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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

11
Jun24

Zero e Graça


Cotovia@mafalda.carmona

WSP_11062024_160923.png

{Série} Frases Ad-Hoc

 

Esta {Série} Frases Ad-Hoc sugere uma continuidade ou uma colecção de pensamentos e narrativas improvisadas ou espontâneas, que podem, ou não, vir a ter uma continuação ou serem o início de algo mais completo. Aqui vos deixo mais uma partilha desta série, desta vez um micro-conto que nasceu inicialmente em língua inglesa e que transpus para português. Espero que gostem deste micro-conto "Zero and Grace Tale".

 

> "O amor é composto de uma única alma habitando dois corpos." - Aristóteles

> "Quatro, tres, dos, uno... Nada." - U2

 

(En)

My only one private tale is that I am Zero, finding eternal time and space within your endless love. In that unknown mathematics, I am flying to reach you, making a looping eight.

Zero I am, as an even or heavenly number that dances in gravity, and Grace hides herself in the world's rounded words, chasing one another.

Together we play, envision the infinite layers of possibilities created when the real and the abstract become one.

Grace lives in Zero gravity; Zero has Grace craved inside him, and they lived happily ever after until the end of this once upon a time.

 

(Pt)

O meu conto preferido é um em que sou Zero, procurando o tempo e o espaço eternos dentro do teu amor infinito. Nessa matemática desconhecida, vôo em loop para te alcançar, formando um oito.

Zero eu sou, um número justo ou celestial que dança na gravidade e a Graça esconde-se nas palavras arredondadas do mundo, onde se perseguem mutuamente.

Juntos brincamos de imaginar as infindas camadas de possibilidades que se geram quando o real e o abstrato se tornam um só.

Graça vive em Zero gravidade; Zero tem Graça gravada por dentro, e viveram felizes para sempre até ao fim deste era uma vez.

 

@mafalda.carmona 11.06.2024 | 05:55hrs

 

#microconto #poesia #filosofia #amorinfinito #abstrato #narrativa #criação #literatura #fc #souzero #nada #graça #prosapoética #cotovia #cotoviando #escrita #escritacriativa #ficção

 

#microstory #poetry #philosophy #infiniteLove #abstract #storytelling #creativity #literature #shorttales #inspiration #cf #zero #grace #lark #fiction #MathematicsInArt #PhilosophicalStories

05
Fev24

O Mestre


Cotovia@mafalda.carmona

Cygnus_olor_2_(Marek_Szczepanek).jpg

(*1)

E O Rei Cisne
{Conto}

"Leis, Ordens e Costumes para Cisnes, 1482, reinado de Edward IV:


O Cisne é uma pura e graciosa besta.

A sua penugem é branca como a neve, igualmente breve,

pois significa a natureza fugaz da coisa bela.

Embora desejemos que o nosso esplendor seja eterno,

nada deve permanecer no que outrora foi." (*2)

 

Nos meandros da minha existência, onde a tarefa de guardião dos cisnes reais transcende o limite do tempo, desde os dias precoces em que abandonei o Slimbridge Wetland Centre com apenas 18 meses de idade, percebo que as experiências no cumprimento do meu cargo definem a minha essência. Mas, no emaranhado de normas e deveres, aos quais me submeto com fidelidade, encontro uma satisfação profunda nesta responsabilidade de mestre, guardião ou, nos dias actuais, guarda dos cisnes.

A vida, entretanto, não é um conjunto de obrigações impessoais. Desdobra-se, felizmente, em momentos de lazer que se tornam essenciais, um refúgio que transcende o dever. Nessas pausas, sinto uma satisfação semelhante ao momento em que o choco dos ovos cessa, e o leve chilrear das crias preenche o ar.

Ao regressar ao ninho após um dia de afazeres, despojo-me do casaco do fato vermelho, uma peça que se tornou um símbolo pessoal, sob o manto de penas brancas e macias. Desde os tempos da televisão a preto e branco, cultivo a minha lealdade ao canal da BBC, uma homenagem à Soberana, que já não está entre nós, mas cujas preferências continuo a honrar.

Além de assistir aos programas na televisão, maioritariamente sobre vida selvagem, nesta estação exigente, procuro mergulhos alternativos, que não os do lago gélido, como o da leitura. As escolhas de leitura não são meramente uma preferência, mas um portal para a minha individualidade e carácter. Cada autor seleccionado é um convite para que outros entrem na minha esfera mais íntima, a minha mente.

Ao contrário da leitura, que abraço conforme as minhas expectativas e preferências, também me dedico a escrever, mas a escrita desafia-me e delimita-me, impondo-me outro grau de exigência; "Como encontrar a palavra precisa para descrever, por exemplo, a beleza da paisagem ou dos cisnes sob o meu cuidado?", pondera em voz alta, enquanto afaga as penas do peito, esquecendo a pena de escrita perdida no meio das penas da sua asa. Continuando as suas divagações acrescenta para si mesmo, mas com a secreta confiança de que a sua companheira o escuta: " Contudo, a escrita não é uma mera manifestação de liberdade; tem de ser exercida com a necessária transparência, ou leveza, da minha essência. A ausência de verdade, decerto comprometeria a minha atribuição como cuidador, afastando os magníficos seres sob minha tutela, como se eu me transformasse numa mancha de bolor no tranquilo lago."

A honestidade, compreendo, é a base sobre a qual construo a minha existência. Não me vejo como o proclamado "rei dos cisnes", uma designação que rejeito. Evito a soberba, pois sei que ela me levaria à perda de respeito por mim mesmo e pelos outros, um afastamento não apenas dos meus pares, mas também dos meus antepassados e, inaceitável, do verdadeiro monarca, Sua Majestade, o Rei Charles III.

Embora nunca tenha dirigido cumprimentos pessoais a Sua Excelência Alteza Real, sinto-me em grande sintonia através do gosto comum pelas actividades na natureza e jardinagem, embora eu me dedique mais à limpeza e preservação dos pequenos e grandes lagos. Ambos contribuimos para preservar os costumes e um modo de vida enraizado em tradições imutáveis, mantendo vivo o conhecimento essencial para a interacção entre o mundo exterior e a minha existência singular, onde a minha arte forma um território maior que o simples ninho de um metro de diâmetro.

Ao partilhar o conhecimento com a próxima geração, reconheço a riqueza que essa troca proporciona. Encarregado de transmitir este legado aos netos, com a ajuda dos meus filhos e da companheira de uma vida inteira, testemunho com alegria o interesse dos mais jovens em aprender e seguir os meus vôos. Como eles, sempre fui curioso e criativo, recordando com saudade as iteracções, quando respondia pacientemente a uma enxurrada de questões. "De onde vêem? Existem em estado selvagem na natureza? Precisam de protecção? O que é o WWT, o WWF? É admissível o comércio? Quanto tempo vivem?".

Comprometido com a preservação desta arte, estou determinado a resgatar a criatividade e a partilhá-la como contribuição para a salvação do mundo. Apesar do tempo que me resta ser insuficiente para fazer mais, quero abrir uma pequena academia para passar esse conhecimento além da esfera familiar. Será a minha contribuição mais significativa para que todos possam conhecer e respeitar esta forma de vida.

Meticulosamente, preparo-me para redigir a missiva, alisando cuidadosamente as plumas antes de comunicar ao meu prezado Rei esta notícia extraordinária. Acredito que ele aceitará receber este humilde súbdito e planeio informar o Soberano sobre a minha pretensão, para que a passagem do testemunho seja aprovada, permitindo que outros interessados continuem esta tradição. "Ai ai, onde estará a pena de escrita?", questiono, na urgência de redigir a missiva. A minha companheira, imperturbável, numa elegância extrema, vence os poucos metros que nos separam no nosso lago de inverno coberto, como uma bailarina, e, sem esforço, recolhe de uma das minhas asas a pena de escrita perdida. "Não sei o que seria de mim sem ti. Obrigada querida." Agradeço e questiono:" Achas que o Rei me receberá?" Olha-me longamente e enquanto se afasta responde: "Espero que não querido, receio que como os teus antecessores, fiques tão encantado com o palácio, que não retornes, mas lamento informar, no Palácio Real, existem coisas que não vais querer saber, tal como o meu bater de patas me sustenta levemente, sem que vejas a violência por baixo das águas."

O rei cisne fica a cismar sobre as palavras da companheira, decide deixar cair a missiva que se dissolve nas águas, e guardar a pena para outras escritas.

Fim

 

(*1) Imagem de Wikipédia.com, data inicial de publicação 2007, créditos actualizados na data de 13h25min de 11 de Julho de 2022, sob licença Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, utilizada sem alterações, com efeito meramente ilustrativo. Link: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Schwanflug22.jpg como parte integrante do artigo principal, link aqui: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Cisne

(*2) Transcrito do episódio 6 da sexta temporada da série "The Crown".

02
Out23

Estrambote "Bon Appétit"

{Soneto Hendecassílabo}


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20231001_222524.jpg

"Bon Appétit"

**

{Versão editada}

**

Esta refeição demorada e indigesta,
Repasto canalha em palavra flambé,
Tornada volátil, moída em puré,
Miolo de pão lançado na floresta.

*

Nascente inquinada num prato banal,
É um fruto mal servido e indistinto,
Em vã comoção estrangulada em tinto,
E o Menu suspenso em gaiola amoral.

*

Finalmente em cena o derradeiro acto:
Quando pensaram chegar à salvação,
Em cruz assinaram tão amorfo pacto.

*

Foi preceito arcaico grafado em escarlate
Pequeno dedal de ilusão que é parco,
Quando chegam à casa de chocolate...

*

Eis que são Hansel e Gretel "à la Carte"

****

Mafalda Carmona 

05.10.23 | hr. 14:18

 

P.S.

A versão acima apresentada foi a inicial, em 5 de outubro fiz uma edição do soneto, graças à ajuda da nossa querida Poetisa Mª João, após na escansão ter detectado algumas inconsistências nos versos, pois 4 deles apresentavam por vezes 10, e outras 12 sílabas poéticas.

Ainda fiz alterações discretas em alguns versos para que a sílaba tónica fosse a quinta sílaba poética, para melhorar a harmonia e coesão do poema no seu geral.

Fica aqui a primeira edição do soneto, datada de dia 02 de Outubro.

Versão inicial:

Esta refeição demorada e indigesta,

O repasto sobre a palavra flambé,

Tornada volátil, deformada em puré,

Miolo de pão lançado na floresta.

*

Nascente inquinada num prato banal,

É fruto mal conservado e indistinto,

Em vã comoção afogado em tinto,

E o Menu suspenso em gaiola amoral.

*

Finalmente em cena o derradeiro acto:

Quando pensaram encontrar a salvação,

Em cruz assinaram tão amorfo pacto.

*

Preceito arcaico escrito em escarlate

Pequeno dedal de ilusão que é parco,

Quando entram na casinha de chocolate...

*

Chegam, são Hansel e Gretel "à la Carte".

****

Mafalda Carmona

02.10.23 | hr. 00:02 

P.S.#2

O estrambote, aprendi graças à ajuda da querida Poetisa Maria João Brito de Sousa (blogue poetaporkedeusker) é um soneto que contém uma excentricidade, pois no seguimento dos dois quartetos e dois tercetos do formato tradicional do soneto, apresenta mais versos formando uma cauda, pelo que o soneto toma o nome de soneto de coda ou estambote, que deriva do catalão para a palavra cauda.

P.S.#3

Mais uma vez, a fotografia que acompanha o poema é da autoria de _carmona.ph_

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