A Árvore...
Cotovia@mafalda.carmona
Dia da Árvore
- Ou como este Dia da Árvore, 2 de Maio de 2023, será um dia propício para reflectir sobre as nossas raízes, a nossa Árvore genealógica, os nossos antepassados e as nossas ligações à família, e aos pomares de árvores, reais e metafóricos, que plantamos durante a nossa passagem pela Terra, bem como as árvores que foram plantadas por quem nos antecedeu, e cuja colheita dos frutos será, a longo prazo, para quem nos seguirá, neste enorme e multicultural, “pomar” que é o mundo.
É este o tema central do livro “O Pomar da Família”.
Neste primeiro livro de Nomi Eve, “O Pomar da Família”, a autora conta a história de uma família que avança de uma geração para outra, que cresce e muda à medida que as pessoas nascem, casam e morrem, incluindo personagens que nasceram e cresceram durante os primeiros anos tumultuosos que definem a luta israelita pela independência.
Esta obra de ficção, além de uma boa história que atravessa seis gerações, reflecte um trabalho de recolha sobre a História e inclui árvores genealógicas, informações sobre enxertia de árvores e manutenção de pomares, reproduções de gravuras de Jerusalém, do Mar Morto em Masada, da Palestina, de oliveiras e cortes de enxerto, métodos para atar rebentos, além de outras informações relacionadas com a horticultura e pomares, em que a interligação entre estes diferentes temas secundários informativos, na trama e na narrativa das personagens principais, faz lembrar o livro de Júlio Verne “A ilha Misteriosa”.
No prólogo Nomi Eve diz:
” (…) se eu tivesse de escolher um princípio, dir-te-ia que não existe principio e depois dir-te-ia que existem muitos fins. Mas não ficarias satisfeito. Então, voltaria ao trabalho e depois para ti, e dir-te-ia que o principio está nas árvores. Em todas. Na árvore dupla, meia laranjeira de polpa vermelha, meia tangerineira. (…) Sim, se eu tivesse de escolher um principio, dir-te-ia que é nestas árvores que a história começa. Pelo menos, é onde começa para mim.(…)
Pela leitura, fica a curiosidade de conhecer melhor as “raízes”, saber quem foram os avós dos avós, de onde vieram e onde viveram, reconstruir a história da família, quem sabe através daqueles familiares mais idosos, que terão todo o gosto em falar dos seus pais, dos avós, dos tios e primos, para nos permitir resgatar a nossa história e as nossas origens.
Fica, também, outra pergunta, das muitas perguntas surgem ao longo da leitura, esta sobre uma das personagens principais, Avra, a ladra, que nunca ficava com as coisas que roubava, mudando-as apenas de lugar.
E neste caso, aludindo à intervenção de Avra e ao seu efeito de transformação do universo dos outros personagens, que ora viam aparecer coisas inusitadas, como desaparecer coisas que lhes pertenceram, se poderá, através desta personagem, fazer uma ligação aos escritores, poetas, pintores, escultores e toda uma miríade de artistas, que ora fazem aparecer novos conceitos e imagens, através das suas narrativas, personagens e universos, ora os derrubam e fazem desaparecer, e, se poderemos atribuir a estes transformadores de universos individuais e colectivos, a co-responsabilidade quer pelo seu crescimento, como substrato que os estimula a crescer e progredir, ou transformar, tal como no ditado: " Tão ladrão é quem rouba, como quem fica à porta".
Este provérbio tem variantes, como tantos outros e o meu preferido, provavelmente adaptado para rimar e ser mais fácil de reproduzir, ou numa versão mais adequada à temática deste postal...
“ Tão culpado é quem vai à horta, como quem fica à porta.”?