estilos, o que só será difícil pela proficuidade refletida nos inúmeros títulos por ele escritos.

Natural da Figueira da Foz, premiado pela União Europeia entre outros prémios como o Prémio Fernando Namora, o Prémio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil do Brasil, em mais de 30 livros publicados, traduzidos em mais de 20 idiomas.


Mas o que mais  impressiona nesta leitura, não são os prémios.

É como Afonso Cruz nos apresenta em pouco mais de 70 páginas, o percurso da vida humana, como uma surpreendente Epopeia contemporânea, com as qualidades e vícios inerentes, os acúmulos e reservas, e, o papel central do álcool, seja no vinho ou na cerveja, para a evolução humana, segundo o autor a apresenta.


Uma coisa é certa, ficamos com vontade de ir à ópera! 

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Origens da Ópera

 

 

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{Cotovia} em Colectânea

Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

{Cotovia} em Antologia

Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

{Apoio à Vítima}

A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

{Notícias Sobre a Ucrânia}

A UE condena com a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Apelamos à Rússia para que cesse imediata e incondicionalmente todas as hostilidades, retire o seu pessoal militar e equipamento de todo o território da Ucrânia, no pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. A UE apoia os princípios e objetivos fundamentais da fórmula de paz da Ucrânia enquanto via legítima e credível rumo a uma paz global, justa e duradoura.
Em destaque no SAPO Blogs
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