As sete vidas do gato e de Saramago...
Cotovia@mafalda.carmona
Ou como todos podemos ter 7 vidas com passado, presente e futuro...
- Desta vez o Génio (o tal que é uma figura imaginária da Cotovia) diz: "-Estou no passado, sei o que foi mas não o que será. Não precisas de mim, encontra a tua vida, vive, aprende com ela no presente antes de se tornar passado, é só o que tens para o futuro." completa o génio já na porta de saída.
Ou, ainda, como diria a professora de ioga da autora do romance "As flores perdidas de Alice Hart", e que este mês publicou o romance "The 7 Skins of Esther Wilding", a australiana Holly Ringland:
"É uma prática." Adrienne, a minha professora de ioga, explica:
"encontra aquilo que te faz sentir bem, procura as coisas que trazem conforto, como quando eramos crianças."
Podem seguir este link para ler o primeiro capítulo em inglês, única versão por agora, deste novo romance de Ringland.
Também este mês de outubro, foi publicada a biografia "As 7 vidas de Saramago", da editora Companhia das Letras, do ensaista Miguel Real e da encenadora Filomena Oliveira.
"It's a practice". Adrienne, my internet yoga teacher, has taught me: "find what feels good. Seek out the things that brings us confort, like when we were kids". Holly Ringland
Portanto esta questão das 7 vidas, e da ideia de transformação a ela associada, parece fazer parte do imaginário de autores e também do chamado "imaginário comum" e reflete a realidade de todos termos diferentes fases, ou vidas, no tempo de duração da nossa, única, vida.
Porque todos somos únicos. E todos temos vidas partilhadas. Dentro delas mesmas e com as vidas de quem nos cerca e, numa escala mais alargada, com o mundo.
No passado ano de 2018 comecei este sítio da Cotovia e Companhia.
Não é nem uma atividade única, nem sou a única "Cotovia" a fazer este voo. Haverá tantas, que todas juntas fazem uma enorme nuvem em movimento, ou são elas mesmas um movimento. Mas a forma como cada uma se apresenta está relacionada apenas com a perspetiva pessoal, e, essa é, única.
De 2018, chegamos a 2022 e há, ainda, nas minhas Pessoas, algumas que só recentemente repararam que a "Pessoa" Cotovia existia (tivemos todos a medalha de ouro ex aequo na prova de atribuição da distração, e registamos a informação um bocado tarde e más horas) e resolveram questionar-me sobre o porquê de iniciar um Blog, a que chamam "essa tua coisa onde escreves", e a utilidade de dedicar tempo e investimento para fazer este caminho de entre outros, em teoria, ao meu dispor.
O post de hoje é para fazer esse esclarecimento:
Na primeira publicação, ou post, alinhavei os motivos, objetivos e porquês, achei eu, que, quando as pessoas aterrassem aqui, seriam claros. Afinal parece que não. Mas os objetivos são os mesmos desse post. No entanto algo mudou. Porque algo sempre muda. O tempo é agora outro, não parece muito distante, mas com efeito é distante o suficiente para me permitir, além de esclarecer as minhas Pessoas, fazer um balanço.
Vamos lá.
Este é um espaço meu, continua a se-lo, onde me sinto segura e confortável, onde posso refletir sobre as minhas coisas, sejam os pensamentos, aquilo de que gosto, quero ou sinto.
Para registar essas reflexões na forma de um texto a ser publicado, (mesmo se com falhas na pontuação e com interrupções na narrativa para notas e pensamentos dentro de outros pensamentos, as dificuldades com o A.O., e por vezes os esforços frustrados para não cair no estereotipo, no óbvio, e ir para além dele), tenho de organizar as ideias para as apresentar às 115 Pessoas que me seguem no Facebook e às 12 Pessoas através do Sapo.
Assim que ficam registadas dão-me a oportunidade de lá voltar e ver o meu passado, o presente e sobretudo libertam espaço mental para planear o futuro.
É uma espécie de "arrumar a casa" se pensarmos na casa como o nosso espaço mental.
O modo como me apresento é o mais parecido com o que sou, neste momento, e isso é muito importante para mim porque preciso reconhecer-me no que escrevo, caso contrário não me é útil, não me serve, não é uma "roupa" adequada mas sim um transtorno, e assim, aquilo que aqui fica faz parte de mim.
Resulta do processo de auto-conhecimento como uma ferramenta de construir, hoje, um dia de amanhã que esteja de acordo com o meu futuro eu.
Além disso, como sou única responsável pela escolha dos temas sobre os quais escrevo, posso falar do que quiser, da arte, do tempo, da cozinha, das cidades, das mudanças e permanências, das estações e ir encadeando os assuntos uns nos outros, relacionando e trazendo novos dados de informação de umas áreas para as outras. Isso dá-me a possibilidade de chegar a conclusões diferentes, ideias novas ( ou descobrimentos, o que na prática tem o mesmo efeito) e de as assimilar sem grande esforço.
A capacidade de cumprir objetivos assumidos publicamente, é, também, um incentivo positivo para outras áreas da minha vida.
Portanto a importância e sentido de existência deste sítio é, por um lado, um lugar onde encontro conforto, partilha, tranquilidade, auto-expressão, capacidade, aptidão e uma sensação de liberdade, e, por outro, o propósito de participar na vida das Pessoas que me leem, na esperança de a minha experiência ser de alguma utilidade para elas, e quando chegam ao "Cotovia e Companhia", eventualmente, pensarem:
"E se eu começar um sítio assim?"
Se uma única coisa resultar daqui, que essa coisa seja incentivar o aparecimento de mais blogs onde as Pessoas partilhem as suas experiências de vida, histórias, tradições, sonhos, objetivos, conhecimento, dúvidas, questões e positivismo, para lhes ser útil no seu percurso e benéfico para aqueles que as vão ler e conhecer.
Porque acredito que o humanismo faz parte da vida social e cívica, que só podemos atingir o potencial social pleno, e contribuir de forma positiva para o mundo, através do desenvolvimento do potencial individual.
E este pode ser um meio de auto-expressão fantástico para nos ajudar a encontrar a capacidade dentro de nós de concretizar aquela versão de nós mesmos onde nos sentimos bem, tranquilos dentro da nossa pele. Aquela versão que não faça da nossa vida um capítulo da "Guerra e Paz", que não seja uma luta, mas sim um descobrimento e um desenvolvimento.
Nem mais Pessoa, nem menos Pessoa, nem melhor Pessoa, nem pior Pessoa, mas A Pessoa. A Pessoa que se pode e se quer ser.
E é isto Pessoas.
Se já têm um blog pessoal ou se resolverem fazer um, deixem o link aqui nos comentários para nos conhecermos todos melhor.
Boa 6a feira, bom fim de semana e sejam felizes!
P.S.
Por estes tempos leio o romance de José Luís Peixoto, Autobiografia, da editora Quetzal.
Deixo aqui a definição apresentada pela editora para a escolha do nome:
Quetzal: Ave trepadora da América Central, que morre quando privada da liberdade; raiz e origem de Quetzalcoalt (serpente emplumada com penas de quetzal), divindade dos Toltecas, cuja alma, segundo reza a lenda, teria subido ao céu sob a forma de Estrela da Manhã.
P.S.#2
Também neste romance, em que Peixoto transforma Saramago em personagem, o prefácio é uma citação do Nobel da Literatura, retirada dos Cadernos de Lanzarote:
Um dia escrevi que tudo é autobiografia, que a vida de cada um de nós a estamos contando em tudo quanto fazemos e dizemos, nos gestos, na maneira como nos sentamos, como andamos e olhamos, como viramos a cabeça ou apanhamos um objeto do chão. Queria eu dizer então que, vivendo rodeados de sinais, nós próprios somos um sistema de sinais. Seja como for, que os leitores se tranquilizem: este Narciso que hoje se contempla na água desfará, amanhã, com sua própria mão, a imagem que o contempla.