Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

{Cotovia} e Companhia

16
Out23

Hino do Mal

{Poema - Soneto Alexandrino}


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20231016_091958.jpg

 

Hino do Mal

**

Olhei ao meu redor e vi o Hino do Bem,
Mas ao observar melhor, vi algo peculiar,
Nas garras de um gato o trivial a espreitar,
Era a chama de luz que a ninguém convém.

*

Olho ainda melhor, sinto a desunião
Esquecidos, postos de lado, subjugados,
Sob desgoverno são vilmente humilhados,
Cadinho em combustão para quem não tem Pão.

*

Mas tu não te deténs, não tens hesitação,
E queres sempre mais, tua a confiança,
É fácil para ti q'és dono da razão.

*

Tenho a pergunta: "-Mal, qual é a intenção,
Ao espezinhar o olhar do velho e criança,
Quando espalhas terror, sem paz, sem redenção?"

****

Mafalda Carmona

15.10.2023 | 09:14

18
Mar23

Vil...


Cotovia@mafalda.carmona

Herança Maldita

  • Ou porque é importante na vida, termos um quê de Agatha Christie, de CSI, ou detetive privado, no que diz respeito a apurar a verdade, de modo permanente e integrado no nosso quotidiano. 

Screenshot_2023-03-17-16-59-58-426-edit_com.androi

Detive-me neste pensamento quando fui abalroada no meu voo "detetivesco", destinado a apurar a diferença entre ser uma Pessoa otimista ou uma Pessoa pessimista. O causador deste choque, (e não haverá seguradora que cubra danos destes causados por terceiros), é o Arthur, e apesar de ter um nome com inicial A, como os meus dois netos A's, talvez por ignorância do Sr. A, o Shopenhauer, isso não o impediu de me cilindrar ao ponto das penas ficarem todas descompostas.

O que tem este Sr. A. Shopenhauer para oferecer?

Pessimismo, para dar e vender.

E isto até depois de falecido, quando ficou sumamente conhecido, pois em vida, não atraiu, pois mais certamente repeliu, com o seu trabalho pessimista, as atenções significativas que poderiam levá-lo a subir aos palcos das áreas filosóficas, enquanto ainda respirava.

Ora bem, por muito que seja difícil de acreditar, este máximo expoente da filosofia, dedicou grande parte da vida a fazer um trabalho exaustivo sobre os fatores do pessimismo, e por esse motivo foi um precursor nesta área, restrita, (o que não é de espantar, ou seria, de espantar para longe, tanto pessimismo até causa arrepios, e, é verdadeiramente sinistra a fixação no tema ...) sendo que hoje em dia não haverá nenhuma aula de filosofia onde não se fale dele...

E também fora das aulas de filosofia, por isso sempre que alguém refere este senhor filósofo, alemão, nascido na cidade de Danzig há mais de dois séculos atrás, em 1788, eu encolho-me toda e receio o pior.

Não faço ideia de onde tirou o conceito de que a natureza humana é... vil!

O Sr. AS afirma portanto que a Pessoa "está nem aí" para apurar a verdade, nem do que é correto, e apenas quer saber da vaidade intelectual, com ou sem razão.

Apesar de indicar a porta de saída para esta dificuldade, que seria a oportunidade de entrada para a verdade, junta aos seus argumentos, a sua convicção de que além de vil, a Pessoa é, igualmente, falsa e desonesta! 

Um trio de respeito, uma herança de peso para a humanidade, na qual, até os três quartos disponíveis sobrantes deste testamento maldito, destinados à loquacidade, são para serem por ela usados, e abusados, ao serviço da desonestidade.

É aqui que a questão do apuramento da verdade, que foi assassinada pelo Sr.AS, remete para as séries de televisão, e antes disso para as peripécias do Perry Mason, da coleção livros Vampiro ( mais uma vez a sensação de arrepio...): 

Se não se descobre quem realmente é o "serial killer", e em vez dele, apontam um outro qualquer, mesmo depois desse "qualquer" ser afastado dos episódios futuros, em todas as temporadas, corpos continuarão a acumular-se na morgue, a um ritmo mais acelerado do que o do último filme com o ator Bruce Willis, no qual esse parecia ser o único objetivo da trama, no que também costuma chamar-se de "encher chouriços", neste caso encher morgues de verdades mortas, com a participação entusiasta das hostes de zoombies de mentiras, fora do controle de quem as criou, e do resto da humanidade  (e não, não estou a falar de ninguém senão do Sr. A. Shopenhauer, e agora do Sr. Bruce, qualquer semelhança com um qualquer ditador a colocar a humanidade na vizinhança de uma Grande Guerra, a Terceira, e não é ilha, mas também, começa por P, como a ilha do Pico, vejam se adivinham, é mera coincidência, mas já que falamos nisso, para quando uma Primavera como a de 68, em Praga? Só que noutras geografias). 

Portanto, neste paralelismo sem igual, parece completamente surreal (desculpa Ana) não querer apurar a verdade, e, ao invés disso, decide matá-la com a desonestidade eloquente da falsidade vil. 

E depois de gastar todos os adjetivos que tinha, pergunto:

Se está morta, quem nos fará companhia? A mentira? Assim não é de admirar que o Sr. AS fosse fã do pessimismo. 

Por outro lado, parte do que diz indica o caminho para descobrir onde anda a verdade, mais não seja pela prática do oposto:

O otimismo.

Deixo-vos aqui um excerto do que o Sr. AS escreveu, as partes otimistas, pois tal como diz o produtor ficcional na série Daisy Jones & the Six:

"ninguém quer ouvir músicas com letras sobre a morte, a guerra, assuntos desses... vocês têm de escrever e cantar sobre outras coisas", e embora também não concorde totalmente com esta afirmação, a reflexão sobre as temáticas líricas e o seu esclarecimento fica para outro dia, pois por Hoje esta publicação, ou post, é mesmo só para nos debruçarmos no pessimismo do Sr. Shopenhauer:

"Se a natureza humana não fosse vil, mas inteiramente honrada, não deveríamos, em nenhum debate, ter outro objetivo que não a descoberta da verdade; não nos deveríamos preocupar se a verdade provou ser a favor da opinião que começamos por exprimir, ou a favor da opinião do nosso adversário.(...) A nossa vaidade inata, (...) não permitirá que admitamos que a nossa posição inicial estava errada e que o nosso adversário estava correto.

A saída para esta dificuldade seria, simplesmente, dar-mo-nos ao trabalho de formar sempre um julgamento correto e, para tal, uma pessoa teria de pensar antes de falar.(...)

Depois disto, se não tivermos motivos para, não só procurar a verdade, como ter um bom fim-de-semana, não sei o que mais poderá contribuir para dar a motivação extra (a tal "mais uma milha" da nossa Marinha portuguesa) para alcançar esse objetivo?

Provavelmente resumir tudo o que aqui escrevi com uma citação de Buda (os mestres são sábios e concisos), citada no episódio 7 de Daisy Jones & the Six, será uma excelente ideia, sobretudo para aqueles de vós que lêem em diagonal, o que não faz mal, até fazem muito bem, pois vão ao encontro do espírito das palavras de Buda!

"A dor é inevitável, o sofrimento é opcional." 

Bom Sábado, Pessoas!

IMG_20230317_155632.jpg

Arthur Shopenhauer sobre o pessimismo e a  razão.

P.S.

Este post de Hoje foi escrito inspirado nas escritas, e conversas através dos comentários, da nova "Amiga de varanda" da Cotovia aqui no Sapo, Isabel Paulos. A Isabel tem o seu blog "Comezinhas", um sítio fantástico, ao qual chama com propriedade, "estaminé". Foi assim, a propósito do seu post de ontem, que esta minha publicação "Vil", surgiu (a ironia de o hobbie de alguns ser... vil, é verdadeiramente perturbador e confirmará a teoria do Sr. Shopenhauer,  infelizmente), (nota: em outubro 2023 os links para o blog Comezinhas irão reconduzir o leitor para o blog, entretanto, privado).

Quanto ao "Hobbies", que é uma preciosidade, adorei, assim como adoro todos os textos da Isabel e a forma generosa como fala de tudo, de "Poesia" a hobbies, sempre num registo pessoal, humorado e q.b. sarcástico, com conhecimento profundo da alma humana, para não referir, já referindo, o uso da nossa, tão estafada língua portuguesa, que ali tem contornos de genialidade pela aparente simplicidade com que se veste.

Fiquei fã e agradecida por a Isabel ao ter subscrito o blog da Cotovia e Companhia, ter comentado, para assim a ter encontrado neste enorme lago do Sapo. Aqui fica o meu agradecimento por, (vencendo a dor das cãibras que reconheço a extensão da maioria dos meus post têm, para mais populados de inúmeros atentados no que concerne a uma correcção exigida a quem publica textos num blog), ser minha Amiga de varanda!

Coisa que também nos une, é termos ambas exatamente 44 subscritores, o que no caso da Isabel é incompreensível, e só pode ser um erro da plataforma, faltam uns zeros, pois 440, no mínimo, seria o adequado, e fica também aqui registada a minha reacção a esta escandaleira!

Resta a resalva, pertinente, de que a Isabel não tem nada a ver com as opiniões que aqui expressei, essas são, apenas, as minhas opiniões, escritas em meu nome, Mafalda Carmona, não vá dar-se o caso de na leitura da "escrita a voar razante uma mexerufada de ideias sem pretensão" deste meu "estaminé" (citação da Isabel Paulo, pois claro) vós Pessoas, também fiquem com as penas descompostas!

Sei que vos tinha prometido apresentar os Amigos de Asas residentes desta quinzena, mas com este choque nefasto com o Sr. A. Shopenhauer, ficaram todos de asa à banda, e a chá e torradas para acalmarem os nervos, e recuperarem de tanto pessimismo. Veremos se estarão recompostinhos no Domingo para um passeio e piquenique, com muitos acepipes, ali no vale da Serra da Arrábida ou na praia da Anicha...

Se chover teremos de encontrar outra localização para o encontro... por agora, manteremos o otimismo!

24
Fev23

Madonna...

As mamitas


Cotovia@mafalda.carmona

  • Ou os padrões e os descobrimentos nas linhas das estatísticas do blogue da Cotovia e Companhia e outros descobrimentos e desaparecimentos perturbadores e inquietantes, vidas suspensas, vidas roubadas, que se refletem em carcaças de prédios e em latas de atum.

Confusas, Pessoas? Vamos por partes.

A vida é uma grande "salganhada", se houver quem consiga, a modos do Bonaparte, o Napoleão, por toda a parte, conseguir compartimentar os eventos e acontecimentos da vida, que maravilha! Essa capacidade não se aventurou a mostrar-se aqui. Por aqui, impera, já que estamos a falar, também, de imperadores, uma espécie de confraria democrática de mosqueteiros, todos (os assuntos, claro) por um e um por todos.

E, estes todos por um e um por todos, seriam mesmo um fator decisivo para evitar as ditaduras, pequenas e grandes, assim se mantivesse a união entre as Pessoas e Nações.

Por ordem de importância:

As carcaças dos prédios. Onde? Na Ucrânia. Quando? Desde há 365 dias... +1, ou mais quantos forem necessários para a Guerra terminar (com a preservação da soberania da Ucrânia enquanto nação livre, europeia e democrática), é uma incógnita, visto que esta invasão, guerra por declarar pela Rússia, na persona (non grata, pelo menos neste canto da Cotovia) do imperador do terror e seus fantoches, além de ser ato de terrorismo, serve apenas a megalomania de um ditador, e portanto é o que temos quando viramos as costas e fechamos os olhos a quem desta forma esventra, viola e assassina a humanidade, impunemente.

Para trás fica o quotidiano dos mortos, entre os destroços nas cidades, nos prédios as divisões à vista com mesas postas e uma refeição de uma família em suspenso, para a eternidade, como testemunho mudo que grita mais alto do que todas as mentiras de Putin.

Esta imagem, transmitida nos noticiários, facilmente confirmada por amigos da Ucrânia, é espelhada também nas primeiras linhas do prólogo de um dos livros, última aquisição aqui do ninho, da autoria da escritora e jornalista, Catarina Reis, "O homem que via no escuro - a Lisboa de Bruno Candé":

SmartSelect_20230224_124441_Chrome.jpg

Fundação Francisco Manuel dos Santos, fotografia da capa: Projeto "Pelos Teus Olhos." Autora Catarina Reis, 2023.

"Prólogo: porque falamos de Bruno Candé.

No dia em que morreu, Bruno Candé deixou em cima do balcão da cozinha dois ovos já cozidos, um frasco de feijão frade por abrir e uma lata de atum a escorrer. Estes elementos eram já representação de uma vida em suspenso, uma refeição pronta que nunca aconteceu, (...) Não foram só os ovos, o atum e o feijão: um bairro inteiro ficou em suspenso quando aqueles três tiros arrebataram Bruno numa avenida de Lisboa.(...) Naquele dia de 2020, Evaristo não sabia que estava a matar um pai de três filhos. "Não lhe dei tempo" de falar, afirmou em tribunal.(...) era ele o homem que militava com otimismo, que escolhia dar o benefício da dúvida tanto aos oprimidos como aos opressores. Era o homem que via luz no escuro. "Eu tenho amigos brancos, de todo o lado, e eles não me tratam de forma diferente", advogava. A maneira como morreu soar-lhe-ia talvez a uma história de ficção. Pelo menos, em Portugal".

Enquanto isso, aqui em Portugal e no mundo que não foi invadido e obrigado a fazer a guerra, continuamos com as nossas vidas, a tentar fazer o melhor que podemos com o que temos, e, quando isso não é suficiente, fazer como o António Variações, o nosso "anjo da guarda" português, que seria um Prince ou príncipe, só que não, e desta vez pela voz de Marisa Liz:

"(...) O tratado de paz foi rasgado/ Já começaram a fazer ameaças/ O poder já está descontrolado/ Estão-se a embriagar/ De bombas/ E os dedos já querem apertar / Vou protestar / Denunciar, vou alertar(...)

Já o José Cid padece do mesmo, poderia ser um Sir Elton John, os inúmeros prémios e reconhecimento internacional, são verdades que falam por si.

Por si também falam as curvas das estatísticas do blogue, que não param de surpreender, não pelo número visualizações, mas pelas configurações,  umas vezes remetem para o Brasil, outras para... a inicial M de Madonna, a rainha da Pop e imperatriz da controvérsia ( interna,  tanto quanto mediática).

SmartSelect_20230224_130349_Chrome.jpg

Não fosse passatempo da Cotovia observar os padrões, coincidências de formas, no voo dos pássaros e nas nuvens a passar, umas vezes parecem mesmo outras aves lá em cima a voar e logo se desfazem, divagam, transformam noutro bicho ou coisa qualquer... em inspiração com sorte, um descanso sem dúvida, uma pausa se um pisco aparecer a curar o coração com a visita de médico tão breve quanto alegre, a confortar quando a bondade do Mundo continua a resistir.

SmartSelect_20230224_130311_Chrome.jpg

Por vezes até a permitir no meio do caos, a leveza suficiente, para descobrir nestas linhas, as das estatísticas, um toque de malícia, sem maldade* e a fazer jus a todas as Madonas, a perder as cores, como escreveu José Luís Peixoto para os Da Weasel, para a música da banda de Almada, "Negócios Estranjeiros":

"Por cá, a sua presença, senhor presidente, é urgente no Intendente. Tem pouca diferença de uma assembleia das Nações Unidas, a sua presença pode ajudar a salvar vidas vindas da Ucrânia, da Roménia ou da Moldávia, de Moçambique, Cabo Verde, Angola, porque o mundo, senhor presidente, não é mais do que uma bola talvez colorida, talvez entre as mãos de uma criança, mas esse mesmo mundo, senhor presidente, perde cor todos os dias (no largo do Intendente).

In álbum de estúdio Amor, Escárnio e Maldizer, 2007.

P.S.

* ou com muita maldade, dos que nada os faz largar a ma... dona do poder.

P.S.#2 

Relembrei a mim mesma, porque suponho a generosidade e bonomia das Pessoas que por aqui passam no blogue, as impediu de fazer a chamada de atenção necessária, este blogue tinha como objetivo, um deles, para além dos que aqui têm sido, até exaustivamente, apontados - mesmo se apontar é feio, mas mais feio é fazer promessas que não se cumprem - cumprir com o acordo ortográfico! Reparem que até eliminei um "hobbie" que substitui por passatempo.

P.S.#3

E não que as consequências deste incumprimento sejam tão graves como o incumprimento do que foi prometido no acordo com a Ucrânia aquando da sua desnuclearização, que quanto a mim, tal como o Bruno que acreditou em segundas oportunidades, foi de uma grande confiança na humanidade, mas que só resultou na própria desgraça, quando os "Evaristos" continuam a fazer o que entendem com uma maioria a fechar os olhos e a pensar: não é nada comigo...chama-se a isto mesmo o quê? Lembro- me que nas aulas de história na parte do estudo das causas para a segunda grande guerra, se apontar ( lá estou eu mais minha asita apontadora, ou mais, anotadora, neste caso) como "conivência", também ela uma palavra muito feia, como podem constatar.

P.S.#4

E perguntam vós Pessoas, as que chegam ao post scriptum número 4, o título para o novo "Diálogo da Cotovia " neste espaço do Sapo.pt. poderia ser "uma grande salganhada"? Poder podia, mas como disse aos seus filhos o autor, diretor, roteirista e ator brasileiro Marcos Vianna Caruso, ( noutra publicação da Cotovia e Companhia, aqui) acerca do bem e do mal, em resposta à questão do "Pai eu posso?": 

"Meu filho, poder você pode tudo... Agora, será que deve?"

 

08
Fev23

As cobras e as ervas daninhas


Cotovia@mafalda.carmona

  • Volta e meia aqui no blogue da Cotovia e Companhia "aparecem" (pois ao que parece cada um tem a providência que entende, incluíndo a divina, porque, para alguns o divino já não é o que era) várias escritas sobre primos, como a Gralha e o Pisco, e mais ainda sobre amigos improváveis como o Sr. Salmão, a Srª. Toupeira, a Srª. Formiga, o Sr. Elefante entre outros como o afável Sr. Porco.

Hoje, (e o uso desta palavra é no sentido reforçado do "carpe diem" ou como disse António Feio, não deixar (mesmo!) nada por fazer, nada por dizer, Hoje!

Não num futuro hipotético, mesmo se esse futuro parecer próximo, pode não chegar, e a única coisa garantida é (mesmo!) este !Hoje!

E neste que é o 51" post da Cotovia e Companhia, vou refletir sobre as vidas do Sr. Melro e da Srª. Cotovia.

Os melros, com o seu canto tão melodioso, audível no final da tarde (mas não só), quais rouxinóis do ocidente, sobrevivem e prosperam.

Enquanto isso, as cotovias, aparecem e desaparecem, sempre muito atarefadas, e o seu canto é apenas audível para os madrugadores. São tão esquivas que quando avistadas raramente há tempo para registar o momento. Pela sua capacidade de se elevarem muito rapidamente no ar, ou com brusquidão se deixarem cair, representam, para os Gauleses, a incapacidade de serem perseguidos e a vitória sobre os elementos(¹). Quanto ao seu canto na manhã é, ao contrário do melancólico melro, o canto da alegria... e talvez por isso as avistemos cada vez menos (as reais e as metafóricas).

SmartSelect_20230208_164207_Chrome.jpg

(¹) Artigo mito-literatura-e-folclore-cotovia blogue no Sapo "Vida Magia"

Assim, pus-me a pensar na vida dos melros e das cotovias, não como Shakespeare (ou talvez um pouco na sequência da cotovia anunciar a madrugada e com ela a separação de Romeu e Julieta, e não faço grande spoiler ao revelar tratar-se da separação pela morte) mas porque são facilmente observáveis, e, a propósito de cotovias e melros cheguei a duas conclusões (ou talvez mais, já se vê...):

1ª.) Em relação à cotovia, "não é por muito madrugar que amanhece mais cedo";

2ª.) Em relação ao melro, "a melhor defesa é o ataque" e "a união faz a força".

Pois serão três ditados populares, como sabemos, porque "não há uma sem duas nem duas sem três".

Será? Será que os ditados populares fazem sentido? E a observação do comportamento das outras espécies permite-nos obter dados suficientes para chegar a conclusões sobre o comportamento dos seres humanos, ou são extrapolações?

Veremos (ou nem por isso) neste monólogo da Cotovia.

Vamos por partes, começando pela observação do comportamento dos melros.

Constato que onde há um melro, há sempre mais outro, no mínimo.

Outra constatação é que são extremamente ciosos do seu território. Sempre a bicar na terra, ainda têm tempo para se porem em posição de agachamento em andamento (não sei se o fazem para serem mais rápidos e furtivos, ou por alguma consideração aerodinâmica que só os melros conhecem...), para irem correr com os pardais (não no sentido de um treino para a meia maratona das aves, é correrem com os melros dali para fora). Esta é uma tarefa difícil porque os pardais se apresentam em bando, e, quando se levantam uns de um lado, logo outros estão no outro, tanta agitação acaba por saturar o melro, que fica num rodopio para trás e para a frente, e não há técnica furtiva, ou aerodinâmica, que resista.

Com os piscos, os melros são mais tranquilos, eventualmente não concorrem pelos mesmos petiscos, nem locais de nidificação.

Agora com as rolas, embora a participação destas seja diminuta, os melros fazem autênticas exibições de técnicas de voo dignas de batalhas campais, qual gato nos quintais em noite de lua cheia, só que de dia, embora não contagiem o comportamento das rolas, que se mantém imperturbáveis, como pássaros comportados e muito calmos, continuam lá na sua vida de rolas amorosas, e maioria das vezes só vêm beber água (a fazer lembrar as histórias da avó C. das rolas-meninas que se escortanhavam, parece que o termo correcto é escortinhavam, segundo o iscte - iul.pt, todas nos tanques de lavar roupa, talvez mensagem feminista que a avó C. tentava transmitir, de modo subliminar, pois na época as senhoras comunicavam com um código mais secreto que o "Codigo da Vinci" de Dan Brawn, mas isso tem de ficar para outra altura e outras investigações) e, por isso, depois de tentarem fazer pressão passiva, insistindo um pouco para tentar passar as defesas do melro, enquanto este dá piruetas malucas no ar em acrobacias frenéticas (e de certo desgastantes) as rolas desistem, e levantam voo na vertical, naquela sua forma característica como se tivessem a certeza de ter todo o tempo do mundo ( não estarão preocupadas como eu com esta questão do... Hoje)

Coisa extraordinária, observada num certo dia no quintal, um casal de melros (a confirmar, como disse, que quando há um melro há sempre mais outro) a defenderem o seu espaço aéreo de...um...corvo!

A coisa deu-se mais ou menos como na lengalenga do chinês:

Eram três, dois melros e um corvo, o corvo mais audaz lança-se em voo e zás trás! Mas pensam que o corvo os venceu? Nah, vou contar como foi.

Foi assim:

Os melros juntaram-se os dois, em voo directo com os bicos na frente para chegarem primeiro e mais rápidos, ou lestos, a esbravejarem e a baterem as asas, enquanto bicavam o corvo, que sem perder tempo nem olhar para trás se pôs em fuga. Os melros, com um terço do tamanho do corvo, mas como o tamanho não interessa nada, que o diga o "Tomy", o Cruise claro, também nas suas peripécias pelos ares em aventuras cinéfilas, lá foram a escoltar o corvo, um de cada lado, tal qual caças F-39, até ao limite do que consideram o seu território, a cerca de uns, valentes, 100 metros de distância do ninho.

Conclusão, manter uma atitude vigilante para defender o território, é cansativo mas efectivo.

É a chamada "Guerra da Paz" como no título de um livro de Vernor Vince, escritor de ficção científica, lugar onde deveriam ficar todas as absurdas (estúpidas e destrutivas entre outros adjectivos, como se já não fosse tragédia e sofrimento suficientes os provocados por cataclismos naturais, terramotos, maremotos, incendios e pandemias) guerras da actualidade, já que nas passadas em nada podemos interferir, e nem sequer inferir factores dissuasores de novas guerras.

Em ramificação desta primeira conclusão poderemos ir buscar um ditado muito popular (desculpem-me as cobras e víboras), "às cobras e às ervas daninhas, cortam-se as cabeças quando são pequeninas"... Ou seja, enterrar a cabeça debaixo da areia como as avestruzes, ou fazer de conta que não se está a passar nada, não previne mal nenhum (nem na guerra, nem na saúde, nem, já agora, nos relacionamentos).

Para reagir a qualquer situação, é agir com pro-atividade, desde cedo (para isso tem de haver atenção e informação), prevenir com práticas saudáveis e assertivas mas eficazes. E porque "uma única maçã estragada pode dar cabo de uma cesta inteira", consegue-se, através da união, resolver atritos e correr com aqueles que querem por a pata, no caso, o bico, em ovos de ninho alheio. Sejam os melros, sejam os pardais, que unidos e apesar de em desvantagem inicial, ganham a força necessária para alcançar a segurança da Paz.

Chegaremos ao ponto evolutivo enquanto Humanidade de a Paz se fazer sem guerra? Nessa altura escreverei novo monólogo sobre o tema (ou outra cotovia resistente que esta não fica para semente nem matusalém).

Por agora concluo que a resistência e a união é a opção para impedir e travar a caminhada para a extinção, da humanidade, das cotovias e do planeta.

Viva a resistência!

E já agora, como remate final, "quem com ferros mata, com ferros morre." no sentido de que "quem anda à chuva molha-se." e também, infelizmente, "uns comem os figos, outros rebenta-lhes a boca." e, "pelo pecador paga o justo.". E ainda, não contem comigo para alinhar no provérbio  "pimenta nos olhos dos outros é refresco." pois se puder impedir não ficarei de braços cruzados, perdão, asas caídas, e até os F-39 ficam de asa à banda, que isto na vida " tão culpado é o que vai à horta como o que fica à porta."

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Quem é esta Cotovia?

Sigam-me Noutros Vôos

{Instagram}

{Cotovia} Instagram Feed

{Facebook}

Ilustração Perfil @mafalda.carmona

Vôos de Outras Aves

Calendário

Dezembro 2023

D S T Q Q S S
12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31

Voar ao calhas

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
Blogs Portugal

{Cotovia} em Colectânea

Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

{Cotovia} em Antologia

Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

{Apoio à Vítima}

A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

{Notícias Sobre a Ucrânia}

A UE condena com a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Apelamos à Rússia para que cesse imediata e incondicionalmente todas as hostilidades, retire o seu pessoal militar e equipamento de todo o território da Ucrânia, no pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. A UE apoia os princípios e objetivos fundamentais da fórmula de paz da Ucrânia enquanto via legítima e credível rumo a uma paz global, justa e duradoura.
Em destaque no SAPO Blogs
pub