Poema Versos e Versus;
Ou sobre o contraste da dicotomia;
{ou reflexão sobre o futuro e o Dia Mundial da Criança}:
Amor que eleva,
vs ódio que mancha.
Balão na mão de uma criança,
vs veneno sedento de desconfiança.
Paz em harmonia,vs guerra perversa.
Folha de outono em lenta andança,
vs peste que devora a doce esperança.
*
Verdade que luz,
vs mentira ou omissão.
Girassol escuta a abelha em confissão,
vs promessa cobardemente roubada.
Riqueza abundante, vs pobreza herdada.
Biblioteca da sabedoria ancestral,
vs mapa traçado por destino marginal.
*
Acção construtiva,
vs inércia do desdém.
Compasso da dedicação ao bem,
vs origami de um rouxinol sem asas.
Natureza encurralada pelas desgraças,
nos versos de um sorriso perdido,
nasce a artificialidade de duplo sentido.
*
Gerada pela mente do homem fecundo,
desde que o fogo deu calor ao mundo,
como o artifício,
a palavra inventada,
e a maldade no mundo perpetrada.
Ou será orquestrada nas sombras?
Assim, qual a solução para tais dilemas?
*
A resposta viaja no ar ao redor da terra,
na gentileza da convivência serena,
na beleza das almas,
carácter comum,
cristalizado no olhar de cada um,
como a paz, o amor, a fraternidade,
gravadas no rosto da humanidade.
*
Há um senão;
sendo parte da sociedade,
os que subsistem em total precariedade,
estigmatizados pela ditadura e corrupção,
jogados no palco do poder e ambição,
qual o nome desses homens versus,
quem serão, senão sombra de si mesmos?
*
Após reflexão,
a conclusão possível:
Faz-se o que se quer ver acontecer.
Artífices que forjam o amanhecer,
em cada escolha,cada simples gesto,
se versa o universo, o direito de viver.
Esperança, (in)genuidade ou (ir)realidade?
*
Enigma para descobrir em liberdade,
filha da verdade do ser e da bondade.
Por agora, na tarde, o sossego desejado,
nela a poesia é um respirar versejado,
e a aldeia sob o cálido sol descansa,
ao sabor da curiosidade,
o poeta avança.
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@mafalda.carmona
01.06.2024 | 00:34 hrs
P.S. Quando terminei de editar este poema, já passava da meia-noite deste dia um de junho, Dia da Criança, e não tendo intenção de o publicar no meu blogue do Sapo, "Cotovia e Companhia" senão pela manhã, apesar de satisfeita com o resultado pretendia fazer uma revisão final, e também para descontrair embora me mantendo atenta e vigilante em virtude das novidades trazidas pela cegonha no dia 18 deste mês, a minha terceira netinha, resolvi ler as Selecções do Reader's Digest deste mês, publicação que leio e sou assinante há cerca de um ano, por me recordar o meu falecido pai, e me sentir mais próxima das memórias dele, que recordo como um homem progressista.
Não sei qual a ordem pela qual vocês, Pessoas, lêem as revistas, e em pequena não percebia o porquê de a minha mãe fazer exactamente isso, mas a partir de altura que não sei determinar, comecei a ler esta publicação de trás para a frente, como aliás todas as revistas, por motivo que também não sei indicar, mas provavelmente para guardar para o fim as reportagens de fundo com conteúdo mais denso, e, qual não é o meu espanto, quando vejo na contra-capa, um anúncio a uma marca de automóveis, com os seguintes dizeres:"TODA A DECISÃO CONTA", o que me remeteu de imediato para a penúltima estrofe do Poema Versos e Versus.
Além disso, a marca é a mesma do meu primeiro carro, que aprendi a conduzir seguindo o conselho da minha mãe, que seria semelhante se vivêssemos no antigo faroeste da pradaria americana no século passado, e foi mais ou menos este: "Na tua mobilidade está a tua liberdade, independência, autonomia e segurança. Saber conduzir é muito importante. Podes ir a todo o lado sem precisar de ninguém". Mais tarde transmiti-o às minhas filhas, com um anexo semelhante em relação ao conhecimento e estudos.
Assim, este poema será também um avivar de saudade e o reforço de que ao guardarmos alguns hábitos dos nossos, nos mantemos próximo deles a unir com felizes coincidências várias gerações, das netas e netos aos bisavôs e bisavós.
Feliz Dia da Criança!
Saúde Pessoas, bom dia e boas escritas e leituras!