“Vai ter de superar”
Dia #4/100
Cotovia@mafalda.carmona
- De “Vai ter de superar” a “Tende Piedade de nós”, aquilo que Giulia Be tem para nos dizer……ou como as palavras de Giulia Be e as de Eça se misturam quando a vida se disfarça de novela com um péssimo casting, orçamento quase zero, e nos dá cabo da existência.
Começo pelas palavras de Eça de Queiroz em “O sr. Diabo”:
“Como está provado que sou redondamente inapto para escrever Revistas, (…) é justo, ao menos, que de vez em quando conte uma história amorosa”.
Esta parte sempre me animou, afinal ser um prodígio da escrita não significa ser proficiente na escrita para revistas, ficamos todas mais descansadas, eu e as 7 pessoas que seguem a Cotovia e nas estatísticas do Facebook oscilam entre 2 a 20 (vá-se entender…), que isto de escrever em revistas não é para todas…
Na sequência desta introdução pergunta-nos pelo próprio, o tal, o indizível.
Indizível sim, pois não posso falar por vocês pessoas, mas, no meu caso, só o menciono quando em desespero de causa, num dia como o de hoje, apelo ao “ vai de reto satanás 3 vezes volta para trás!” como medida para fazer “reset” ao dia se este acordou para o lado da “cepa torta”, medida nem sempre suficiente porque os problemas são um bocado teimosos e não respeitam nada nem ninguém.
Assim, pergunta o Eça:
Na primeira questão, faço de conta não estar consciente da sua existência… se conheço?! Quem? Hum, não, não estou a ver, não mesmo… por isso, disfarço e fixo a atenção na frase:
”E todavia, em certos momentos da história, (…) é o representante imenso do direito humano. Quer a liberdade, a fecundidade, a força, a lei. (…)”
Depois de alguma luta com o corretor gramatical a insistir na colocação de uma virgula logo a seguir ao “E” inicial, dispensável para Eça senão tê-la-ia posto, penso alto: -Ah, algo de positivo!
Pronto e aqui fui atirada para as palavras de Giulia Be a dançar ao ritmo de “chiquita suelta”- a liberdade-, o “Vai ter de superar-á-á-ar”- a força, “Óh meu Deus, tende Piedade de nós”- a lei, e o brotar da própria obra criativa de uma fonte aparentemente inesgotável e para mais energética– a fecundidade.
E concluí:
Isto na vida das pessoas famosas e, ou, bem-sucedidas e, ou, talentosas, parece existir a concomitância destes fatores: liberdade, força, lei e fecundidade.
Haja energia, para além de alegria, neste dia da Cotovia ( e no vosso), ao ritmo de musica pop, porque não?!
P.S.
A vida é sempre aquela dança, onde não se escolhe o par. Por isso às vezes ela cansa, e senta um pouco para chorar."
de Chico Buarque