O Super-Homem, o Mundial e...
Cotovia@mafalda.carmona
E o Crist...ano horribilis... ou a poesia do futebol
- Hoje vou aventurar-me em voos diferentes, altamente esdrúxulos, e partilhar convosco as reflexões sobre o jogo da seleção portuguesa no Qatar em goleada fenomenal.
Como o Super-Homem se tornou o herói mais reconhecido.
Que todos temos de reconhecer que não é para todos, este resultado de 6 voos, perdão, golos para a equipa de Portugal e 1 golo para a equipa da Suíça, além das questões postas em "campo" pela subida meteórica ao pódio dos meninos de ouro do jogador Gonçalo Ramos, este nascido em Olhão, com o mesmo nome de um ex- jogador de pólo-aquatico do Setúbal, modalidade desportiva entre tanta outras, mesmo as olímpicas, onde também há meninos de ouro, campeões nacionais, medalhados a ouro, prata e bronze, mas que ficam a milhas de distância do estrelato das figuras de popa do eterno desporto rei, o futebol.
Se é bom ou mau, ficaria para outro texto, neste contexto, é o que é.
Super-Homem e Kryptonite
De qualquer forma, e como os pássaros não jogam futebol, vou ater-me a considerações pela perspectiva desta Cotovia.
Basicamente pode ser resumido no ditado popular": quanto mais alto voas, mais alto cais". E para dar um toque mais literário, C.R. transforma-se ( ou transformam-no) de homem do leme, no cão de Saramago da Jangada de Pedra. Colossal e trágica transformação ou metamorfose, capaz de ressuscitar Kafka só para idear novo romance.
Neste romance, transparece a dura, cruel vertente do outro lado da vida de uma estrela... Quase sempre depois de avistada, ser seguida pelos reis magos, indicar o nascimento do menino Jesus, na antecipação da sua eleição como o filho pródigo... Eis que se transforma em estrela cadente, anunciando o final subito e trágico do ora adorado, agora crucificado humano, numa "via-cruxis" de 15° estações.
História antiga esta, de enredo repetido exaustivamente, do nascimento na manjedoura, de pobre e descalço, até à crista da onda e banhos de multidões, é apenas um estágio para se chegar as provações da cruz... Mesmo se essa cruz for na check list da lista dos efetivos. Resta saber se este Crist...iano tem a alma fechada ao desânimo e ao fim de 3 dias recupera da sua luta C.R. versus C.R. para reabilitar a sua condição terrena do maior entre os maiores, isto depois de ter passado por um metafórico calvário, onde caiu 3 vezes, se não bíblico pois não me arrisco a semelhantes comparações, numa repetição prosaica do aristocrático ano "horribilis" da Rainha Isabel II, em 1992, exactamente 30 anos depois. Isto para vermos que as estrelas e, ou, personalidades partilham datas marcantes, também não é para todos.
Seja qual for o desfecho final, a verdade é que, falar, escrever, ou estar com as estrelas, aumenta exponencialmente a visibilidade dos acontecimentos, e o acolhimento das publicações, desde as mais comuns e incógnitas como esta, até telejornais nacionais, jornais, revistas, galas, fundações e até o cantinho o menino de Brussels fica, ainda mais, apinhado se alguma destas Stars resolver fazer uma selfie por lá.
Foi assim que aconteceu no blogue da Cotovia e Companhia no passado dia 21 de Novembro.
No post original, o monólogo apresentou 700 gostos, quando o normal são, no máximo (e já é um exagero), 7, e sem o glamour do CR. Neste incremento percentual, as notificações da página atingiram a barbárie dos jogos da fome, com as centenas de gostos a apitar, a invasão dos comentários, mais de 40, de tal forma que quando acalmou, agradeci pelo regresso à normalidade do silêncio e da meia dúzia de polegares para cima e 2 ou 3 corações.
Obviamente o sucedido, pelo inusitado, também levou a uma conclusão, (sem desmerecimento pelas 147, mais 19 no sapo, ou seja, 166 Pessoas seguidoras da Cotovia, mas não são pãezinhos de Santa Isabel para se multiplicarem e desdobrarem em 700 likes):
Qualquer publicação com as palavras chaves iniciadas com Crist...o, ou Crist...iano, o C.R., como as de Jesus, ou JJ em tempos do Jorge, claro, atingem a estratosfera das visitas e visualizações chamadas de virais.
Constatação óbvia depois de passada a consternação por perceber que não terá sido, apenas, o poema 'o vestido encarnado' o responsável pelo like-boom dessa publicação.
Com o meu habitual afã de curiosidade em resolver mistérios da vida comum, fui procurar em todo o lado como poderia ser explicado este fenómeno de viralidade nas redes sociais.
Nestes casos, e mesmo se me chamarem retrógrada, sou eminentemente determinista: "conhece as causas e conhecerás os efeitos" (ou as manifestações, ou os fenómenos, mais exactamente os virais, e, procurarei a citação completa para em P.S. fazer a referência como deve ser, para agora não perder o fio a este novelo...).
E foi assim que conheci o Ben Clark, uma espécie de super homem da poesia, e que nem precisa de vestir fato nenhum especial como o Clark Kent, senão o do talento. Como não ganha milhões, senão nas visualizações de um poema que se tornou viral, nem vai receber convites para ser Xerazade exclusivo por 200 milhões/ano para as arábias, pode ficar sossegado a escrever seus poemas e romances que ninguém quer saber disso para nada.
Livre-se este Ben de se relacionar com uma estrela ou começar a receber dinheiro às pazadas com as suas poéticas literárias criações, pois só se perde a liberdade e se passa de Bestial a Besta (e o inverso) quando o factor dinheiro entra nesta equação, tal kryptonite humana.
Por esta reviravolta não esperavam, mas foi aqui que este episódio futebolístico me levou.
Se este caso é eminentemente poético, épico ou trágico vamos descobrir no dia 10 de Dezembro, próximo sábado, no jogo Portugal-Marrocos às 15.00 horas, horário de Lisboa.
Até lá Pessoas!
P.S. Pré-determinismo: se, como Laplace, o deísmo e o behaviorismo, supuséssemos que todo efeito já está completamente presente na causa, temos um determinismo mecanicista onde a determinação é colocada no passado, numa cadeia causal totalmente explicada pelas condições iniciais do universo. In Wikipédia