Madonna...
As mamitas
Cotovia@mafalda.carmona
- Ou os padrões e os descobrimentos nas linhas das estatísticas do blogue da Cotovia e Companhia e outros descobrimentos e desaparecimentos perturbadores e inquietantes, vidas suspensas, vidas roubadas, que se refletem em carcaças de prédios e em latas de atum.
Confusas, Pessoas? Vamos por partes.
A vida é uma grande "salganhada", se houver quem consiga, a modos do Bonaparte, o Napoleão, por toda a parte, conseguir compartimentar os eventos e acontecimentos da vida, que maravilha! Essa capacidade não se aventurou a mostrar-se aqui. Por aqui, impera, já que estamos a falar, também, de imperadores, uma espécie de confraria democrática de mosqueteiros, todos (os assuntos, claro) por um e um por todos.
E, estes todos por um e um por todos, seriam mesmo um fator decisivo para evitar as ditaduras, pequenas e grandes, assim se mantivesse a união entre as Pessoas e Nações.
Por ordem de importância:
As carcaças dos prédios. Onde? Na Ucrânia. Quando? Desde há 365 dias... +1, ou mais quantos forem necessários para a Guerra terminar (com a preservação da soberania da Ucrânia enquanto nação livre, europeia e democrática), é uma incógnita, visto que esta invasão, guerra por declarar pela Rússia, na persona (non grata, pelo menos neste canto da Cotovia) do imperador do terror e seus fantoches, além de ser ato de terrorismo, serve apenas a megalomania de um ditador, e portanto é o que temos quando viramos as costas e fechamos os olhos a quem desta forma esventra, viola e assassina a humanidade, impunemente.
Para trás fica o quotidiano dos mortos, entre os destroços nas cidades, nos prédios as divisões à vista com mesas postas e uma refeição de uma família em suspenso, para a eternidade, como testemunho mudo que grita mais alto do que todas as mentiras de Putin.
Esta imagem, transmitida nos noticiários, facilmente confirmada por amigos da Ucrânia, é espelhada também nas primeiras linhas do prólogo de um dos livros, última aquisição aqui do ninho, da autoria da escritora e jornalista, Catarina Reis, "O homem que via no escuro - a Lisboa de Bruno Candé":
Fundação Francisco Manuel dos Santos, fotografia da capa: Projeto "Pelos Teus Olhos." Autora Catarina Reis, 2023.
"Prólogo: porque falamos de Bruno Candé.
No dia em que morreu, Bruno Candé deixou em cima do balcão da cozinha dois ovos já cozidos, um frasco de feijão frade por abrir e uma lata de atum a escorrer. Estes elementos eram já representação de uma vida em suspenso, uma refeição pronta que nunca aconteceu, (...) Não foram só os ovos, o atum e o feijão: um bairro inteiro ficou em suspenso quando aqueles três tiros arrebataram Bruno numa avenida de Lisboa.(...) Naquele dia de 2020, Evaristo não sabia que estava a matar um pai de três filhos. "Não lhe dei tempo" de falar, afirmou em tribunal.(...) era ele o homem que militava com otimismo, que escolhia dar o benefício da dúvida tanto aos oprimidos como aos opressores. Era o homem que via luz no escuro. "Eu tenho amigos brancos, de todo o lado, e eles não me tratam de forma diferente", advogava. A maneira como morreu soar-lhe-ia talvez a uma história de ficção. Pelo menos, em Portugal".
Enquanto isso, aqui em Portugal e no mundo que não foi invadido e obrigado a fazer a guerra, continuamos com as nossas vidas, a tentar fazer o melhor que podemos com o que temos, e, quando isso não é suficiente, fazer como o António Variações, o nosso "anjo da guarda" português, que seria um Prince ou príncipe, só que não, e desta vez pela voz de Marisa Liz:
"(...) O tratado de paz foi rasgado/ Já começaram a fazer ameaças/ O poder já está descontrolado/ Estão-se a embriagar/ De bombas/ E os dedos já querem apertar / Vou protestar / Denunciar, vou alertar(...)
Já o José Cid padece do mesmo, poderia ser um Sir Elton John, os inúmeros prémios e reconhecimento internacional, são verdades que falam por si.
Por si também falam as curvas das estatísticas do blogue, que não param de surpreender, não pelo número visualizações, mas pelas configurações, umas vezes remetem para o Brasil, outras para... a inicial M de Madonna, a rainha da Pop e imperatriz da controvérsia ( interna, tanto quanto mediática).
Não fosse passatempo da Cotovia observar os padrões, coincidências de formas, no voo dos pássaros e nas nuvens a passar, umas vezes parecem mesmo outras aves lá em cima a voar e logo se desfazem, divagam, transformam noutro bicho ou coisa qualquer... em inspiração com sorte, um descanso sem dúvida, uma pausa se um pisco aparecer a curar o coração com a visita de médico tão breve quanto alegre, a confortar quando a bondade do Mundo continua a resistir.
Por vezes até a permitir no meio do caos, a leveza suficiente, para descobrir nestas linhas, as das estatísticas, um toque de malícia, sem maldade* e a fazer jus a todas as Madonas, a perder as cores, como escreveu José Luís Peixoto para os Da Weasel, para a música da banda de Almada, "Negócios Estranjeiros":
"Por cá, a sua presença, senhor presidente, é urgente no Intendente. Tem pouca diferença de uma assembleia das Nações Unidas, a sua presença pode ajudar a salvar vidas vindas da Ucrânia, da Roménia ou da Moldávia, de Moçambique, Cabo Verde, Angola, porque o mundo, senhor presidente, não é mais do que uma bola talvez colorida, talvez entre as mãos de uma criança, mas esse mesmo mundo, senhor presidente, perde cor todos os dias (no largo do Intendente).
In álbum de estúdio Amor, Escárnio e Maldizer, 2007.
P.S.
* ou com muita maldade, dos que nada os faz largar a ma... dona do poder.
P.S.#2
Relembrei a mim mesma, porque suponho a generosidade e bonomia das Pessoas que por aqui passam no blogue, as impediu de fazer a chamada de atenção necessária, este blogue tinha como objetivo, um deles, para além dos que aqui têm sido, até exaustivamente, apontados - mesmo se apontar é feio, mas mais feio é fazer promessas que não se cumprem - cumprir com o acordo ortográfico! Reparem que até eliminei um "hobbie" que substitui por passatempo.
P.S.#3
E não que as consequências deste incumprimento sejam tão graves como o incumprimento do que foi prometido no acordo com a Ucrânia aquando da sua desnuclearização, que quanto a mim, tal como o Bruno que acreditou em segundas oportunidades, foi de uma grande confiança na humanidade, mas que só resultou na própria desgraça, quando os "Evaristos" continuam a fazer o que entendem com uma maioria a fechar os olhos e a pensar: não é nada comigo...chama-se a isto mesmo o quê? Lembro- me que nas aulas de história na parte do estudo das causas para a segunda grande guerra, se apontar ( lá estou eu mais minha asita apontadora, ou mais, anotadora, neste caso) como "conivência", também ela uma palavra muito feia, como podem constatar.
P.S.#4
E perguntam vós Pessoas, as que chegam ao post scriptum número 4, o título para o novo "Diálogo da Cotovia " neste espaço do Sapo.pt. poderia ser "uma grande salganhada"? Poder podia, mas como disse aos seus filhos o autor, diretor, roteirista e ator brasileiro Marcos Vianna Caruso, ( noutra publicação da Cotovia e Companhia, aqui) acerca do bem e do mal, em resposta à questão do "Pai eu posso?":
"Meu filho, poder você pode tudo... Agora, será que deve?"