Canção ao Futuro {Poema}
Cotovia@mafalda.carmona
Canção ao Futuro
Sei que te amo,
e não tens disso consciência.
Não é preciso.
Permanece na tua inocência,
sem alarme, sem pressa,
sem que a vida te roube a leveza.
No meu amor, quero-te a salvo,
proteger-te do mundo,
preparar-te para a ideia do futuro,
que poderia ser belo,
mas tantas vezes se revela insano,
perverso, armadilhado.
Não quero a tua luz
para me engrandecer
ou fazer de mim alguém amado ou amável.
Peço apenas que a mantenhas acesa,
por ti, pela tua candura,
pelo riso contagiante
e a tua beleza singular.
És o ar da esperança.
Sem o fogo da tua existência,
extinguimo-nos.
E se nada consigo mudar,
nem ao mundo somar tranquilidade,
que te embalem palavras gentis,
não o compasso rombo da moral.
Que nunca te cerquem
os braços da tirania.
Quando chegar o teu tempo,
meu grande amor pequenino,
que encontres a leveza
e a plenitude da alegria,
férteis no que hoje falta:
respeito, harmonia, igualdade e paz.
Não é justo, isso eu sei.
És uma criança, nada pediste,
mas sem que eu mude,
e se para lutar for incapaz,
deixo uma lâmina nos teus ombros,
que nas tuas costas traça, indelével,
o peso insuportável da desumanidade,
da falta de liberdade,
da desonestidade,
a marca da desigualdade.
Também sei, sabemos,
carregamos a chama da culpa,
dessa que se apagará
sob a claridade do teu olhar.
@mafalda.carmona
03.01.2025
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