(1) João, Rosa Amor e Bravo Xuxu
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Sendo já Verão, João chega ao quintal,
Logo vê a flor mais suave e delicada,
É ela a Rosa em branco muro debruçada,
Decerto a Princesa desse roseiral.
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A seu lado o bravo Xuxu em escalada,
Vivem um namoro em verde matagal.
São ramo improvável e nada banal,
De tal forma são vistos desde a calçada.
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E a gente que passa olha escandalizada,
Diz: "-Tonta o simplório abraça, que lástima..."
Triste o pobre chora uma, perfeita, lágrima.
*
Grata, se refresca a bela apaixonada,
Nas folhas esconde o seu maior temor:
Perder a cabeça por sofrer de amor.
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Mafalda Carmona
23.06.23 - 00.11hr.
(2)
- Bom dia, hoje é véspera de São João e esta semana começou o Verão! E, como Poesia ando a aprender, continuo afanosamente, e sempre que me é possível, a escrever as minhas poesias, como processo contínuo nesta aprendizagem que convosco vou partilhando.
Assim, sem ser exclusivamente para o São João, mas para todos as Pessoas de nome João e também Mª. João, tenho um novo poema, "João, Rosa Amor e Bravo Xuxu".
Espero que gostem, mas ainda espero mais que tenham uma boa sexta-feira e um excelente fim-de-semana, e para quem está em Almada e Costa-da-Caparica, que já foram locais por onde a Cotovia viveu e foi muito feliz, uma saudação especial, que tenham bons festejos de São João hoje e amanhã!
Este poema "João, Rosa Amor e Bravo Xuxu", no formato de soneto em verso hendecassilábico, é mais um exercício de poesia neste processo que tenho vindo a desenvolver como parte da aprendizagem e é a principal partilha do postal de hoje, mas, porque finalmente tive oportunidade de junto da Biblioteca Municipal de Sesimbra, trazer comigo por empréstimo mais livros que ficarão a residir no ninho até meados do próximo mês de Julho, partilho também quais são os quatro livros da secção de Poesia.
Dois são de autoria de duas poetisas e escritoras que conheço, li algumas poesias da Natália Correia e da Florbela Espanca, na minha juventude, mas nunca imaginando que um dia iria a tentar escrever poesia, mas agora, noutra fase da vida, achei interessante reler, e fica aqui o registo, por ordem alfabética:
• Natália Correia, "Antologia Poética", Ed. D. Quixote, 335pg.(!);
• Florbela Espanca, "Sonetos", Bertrand Editora, 207pg.;
Requisitei também as obras de uma poetisa e um poeta de quem só conheço o nome, mas pouco das suas biografias, e será a uma estreia a leitura das suas obras:
• Ana Luísa Amaral, " O Olhar Diagonal das Coisas", Assírio & Alvim, 1356pg.(!!!);
• Óssip Mandelstam, "Crepúsculo da Liberdade", Assírio & Alvim, 437pg.(!!)
Como podem depreender a notação entre parênteses com pontos de exclamação, é uma referência particular ao número de páginas, de aceitável com um ! até assustador, com três!!!, classificação reservada para a obra da Ana Luísa Amaral, que tem pelo enorme número de páginas uma gramagem de folha reduzida a folhas muito finas, como as da Bíblia.
Assim, iniciei a leitura pela obra com classificação média de dois !!, que é aceitável de modo a não desmoralizar, e, tenho um excerto da introdução para partilhar convosco, Pessoas!
Boas leituras, boa sexta-feira, e bom fim-de-semana! Bom São João ;)
"(...) Óssip Mandelstam ressuscitou para o leitor como seu contemporâneo. Cumpriu-se o que previra o poeta:
Num momento crítico o marinheiro lança às águas do mar a garrafa selada com o seu nome e a narração do seu destino. Muitos anos depois, vagueando nas dunas, acho-a na areia, leio o papel [...]. O oceano acudiu com a sua força enorme e fez cumprir o destino da garrafa [...]. A carta é como as poesias, que não são endereçadas a ninguém em especial. Mas ambas têm destinatário: a carta -- quem achar por acaso a garrafa na areia, a poesia -- um leitor qualquer da futura geração."
in "Crepúsculo da Liberdade ", Óssip Mandelstam, Assírio & Alvim, Introdução, pg.8
(1) e (2) Fotografias da Rosa e flor de Xuxu no meu quintal, por Mafalda Carmona.
(3) livros requisitados por empréstimo na Biblioteca Municipal de Sesimbra, fotografia de Mafalda Carmona.
P.S. Volto aqui para acrescentar uma outra partilha (uma nota de humor, com a qual me fartei de rir, nada como rirmos de nós mesmas), pois encontrei uma escrita de minha autoria de quando teria talvez uns 9 ou 10 anos, e como referi neste postal as minhas leituras enquanto jovem resolvi partilhar este "tesourinho".
Trata-se de uma critica literária, pois parece que já nessa altura teria a mania de apreciar as leituras, escrevendo sobre as ditas, digamos de uma forma pouquíssimo generosa, pelo que me espanto e verifico ter feito progressos na minha expressão.
Incluo a fotografia, mas transcrevo os dizeres sem revelar qual o autor ou autora, perceberão porquê.
Escrevi então num cartão todo profissional, como se fosse bibliotecária responsável lá da estante de casa, ele há coisas de que nos esquecemos, provavelmente para nosso bem:
"Livro estudantil e hipócrita. Não tem interesse para se ler duas vezes (uma le-se a custo) 'A Maria tem de comprar dois livros". Frases como está não interessam." Estante: 10/ Prateleira 3.
E estas são as minhas conclusões:
Primeiro, não faço a menor ideia do que queria dizer com este "hipócrita";
Segundo, aparentemente faria parte do meu critério de avaliação de um livro a sua qualidade para ser lido, pelo menos, duas vezes!
Aqui fica a fotografia e os meus renovados votos para um bom dia de sexta-feira, bom fim-de-semana e para amanhã bom dia de São João! Cuidado com os martelitos!