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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

24
Mai23

Quimera

Poesia Soneto Decassilábico Fotografia


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20230425_125110.jpg

(*) Quimera

**

Serão dois caminhando de mãos dadas,
Que seguem a vereda do convívio,
Quimera sem atalho nem desvio,
Dura via por linhas intrincadas.

*

Navegam pelas folhas agitadas
Em árvores de intrépido navio,
Talhadas por marceneiro bravio,
Movidos pelas Musas olvidadas.

*

Bordado escrito a ouro de mil fios,
Pontos dados por hábil cerzideira,
Ligeira em costurar tortos feitios.

*

Com coragem aguardam desafios
Sob o brilho da estrela aventureira,

Por aí vão desvelar cantos gentios. 

(E se iluminam cantos mais sombrios.)

****

Mafalda Carmona

23.05.23 23.30h

(*) Estas duas fotografias de elementos decorativos da área ajardinada do restaurante Aloendro, foram tiradas na viagem ao Redondo, no dia 25 de Abril, quando fui a passeio ao Alentejo festejar a data da Liberdade.

Estão incluídas numa zona que é contígua a um equipamento temporário e amovível, comummente chamado de "tenda", onde, presumivelmente se realizarão festas várias, entre elas as destinadas aos festejos de casamentos.

Ora é aqui chegado o momento de fazer a interligação entre este ambiente e a data que festejei no passado fim de semana, o aniversário de casamento, e daí o poema que aqui vos deixo, como um registo da data, que conta mais de três décadas, e que a seu favor teve todos os elementos subjectivos e folclóricos, como ser na Primavera, no mês de Maio, e para mais com aguaceiros, para beneficiar do adágio popular " boda molhada, boda abençoada", e também participei ativamente, de acordo com algumas tradições culturais, em estar o tempo todo muitíssimo aborrecida, que me desculpem os caros fotógrafos e caras fotógrafas, mas detesto tirar fotografias e portanto foi um suplício de má memória, desde a manhã desse dia, que à parte disso, tinha tudo para dar errado, e até deu, em algumas fases menos boas, os altos e baixos da tal navegação por mares bravios, onde as Musas, o marinheiro bravio, as costureiras, a sorte e o imponderável vão definindo os rumos do caminho a dois. 

De resto suponho que apenas a caturrice da Cotovia e espírito de contradição, para provar que os vaticínios de naufrágio certo, seriam exagerados, mantêm o navio à tona, a navegar, e por vezes até com alguma graciosidade.

No entanto, o tom do poema parece-me que pode estender-se à maioria das relações, sejam de amor ou amizade, companheirismo ou colaboração em trabalho, projectos, empreitadas e mesmo em hobbies ou actividades de tempos livres, ou seja tudo aquilo que implique cooperação.

E, suponho que quem de vós Pessoas são visita habitual, já tiveram a percepção de que o tom forte dos exercícios poéticos da Cotovia não será o amor romântico, e, assim não sendo uma Pessoa romântica, este será o exemplo mais aproximado de um poema de Amor que consegui, ou conseguirei, escrever, onde ainda assim não consegui evitar o ligeiro tom de humor.

Espero que gostem desta "Quimera", Pessoas!

IMG_20230425_125053.jpg

(*) Fotografias de Mafalda Carmona 25.04.2023

P.S.

Notas de aprendizagem do soneto. (*)

Fiz algumas ligeiras correções nos versos 4, 8, 9 e 14, de acordo com as correcções e sugestões da nossa querida Poetisa Maria João Brito de Sousa poetaporkedeusker. Partilho aqui, em nota de rodapé, ou post scriptum, o motivo das mesmas de modo a documentar as alterações no contexto da aprendizagem do exigente e apaixonante formato do soneto:

Verso 4, inicial:

Vi/a/ín/gre/me /por/ li/nhas /in/trin/ca/das - não é decassílabo, tem 11 sílabas poéticas, pois existe crase entre as duas vogais de via e íngreme, ou seja sendo í uma vogal tónica a divisão silábica ocorre. Assim o verso em decassílabo é possível se:

4- Dura via por LInhas intrinCAdas (heróico,  sílabas tónicas 6ª e 10ª)

Verso 9, inicial:

É/ um/ bor/da/do es/cri/to a /ou/ro /de /mil /fi/os - está em verso alexandrino, dois conjuntos de 6 sílabas poéticas,  6+6. Para ficar em decassílabo heróico:

9- Bordado escrito a ouro de mil fios (10)

Verso 14, inicial:

Que i/lu/mi/na/rá /os/ can/tos /mais/ som/bri/os (11)

14- Que iluminam os cantos mais sombrios (10)

Em 19.07.23 fiz a alteração do verso final deste soneto "Quimera" para acentuar o humor e discreta ironia sobre o par: 

14- Por/ aí /vão /des/ve/LAR/ can/tos/ gen/TI/os. (10)

Verso 8, inicial:

Movido pelas Musas esquecidas.

Para que a rima seja dos quartetos seja em esquema ABBA ABBA, esquecidas foi substituído por olvidadas, sem que se perca o sentido, mantendo o verso decassílabo heróico com tónicas na 6ª e 10ª sílabas poéticas:

8- Movidos pelas Musas olvidadas.

Assim, a versão do soneto Quimera que resulta é a que consta deste postal, agora actualizado.

Obrigada Mª. João e obrigada a todas vós Pessoas pela vossa incrível disponibilidade!

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6 comentários

  • Olá Mª. João!Fico muitíssimo animada que tenhas gostado da minha Quimera! Terá levado menos tempo a construir do que os 34 anos de casamento, mas ainda assim fico maravilhada, e também assustada, quando vejo no teu blog poetaporkedeusker que escreves um soneto por dia, ou 3 ou 4!
    Faz-me lembrar a minha primeira tarefa no primeiro ano na cadeira de Projecto I, :D , que se tratava de um levantamento por registo livre da Central Tejo, onde passei um dia inteiro à volta do edificado, até me cruzei com sua Excelência o então Sr. Presidente Dr. Mário Soares em sua rotina matinal, mais seus guarda espaldas, e achei que tinha 3 ou 4 belos registos para apresentar na aula... e foi um show, fui arrasada pela querida professora, que é mesmo querida, não é ironia, que atónita questionou a qualidade, pensando que os registos gráficos teriam sido feitos em meia hora, máximo!
    Quando pergunta quanto tempo demorou para fazer esta bela obra (só que não, usou umas palavras menos generosas) e respondi "um dia inteiro", a Sra. Arquitecta Professora ia desfalecendo de horror.
    Mas no final do ano, já tinha um traço característico, e fui parabenizada de uma forma dúbia, no meu entender, com: " quando quer, você consegue tudo, até o impossível, no bom e no mau sentido!" Suponho que o quase tudo bom fosse para Projecto e o quase tudo mau para a disciplina de Economia.
    Tudo a correr bem hoje no hospital, Mª. João! Que recuperes da canseira das idas e vindas rapidamente!
    Forte Xi! 🐦
  • Calma, Cotovia! Eu já não escrevo mais do que um soneto ou dois por semana... escrevia três, quatro ou cinco,
    mas isso era antes da Gabapentina e antes de ter entrado na minha sétima década de vida.
    Ahahahahah!!! Agora é que me puseste a gargalhar com essa dos registos gráficos. Até te imagino a tropeçar em sua Excelência com os registos todos nas mãos, rsrsrsrs
    Bem, quando estou em Coroa com o Jay W. Mota ou com o Custódio Montes, já cheguei a escrever cinco ou seis por dia, mas aí eu entro em "modo de sonetista", é como se saltasse para dentro - ou fora, sei lá! - de uma realidade paralela, sem deixar de ter os pés bem assentes no chão. do planeta Terra. Olha, uma vez, eu e o Joaquim Sustelo, escrevemos uma Coroa inteirinha em 12 horas.

    Mas hoje estou esbodegada de todo, fartei-me de andar para ir ao restaurante do hospital e o raio do dito estava encerrado. Ia-me dando um fanico! Duvido que conseguisse manuscrever o meu nome, estou para aqui a martelar as teclas só com o indicador da mão direita e parece que estou a levantar o martelo de Thor.
    Agora vou ter de tomar a medicação da hora do jantar porque só almocei às 18 horas que foi quando cheguei...

    xi
  • Olá Mª. João!
    Ainda bem que te fiz rir, nada me dá mais alegria! Podia contar muitas histórias minhas com semelhantes patetices, que me arranjavam amigos de igual sentido de humor e vontade de gargalhar, éramos um grupo muito animado e sempre disposto a apreciar o lado humorado da vida.
    Pois imagino que estejas esbodegada, também almocei tarde por volta das 15 quando cheguei a casa, mas para ti foi ainda mais tarde, eu só fui mesmo acompanhante e ainda pude passar pelas brasas na sala de espera.
    Desejo-te uma noite tranquila, de repouso para que recuperes da canseira de hoje.
    Um enorme e forte Xi, querida Mª. João!🐦
  • Uma noite muito, muito repousante para ti, pequena Cotovia!

    Se bem me conheço, amanhã ainda vou estar mais moída do que hoje, rsrsrs... É sempre no dia seguinte que tenho as maiores dores, mas não me vou queixar muito senão a minha reumatologista ainda me diz que foi por ter parado a Cortisona. E, em parte, foi... Mas caramba, aquilo engorda que eu sei lá e eu já estava a ficar redonda. Ainda estou, que os Kgs ganham-se depressa, mas perdem-se muiiiiiiiito devagarinho.

    Um enorme xi
  • Obrigada pelas tuas correcções e sugestões, fiz um P.S. ao post como uma nota de rodapé com a edição dos versos que não estavam em decassilabo e agradeço porque percebi a necessidade de crase mesmo entre vogais, quando existe uma átona e uma tónica ou duas tónicas, este soneto quimera foi muito útil pois incluía essas situações.
    Uma noite descansada e de repouso, Mª. João!
    Outro enorme Xi!!
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