"O silêncio...
Cotovia@mafalda.carmona
- É uma forma de linguagem"..ou "A imaginação é uma forma de memória", ou "O escritor é um artesão que trabalha com palavras", ou, ainda, "A arte não é uma forma de escapar da realidade, mas sim de compreendê-la melhor", são citações do escritor Enrique Vila-Matas.
Como também de citações trata (parcialmente) a obra deste autor natural de Barcelona, "Esta Bruma Insensata".
E assim, aqui fica um excerto de uma entrevista onde partilha qual o "segredo" (um de muitos, suponho), para o sucesso literário, que li na última edição da revista espanhola "Telva", coisa difícil de alcançar (não a revista, também existe em versão de bolso, e entre várias coisas tem sempre artigos sobre Pessoas escritoras, coisa sempre agradável, a par das novas tendências primavera-verão, não sei qual das duas a temática mais complexa ou hermética e não de Hermès, a "griffe" francesa número 2) e que reduz as esperanças de sucesso literário a (praticamente) zero a muitas Pessoas aspirantes a escritoras, (je [m']accuse, eu Cotovia, a modos de Dreyfus, e isto de me comparar com figuras históricas é uma coisa para tentar compensar minha diminuta significância, mas ele as palavras são tantas e tão apelativas...), mas ainda assim, pode abrir caminho para uma aprendizagem da difícil arte de "pescar" palavras, e se pelo título se adivinha, mas não se cumpre, o sentido deste post, aqui vos deixo, finalmente, a dita transcrição, e bom início de semana, minhas Pessoas:
"O dia em que conheci o Juan Marsé em Bocaccio, ele disse-me: "?Tu és o "chaval" que quer ser escritor? Pois irás ver que há coisas que escreves, que ainda que gostes muito, terás de as eliminar porque não encaixam na trama. Isso é escrever." Então não entendi o que queria dizer-me, mas depois comprovei que escrever é eliminar o que sobra, e pratico o seu conselho."
Desta obra ficou a reflexão se será possível escrever um conto, usando, unicamente, citações e, ou, ditados populares, como experiência de escrita. E nesse caso, teria o escritor uma voz própria? Como respondeu em 2017, na entrevista dada ao jornal Diário de Notícias, quando esteve em Portugal para participar no Lisboa e Sintra Film Festival, à questão "O escritor tem uma voz própria?:
*Ria-me da ideia da voz própria a que todos os escritores aspiram. Para quê escrever se não se tem uma voz própria? Voz própria significa um estilo determinado, um mundo que se distingue dos demais, uma visão do mundo definitiva e muito própria. Talvez eu quisesse ridicularizar essa ideia porque ainda não a tinha. Então usei o caso deste ventríloquo que tem apenas a sua própria voz, o que para ele é um inconveniente."
*Enrique Vila-Matas sobre o livro "Una Casa para Siempre", 1988.
P.S.
Neste contexto, pensando no título "Uma Casa para Sempre" e refletindo sobre a citação "A imaginação é uma forma de memória." fui procurar as diferenças entre bruma e o cacimbo ( diverso da cacimba ), eis o que encontrei:
"Em Angola, especialmente em Luanda, a neblina matinal é comummente chamada de "cacimbo". O cacimbo é uma espécie de neblina que ocorre geralmente durante o período da seca, que vai de maio a setembro, e é formado pela combinação do ar frio e seco do deserto do Namibiano com a humidade do Oceano Atlântico. O cacimbo pode causar uma queda na temperatura e afetar a visibilidade nas estradas e ruas da cidade."
P.S.#2
Pergunto, qual seria a integração do elemento cacimbo num conto com voz própria, escrito por uma Cotovia, neta por parte de pai de uma alfacinha e por parte materna de uma beirã, cujo ninho africano é um retorno impossível e a migração sentida como uma expatriação? Talvez o cacimbo como uma personagem, uma espécie de lâmpada de Aladino, manto de Harry Potter, ou um tapete voador perfumado de cheiro de Terra, elemento protetor e catalizador de novas aprendizagens perante as adversidades.
Quiçá numa próxima escrita, num destes diálogos? E o titulo? Sugestões... apenas cacimbo? Ou...?
P.S.#3
Outra pergunta, qual será o aroma do perfume da marca Hermès, Terre d'Hermès?