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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

16
Mar23

Memória

Homenagem aos que partiram


Cotovia@mafalda.carmona

Homenagem aos que partiram

  • Olá bom dia! Este post de Hoje é o resultado da leitura das várias publicações dos blogs do Sapo de que sou seguidora, com referência, pelo título, ao da Maria Soares, "Narrativas", nomeadamente, "Memórias", e das conversas, troca de ideias, comentários, sugestões e feedback dos leitores Amigos e seguidores do meu blog Cotovia e Companhia. (nota: em outubro 2023: o blog referido deixou de estar disponível por a sua autora o ter tornado privado).


Com este texto, e em meu nome, Mafalda Carmona (Cotovia) desejo partilhar partes da minha vida, e de quem sou, com honestidade, sem deixar de reconhecer que nem sempre foram momentos fáceis. Ao fazer isso, espero que estas experiências possam de alguma forma contribuir para o bem-estar e alegria de outras Pessoas. O único objetivo é ser parte desta comunidade do Sapo Blogs, que tão bem me acolhe, em que as pessoas se ajudam mutuamente, sem procurarem destaque ou superioridade.

 

Sempre ouvi dizer que "As pessoas felizes não tem história." Embora compreendendo o sentido da frase, permiti-me, insistente, acrescentar uma observação: "Quem também não tem história é quem não tem memória."

Ao longo do tempo, por opção, tentei, e falhei nessa tentativa, não ter história pela vontade maior de ser feliz. Nessa troca, ou pacto, o anonimato é um alívio, ser apenas mais uma na multidão, uma paixão frustrada, porque, vida cruel, não se faz só, mas acompanhada, e nem sempre pela felicidade.

Na fase dois, a estratégia foi apelar para a entrada em cena da memória, ou falta dela, para alcançar essa felicidade: esquecer, obliterar, compartimentar. No rescaldo, verifico a quantidade de momentos felizes, agarrados por um cordão umbilical, que se esvaem no não lugar da não memória, um agonizante "fade in" na densa neblina de éter do indesejado.

A fase três, foi dedicada a recuperar a memória, dos outros, dos lugares, idades, cheiros, aventuras e desventuras. Perceber e receber a alegria, a tranquilidade, o benefício da saúde.

Reconhecer que não se é feliz o tempo todo. Há momentos de tristeza, que tal como a felicidade e a alegria, são independentes da vontade, estão no reino da emoção, do sentir. E, quando estão, quando aparecem, é para aceitar, sem nada excluir. Com razão e sentir, viver.

Viver na dança eterna entre a lógica e a emoção.

Assim, em 3 passos, um ana-ni ana-não, ficas tu e eu não, entre a memória e a aceitação, no caminho da felicidade, cheguei a uma placa que diz:


"Felicidade é S.A.R.A.R. - Saudar, aceitar, respirar, avançar, repetir."

Como canto, poisa uma Cotovia a dar as boas vindas a um novo dia. Cumpridora, levanta voo logo que lhe tocam os primeiros raios aurores, vertiginosa sobe até ser apenas um ponto nos pontos das fases da vida.

Com encanto, pares de olhos de pestanas compridas, das crianças de antes e de agora, em comum os corações ternurentos e ávidos de sentir, despreocupadas, brincam sobre um Sol que nasce para a ventura da Liberdade.

Fecho os olhos e sinto o conforto da resistência, no registo das memórias futuras presentes nestes momentos felizes, para que não escapem, novamente, instáveis fios de seda finos e escorregadios. Agarro-as, queridas pedras fixas, umas redondas, outras meio partidas, para as por nas prateleiras de vidro, guardo-as no grande armário das Felicidades, sem chaves para fechar portas nem janelas, ficam à mão de semear, para quem interessar.

 

Beijinhos e abraços de asas a todas vós Pessoas, espero que gostem! Agora vou ali à Biblioteca Municipal dar boleia a mais 5 amigos de asas, para residirem aqui no ninho na próxima quinzena. Amanhã apresento-os!
Boa quinta-feira a todos, dia feliz!

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Serra da Estrela fotografia de Mafalda Carmona 

06
Mar23

Chuva...


Cotovia@mafalda.carmona

  • ...para que te quero?...ou como encontrar o lado B dos dias cinzentos de inverno, ou como encontrar a felicidade, mesmo nos dias de chuva, ou como é passar uma segunda-feira na pele, e penas, de uma Cotovia, ou como:

"A vida não é sobre esperar que a tempestade passe, é sobre aprende a dançar à chuva" 

Vivian Green

Parece difícil aprender a dançar à chuva, por muito tentadora, e hollywoodesca que a proposta possa parecer, assim como manter a positividade ( não sei se existe tal palavra, mas continuamos sendo criativas, mesmo com chuva... e mesmo quando a dislexia causada pelo stress destes dias me faz trocar os "f" por "v" e os "ch" por "j", não percebo a origem disto... mas é perturbante de repente palavras amigas se transmutarem em coisas sem nexo...) quando, como disse o escritor José Luís Peixoto:

"A chuva cai como um idiota, não pensa nas flores que estraga." 

É verdade, tal com a chuva eu mesma me sito uma idiota, por estar a reclamar com um dia conzentão de inverno, quando há tantas outras coisas mais graves a acontecer, e quando sei que de muitas formas, a chuva é necessária.

Se é verdade que as flores precisam de chuva para crescer, também é verdade que eu aprecio as citações, talvez por comodidade, talvez por reconhecer o trabalho que outros antes de mim, ou contemporaneamente, tiveram, e têm, a trabalheira de pensar para abrir caminhos "para além do cabo de Taprobana" nos mares do pensamento.

E, dando voz a Vivienne Westwood, e até o Pessoa e criou homónimos para conversar:

"Eu acredito que o único modo de mudar o mundo é ser feliz".

E, já que falei em Pessoa, talvez o melhor seja seguir o conselho de Fernandito:

"Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes."

Portanto, vou manter-me fiel a mim mesma e contar como tudo aconteceu neste dia de hoje da Cotovia:

Acordei com chuva lá fora e isso fez despertar o urso pardo mal disposto que vive sempre na esperança de ter um momento de destaque no dia da Cotovia, mesmo se pela negativa. Mas depois de uns minutinhos de auto-piedade, exatamente 10, entre o momento em que o despertador toca e aquilo de empurrar o ecrã para cima e "adiar o despertador por 10 minutos", lá me lembrei de que sou uma Cotovia, e afastei a tentação de continuar a brincar aos ursos hibernados, e lembrei da frase de Henry Ford, que aliás é semelhante às indicações sobre os percursos para chegar a qualquer lado, dadas por uma das minhas Pessoas muito amigas, pois para ela, ir pela esquerda, pela direita ou em frente vai dar tudo no mesmo e é um bocado confuso mas lá nos vamos orientando:

" Se achas que podes ou achas que não podes, então estás certa."

E neste ponto do post, em que a ameaça de escrever qualquer coisa apenas com citações, está muitíssimo próxima de se tornar uma realidade, com o apoio inequívoco ( não que lhes tenha sido perguntado e suponho que sabendo da sua inclusão a teriam negado) dos seus múltiplos autores, a corroborarem o estado de (des)animo da Cotovia, por causa deste dia chuvoso.

Assim como assim, decidi encontrar um meio de aproveitar este tempo da melhor maneira possível, cumprir com o meu papel de Cotovia neste mundo, e mesmo sendo difícil encontrar o lado positivo num dia de chuva destes.

Para isso tive de, em primeiro lugar, aceitar que a vida de uma Cotovia é feita de dias bons e maus ( vá, menos bons...), de vencer a tentação de ficar no ninho quentinho, deixar-me levar pela preguiça e adiar todas as tarefas e trabalho.

Depois, pensei em formas simples de melhorar o meu dia, concentrar-me em pequenas ações que me tragam alegria e bem estar, e obrigar-me a cumprir os meus propósitos de melhorar um pouco a cada dia, de acordo com a filosofia japonesa kaizen (podem ver aqui o post da Cotovia onde falei sobre o grito de Ipiranga, digo, de kaizen em outubro de 2020).

Pensei (e passei isso para a prática, claro) em ouvir umas músicas que gosto de ouvir nos dias de chuva:

"P'ra Frente é que é Lisboa" d'os Quatro e Meia, "Here Comes the Sun" dos Beatles e "Happy" de Pharrell Williams.

Ou rever um programa de rádio preferido, ou mesmo fazer uma vídeo chamada para uma pessoa amiga, acrescentar uma pitada de humor, uma piada, uma brincadeira amistosa, pensar numa poesia para escrever, deixar a mente voar e sonhar com o que desejo realizar (ou mesmo que não deseje assim tanto, não vale a pena adoar, tenho mesmo de fazer, impreterivelmente),  ler um livro nos transportes (se houver lugar para sentar... por exemplo "O Poder do Agora", de Eckhart Tolle, mas para facilitar deixo aqui o link para o resumo animado deste livro no youtube com cerca de 8 minutos).

Coisa mais difícil de fazer é lembrar-me de que a chuva é uma dádiva da natureza, que traz a vida para a terra e enche os rios, lagos e barragens, necessária portanto, para a natureza e para o mundo se renovar e transformar, assim como posso renovar a esperança no futuro  e, tentar, abraçar a parte bela da chuva (toda a coisa tem o seu lado bom), reconectar-me com a natureza e ficar tranquila com isso, dizendo, está tudo bem, vai passar, o sol está lá atrás das nuvens, sem problema.

Por falar em abraços, na segunda-feira, dia em que é ainda mais difícil encontrar o ânimo para enfrentar a semana, porque muito foi empurrado de sexta-feira para a segunda e agora as opções continuam em cima da mesa, e as decisões duras que temos de tomar estão impacientes a bater o pé, mas ainda assim, podemos tentar reagir e mudar as circunstâncias adversas, com coisas simples, como dar ou receber o tal abraço, apertado, sentido porque esse abraço pode, mesmo, fazer toda a diferença no nosso dia.

Mais importante, concluí que não podendo ficar enrolada nas mantas nem ser urso, não posso comportar-me como tal, e descarregar nos outros as minhas frustrações, que as Pessoas tem os seus próprios ursos (hibernados, espero eu) para gerir, e mesmo assim são gentis e solidárias mostrando gratidão a quem as rodeia e fazem a diferença nas suas vidas, e nas nossas, na maioria dos dias, incluindo os dias de chuva.

Aliás, é mesmo nestes dias de chuva que é tão importante agirmos com correção e gentileza, seja no trabalho, seja quando estamos do lado de dentro, ou de fora, de um balcão de atendimento ao público, seja sendo pacientes com uma Pessoa da familia ou mostrando apoio a alguma das nossas Pessoas se doentes.

Pensando nestas Pessoas, desejo a todos os leitores e seguidores deste blog, saúde e melhoras, e a todos os que estejam a passar por um momento difícil, que encontrem conforto e esperança no amor e na solidariedade de amigos e familiares, e também, tão ou mais fundamental, na bondade de desconhecidos, na ajuda providencial vinda de onde menos a esperávamos, para que possamos cuidar da nossa saúde e mantermo-nos positivos e esperançosos quando vivemos momentos difíceis, que muitos de nós enfrentam quer nas vidas pessoais como profissionais.

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Até porque, às vezes, as coisas não correm do modo que queremos e a superação dos problemas pode parecer impossível.

Por isso é tão importante a partilha de experiências, como forma de encorajamento para quando precisamos de um pouco de conforto e inspiração para enfrentar o dia a dia, e desenhar a vida o melhor que conseguirmos, sobretudo naqueles dias em que nada parece correr bem.

Nestes dias pode ser fácil ficarmos presas em pensamentos negativos, Pessoas, mas pensem comigo: se há livros inspiradores e motivacionais que além de prometerem encontrar a felicidade nas pequenas coisas, se apresentam com títulos como "A Subtil Arte de Ligar o F*da-se" de Mark Manson ou "Liberdade, Felicidade & F*da-se!" de Mirian Goldberg ( aqui o link para apresentação deste livro, 17 páginas incluindo capa e contra capa em .pdf), porque não seguir essa tendência?

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"Cada um dos 17 capítulos do livro começa com uma pergunta, apresenta uma discussão e termina com um espaço para o
leitor anotar as suas ideias e reflexões."

Mas, se considerarem que não querem dar vazão a uma leitura onde os autores utilizam o calão, e estão no vosso direito, claro que existem outras sugestões de leitura como "A Arte da Felicidade" do Dalai Lama e Howard C. Cutler.

Deixo-vos, a todas vós Pessoas, ainda este poema de Mario Benedetti, que dedico também, especialmente, no dia de Hoje às minhas filhas:

"Não te rendas, ainda estás a tempo/ De alcançar e começar de novo/ Aceitar as tuas sombras/ Enterrar os teus medos/ Libertar o lastro/ Retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,/Continuar a viagem,/ Perseguir os teus sonhos,/ Destravar o tempo,/ Correr os escombros,/ E destapar o céu.

Não te rendas, por favor não cedas,/ Mesmo que o frio queime,/ Mesmo que o medo morda,/ Mesmo que o sol se esconda,/ E se cale o vento,/ Ainda há fogo na tua alma/ Ainda há vida nos teus sonhos.

Porque a vida é tua e teu é também o desejo/ Porque o quiseste e porque eu te amo/ porque existe o vinho e o amor, é certo./ Porque não existem feridas que o tempo não cure./ Abrir as portas,/ Tirar os ferrolhos, abandonar as muralhas que te protegeram,/ Viver a vida e aceitar o desafio,/ Recuperar a luz é voltar a ousar,/ Mover o barco,/ Atrever-se a navegar.

Não te rendas, por favor não cedas,/ Mesmo que o frio queime,/ Mesmo que o medo morda,/ Mesmo que o sol se esconda,/ E se cale o vento,/ Ainda há fogo na tua alma/ Ainda há vida nos teus sonhos.

Porque cada dia é um novo começo./ porque esta é a hora e o melhor momento./ Porque não estás só, porque eu te amo."

Para cúmulo, a FFMS enviou o seu e-mail aos subscritores do site da Fundação Francisco Manuel dos Santos, e, adivinhem qual era o título?

"Felicidade, Não É Assim Tão Simples".

Nesta entrevista as perguntas giram em torno da felicidade: O que é a felicidade? Pode ser estudada? Existem passos que todos possamos seguir para nos tornarmos felizes? Para responder a estas questões, Pedro Pinto entrevista Laurie Santos neste episódio da série «Isto Não É Assim Tão Simples», estreia dia 8 de Março, para saber mais vejam aqui.  

P.S.

E não é que de repente, ao bater do meio dia e meia, tive uma súbita inspiração e encontrei uma forma de tornar o dia de chuva mais agradável para todos no meu ninho?! Preparei uma caldeirada de maruca e pescada, simples, rápida (pelas 13 já estava pronto) e económica, com um pouco de azeite, alho e ingredientes frescos, que dá para 2 Pessoas e uma Cotovia.

Esta refeição simples também se destina a ajudar a melhorar a minha saúde. O meu médico de família recomendou que aumentasse o consumo de peixe e sopas para melhorar o meu colesterol (o bom, e diminuir o mau, que aquilo tem valores que se fossem as leituras aqui do blog era caso para figurar nos post mais lidos do Sapo todos os dias do mês, com sol ou com chuva!). E peço desculpa pela minha obsessão com refeições, mas manter uma dieta saudável para corresponder às indicações do meu médico, tem sido uma preocupação real e espero que a minha caldeirada seja uma boa opção para o almoço de hoje, além de poder usar as sobras para fazer uma sopa de peixe para o jantar, acrescentando uns mexilhões congelados.

Fotografei a minha caldeirada para partilhar convosco, Pessoas, e para me recordar que um dia de chuva não tem de ser um dia triste, e que talvez seja possível ncontrar uma forma simples de o tornar mais agradável e fazer toda a diferença nessa semama.

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P.S.#2

Sabemos bem que os caminhos que nos levam à felicidade são desconhecidos e o destino é incerto, por isso é aproveitar o caminho, com aceitação e gratidão pelo que temos na nossa vida, valorizar o que temos e quem temos do nosso lado, mesmo com as incertezas da vida.

Para finalizar (desta é que é), uma citação de Vivienne Westwood, que acredito ser muito pertinente para o tema de hoje, e que sinceramente poderiam vir do código de vivência transmitido pela minha parte paterna:

"Não compres coisas desnecessárias com dinheiro que não tens, para impressionares pessoas de quem não gostas. Vive simplesmente, para que outros possam simplesmente, viver."

Espero que estas sugestões sejam úteis e ajudem a enfrentar esta segunda-feira chuvosa, porque a vida é curta demais para não se aproveitar todos os momentos, mesmo os mais cinzentos!

Um abraço apertado da Cotovia para vós Pessoas, boa semana e até ao próximo post!

25
Fev23

Sou feliz...


Cotovia@mafalda.carmona

...ou chá e torradas... ou o confronto...ou como, não é segredo, existem várias formas de ter talento para a felicidade.

  • Ou ainda como "O Livro dos Camaleões - Contos", do José Eduardo Agualusa, edição da quetzal, e livro residente aqui no ninho da Cotovia, teve uma conversa informal com o livro convidado "Sou Feliz", da Bronnie Ware, num lanche matinal, o chamado brunch, providenciado pelo "Livro do Chá", de Edite Vieira Phillips, da colares editora, acompanhado de uns belos "scones" do livro "Como Fazer (quase) Tudo", com anotações e esclarecimentos da sucedânea do anterior participante, a recém chegada plataforma Open Chat AI, e, moderação da Cotovia, obviamente que não iria faltar a este fantástico "brunch", do dia de Hoje.

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Fomos, portanto, 5 à mesa, nesta tertúlia fantasiosa, e, para como habitualmente, valorizar a vossa participação Pessoas, e sem os inconvenientes de andarem à chuva, apanharem um transporte, neste caso avião, molharem as penas, digo os ossos, apanharem neve até chegarem a este refúgio, podem, confortavelmente, sem sair dos vossos ninhos, incluir os vossos "insights", ali nos comentários, no final do novo Diálogo da Cotovia ( e para não voltar aquela coisa aborrecida dos monólogos, conto convosco, Pessoas), mais ou menos Surreal.

Voltamos a contar com a presença de inúmeros P.S. , retornados ao blogue, de onde, pelos mesmos motivos que a Cotovia tem brancas, ou seja, os stresses da vida, andavam afastados, mas voltaram em força, como uma tendência da nova estação da Primavera, que tarda nada nos vai entrar pelas portas e janelas a dentro, benzadeus, prima das benzodiazepinas, vinda diretamente da providencial "farmácia natural" da Natureza e dos seus ciclos.

E onde é este refúgio?

Ora na montanha Nebesa, em Livek, Kobarid, na Eslovénia.

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País onde as nuvens são diferentes das nossas, asseguro, são dispersas e parecem feitas em 3d, e as Pessoas tem por hábito refugiar-se em construções abrigadas das adversidades da natureza, neste caso um projeto do arquiteto Rok Klanjscek, que arquitetou um ambiente sofisticado, onde conjugou opostos, também ele, esta coisa de equilibrar em vez confrontar deve ser uma característica de quem se dedica à arquitetura, para respeitar a tradição e folclore eslovenos e os últimos progressos tecnológicos.

Isto porque como em todo o lado, e em qualquer tempo, há um participante invisível, discreto mas não risível, o espaço onde estamos, onde vivemos e convivemos.

Nesse quesito um dos residentes é o livro "Cabana - da arquitetura vernácula à contemporânea", de Alejandro Bahamón e Anna Vicens Soler, e a escolha deste "destino" deve-se a uma inflexão nas opções estilísticas da Cotovia, por influência dos cenários de guerra, e da destruição das construções, que me levam a preferir edificações regulares, sólidas, sem desconstrutivismo, que de descontrução quero, finalmente, distância, e de futuro prefiro a segurança, sobretudo se aliada às chamadas "fachadas de vidro" ou "cortinas panorâmicas"( Panoramix haveria de também as apreciar) de onde podemos apreciar as extraordinárias vistas enquanto, confortavelmente, conversamos bebericando uma bebida quente, para o caso chá, mas um café ou leite com chocolate bem quente, também são opções válidas...Não sei, que sugerem, Pessoas? De qualquer forma, neste caso, mi "casa es tu casa" ou seja, "a cabana do Rok es nuestra cabana", pelo menos no tempo em que aqui estiverem.

Podem ver onde se querem sentar aqui.

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Ora bem, entretanto, e por falar de apresentações, já vos tinha apresentado o livro "Sou Feliz", mas brevemente a própria tratou de se apresentar, e segundo as impressões desta autora australiana, também cantora e compositora:

"após anos de insatisfação profissional, resolveu procurar um emprego que tivesse verdadeiramente sentido.(...) a prestação de cuidados paliativos." Conta que a dado momento, "publicou um texto no seu blogue intitulado "Os cinco maiores arrependimentos antes de partir." No primeiro lugar dos arrependimentos, está "Quem me dera ter tido a coragem de levar uma vida verdadeiramente minha, e não aquela que os outros esperam de mim".

E, apesar do livro ter como título " Sou Feliz ", este arrependimento só aparece em 5° (e último) lugar, talvez por ser coisa mais abstrata, do que o 2° arrependimento "Quem me dera não ter trabalhado tanto" , o 3° "Quem me dera ter tido coragem para expressar os meus sentimentos", ou o 4°, "Quem me dera ter mantido o contacto com os meus amigos".

Nesta felicidade, relembra um episódio passado com uma das pacientes do centro de cuidados paliativos, Cath, após a auxiliar nos cuidados diários, a levou na cadeira de rodas para o sol no exterior ( e vou tomar a liberdade e sintetizar o conteúdo, a fazer de conta que tenho uma asa de Stephen King...)

"-Ouça aquele pássaro.

Ficamos sentadas, a ouvir o canto da ave, e sorrimos quando ouvimos a resposta do companheiro, vinda de uma árvore mais afastada.

-Agora, cada dia é uma dádiva, sabe? Já era, mas agora que abrandei o suficiente, é que vejo a enorme quantidade de beleza que cada dia nos oferece.

(...) Contou-me como acabara por ver o poder da gratidão:

-É muito fácil querer sempre mais na vida, o que é correto até certo ponto, visto que faz parte de sonhar e crescer. Mas, como nunca teremos tudo o que queremos, apreciar o que vamos tendo ao longo do caminho é a coisa mais importante."

Nesta altura, o livro do camaleão disse:

"- Construí muitas pontes (...) Amava o meu trabalho. A partir de certa altura, porém, deixei-me conquistar pela arrogância e comecei a construir pontes por vaidade, como um daqueles escritores que escrevem não para ver melhor, mas para serem vistos."

Depois, ou antes, não importa o tempo, acrescentou:

"-Tenho-me exercitado nisso: em acreditar. Não há pior doença do que o ceticismo. Construímos uma ponte ou passamos a nado?

-Dizem que a nado é mais difícil. Eu sei construir pontes.

-Então vamos!

-É a sombra?

-Com tanta luz e tu só vês a sombra?"(...)

"- O tempo vai reiniciar -disse-me.- Daqui a pouco amanhece e será a primeira manhã do mundo. Você pode fazer o que quiser com ela. Somos aquilo que acreditamos ser.(...) Terminou de beber e foi dançar. Segui-a. Era um esforço inglório, como dançar numa pista de patinagem, sem os patins e sem prática de patinar. Felizmente a multidão estava tão concentrada que ninguém conseguia cair.

Achei que podia tirar dali uma lição revolucionária - unidos não cairemos!"

O lanche, ou brunch, foi interrompido por um telefonema da Alexandra Lucas Coelho para dizer:

"Agualusa diverte-se e diverte-nos com o facto de ter talento para a felicidade. E não haverá, na língua portuguesa contemporânea, outro caso tão flagrante e abrangente. Este talento está nos seus livros, escritos para raptar o leitor a primeira vista." Espero que para o caminho da felicidade.

Ou como prosaicamente diriam os ingleses, "onde uns veem água e pão duro, outros veem chá e torradas".

P.S.

As personagens deste texto são ficcionadas. As referências aos livros e citações bem como os seus autores são reais, mas a situação e evento "brunch" descrito neste texto também são produto da imaginação da autora, e este texto não deve ser interpretado como uma representação precisa da realidade. Entendasse, até gostaria que fosse uma realidade, e que a Alexandra Lucas Coelho fará com toda certeza vários telefonemas, mas nenhum deles, realmente, foi para esta Cotovia.

P.S.#2

As torradas feitas de pão do dia anterior, podem ser uma opção mais saudável se barradas com mel. Para um brunch mesmo muito especial, podemos optar pelas fatias douradas, também chamadas de rabanadas.

P.S.#3

Uma outra opção, com mais ou menos o mesmo número de ovos da receita das rabanadas, é fazer um pequeno pão de ló, seguindo a receita do livro do chá (o anteriormente no forno é "cozer durante 20 minutos, retirar da forma 5 minutos após a cozedura, colocar em cima de uma rede e sirva frio):

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P.S.#4

Como Saramago reflexionou no seu texto "Dia7 O outro lado", podemos admitir que as coisas tenham outra aparência quando não estamos a olhar para elas, mais ou menos como a animação "A vida secreta dos nossos bichos", mas na versão "A vida secreta dos nossos livros".

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21
Dez22

As Viagens


Cotovia@mafalda.carmona

Do meu contentamento...

  • Nesta, que se inicia hoje, estação do meu descontentamento, o Inverno, sou invadida pela nostálgica memória das viagens.

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ilustração "Silêncio de Inverno" de @mafalda.carmona 

Viajei bastante, por conta das idiossincrasias familiares, só mais tarde compreendidas.

As primeiras viagens foram de barco, um transatlântico, quando ainda existiam para irmos de uns continentes para os outros, imaginam? Depois avião, carro, comboio e autocarro.

Excetuando as viagens de barco (as mais difíceis), as viagens de avião eram uma excitação, sobretudo pelo frenesim nos aeroportos, as manobras dos aviões, o levantar voo aqui e agora, e o aterrar lá longe, numa terra completamente diferente, quase num ápice,  o tempo de um sonho.

Depois, nas viagens de automóvel, o ir indo, viajando, o tempo próprio das paisagens que desfilam na janela, tal como nos comboios, mas no carro há uma domesticidade maior, uma familiaridade com as paisagens libertas do bulício das gares e dos aeroportos, aquelas janelas mais pequenas, alimentam uma expectativa pelo espaço aberto e pela novidade, a próxima terra, ceara, pomar, o próximo local de paragem e de partida, as etapas pré-determinadas para um destino programado.

As viagens despertam, também, um sentimento de contrastes, o isolamento de uma madrugada ainda com o sol por nascer e as ruas desertas, quando se parte tentando não fazer muito barulho, e a chegada ao centro de uma cidade no meio da tarde, as filas de trânsito, as principais avenidas, a chegada ao hotel, os cheiros característicos desses espaços.

No viajar está esta sensação de " Poder", para fazer, para ir, estar, ver, sentir, contentar-se.

Se o ponto de chegada é um motivo de excitação, o próprio processo da viagem, é igualmente intenso, onde muitas vezes a impossibilidade de parar, dá lugar a guardar pequenos postais estáticos de pessoas, coisas, situações e paisagens, uma coleção de imagens, um álbum de fotografias imateriais, guardado dentro de nós.

As viagens literárias são, também, assim.

Essas, recolhem todas estas emoções e sentimentos do viajante e através dos autores, dá-se a magia, pois conseguem esta alquimia, a de transformar palavras em imagens, e imagens em palavras tão vividas como aquelas que guardamos e lembramos em ténues recordações. Fazem-no tão bem que nos oferecem uma incrível viagem nas histórias que contam, reais ou ficções, aventuras ou poesias. É a poesia das palavras materializada em textos a gerar imagens reais e sentidas.

E assim na literatura somos viajantes, quem escreve e quem lê, uma viagem partilhada na qual os autores não vivem sem leitores, que não vivem sem autores, são o par Piu-piu e franjola desta antiga história, de um amor, o inventado por Platão, para fazer o nosso contentamento nestes dias de um inverno, estação que atravessa o ano de 2022 para nos entregar o ano de 2023, que agora se inicia.

Estimadas Pessoas: 

 

Chegou o Inverno!

 

No meu caso, gosto é do Verão,

Mesmo sem passear de prancha na mão,

Pois tenho penas e asas, para meu espanto!

Asas para voar em fingida imaginação,

Nestes dias frios de chuva, vento e desalento.

É em grande desassossego e tormento,

Que desespero pela chegada da Primavera.

Para animar esta quadra há o Natal,

O Advento e a Consoada, a passagem de Ano,

E num instante está à porta o Carnaval!

Como Companhia, esta Cotovia tem as Pessoas,

Os autores, textos em poesias, e literárias aventuras.

Haja saúde, paz, bons ventos, amor e amizade,

Para viver grata e em feliz contentamento.

Na viagem no comboio das estações,

O tempo passa veloz, sempre igual, sempre diferente.

Boa quarta-feira e bom 21 de Dezembro.

 

Boas Viagens. Feliz Natal, Boas Festas e Bom Ano de 2023, Pessoas!🐦

 

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{Cotovia} em Colectânea

Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

{Cotovia} em Antologia

Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

{Apoio à Vítima}

A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

{Notícias Sobre a Ucrânia}

A UE condena com a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Apelamos à Rússia para que cesse imediata e incondicionalmente todas as hostilidades, retire o seu pessoal militar e equipamento de todo o território da Ucrânia, no pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. A UE apoia os princípios e objetivos fundamentais da fórmula de paz da Ucrânia enquanto via legítima e credível rumo a uma paz global, justa e duradoura.
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