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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

08
Nov24

Viagem


Cotovia@mafalda.carmona

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Viagem de Outono

 

Passo, devagar, deslizo.

O reflexo escorre no vidro,

no verso de um espelho invertido,

pelas janelas e calçadas da aldeia

quebradas em mil pedaços,

e, nesses pequenos recortes, 

de todo, não me recordo.

 

O Outono arranha-me a pele

curtida pelo breve sol de verão,

e sopra de rompante entre os ramos,

verdes envelopes por enviar,

adormecidos nas frondosas copas 

na floresta de árvores dançantes

que aguardam memórias errantes.

 

Toca harmonias sem nome,  

em melodia que desce pelos dedos, 

e dança até ao rio que corre, sempre,

por baixo de pontes, esses e amores,

licores, queijinhos, tortas tão doces,

massa requebrada em mil folhas

de um amor por escrever.

 

Os anos em queda livre 

são bilhetes de comboio,  

a marcar todas as estações, 

de um destino sem ilusões,

logo no início da carruagem

em palavras expostas ao vento,  

espessas, desfocadas pela voragem.

 

Eu, tão só, comemoro,

e demoro-me no caminho,  

onde os passos lançam o eco 

que a chuva absorve num poema 

esquecido num banco de uma praça,

recanto de uma fantástica viagem, 

assim, por ventura, serena.

 

Escasso é o tempo para a viver

de incerto tom acompanhada

pelos que passam através dos dias,

e se demoram em linhas de escrita,

compassos desafinados de uma sinfonia 

que vamos deixando para trás,

durante toda a nossa vida.

 

@madalda.carmona 08.11.2024

 

Como prometido aqui partilho mais um poema a uma sexta-feira, uma melancólica viagem, que espero seja melódica apesar de verso livre.

Na medida que o outono se instala, as folhas que caem e as cores desbotadas da estação convidam para um ritmo mais lento, quase meditativo. Talvez, seguindo o exemplo da natureza, também precisemos desses momentos de quietude para reflectir sobre os fragmentos que vamos deixando pelo caminho. Este poema, "Viagem de Outono," passa pelas paisagens das memórias, momentos, e pedaços de nós mesmos que, ao longo do tempo, vamos deixando para trás.

 

Convido-vos a percorrer esta viagem, onde a passagem das estações se mistura com as lembranças que o tempo guarda, ou aguarda, nas memorias futuras que construímos hoje, assim façamos delas as mais belas que conseguirmos.

 

Bom fim de semana, Pessoas!

 

#viagemdeoutono #poesiaportuguesa #poesiavisual #outono #poetaportuguesa #reflexões #natureza #memória #tempo #solidão #vida #passagemdotempo

#poesiaintrospectiva #versos #amorpelapoesia #poesiaautoral 

02
Nov24

Mulher Poeta Pandemónio


Cotovia@mafalda.carmona

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 Mulher Poeta Pandemónio 

{Soneto}

 

Ó mulher de mãos frias, coração quente,

Criatura errante, é teu o incerto tempo,

E a tua vontade segue um cata-vento,

Pois muda veloz e curva num repente.

 

Queres que me guie pelo que tu sentes,

No que invocas como o mais puro lamento,

Mas logo renegas em outro momento,

Reverso irreal das palavras ausentes.

 

Como vou gerir o fugaz sentimento,

Pois iludes as mais eloquentes paixões, 

E suspeito que és um quebra-corações.

 

Agora diz-me ó mulher em tal tormento:

Porque foste tu chamar o Pandemónio?

Quando cessará a luta contra o tempo?

 

Escreve mulher, não faças gazeta,

Respiras em versos, és vera poeta.

 

@mafalda.carmona 01.11.2024

 

Olá Pessoas!

Depois de uma pausa, volto ao espaço onde as palavras fazem tanto sentido. Venho pela amizade de todos os que me acompanham e pela força de cada partilha, neste primeiro dia de Novembro em que celebro o meu 56º aniversário, e tal como no ano em que nasci, uma sexta-feira, o meu dia preferido. A data que activamente escolhi para regressar reflecte as minhas inquietações em relação ao tempo e à sua tirania sobre a vida, dois conceitos que dançam e nos fazem dançar em círculos de humana e belíssima imperfeição.

 

Se me perguntarem se fiz coisas espantosas ou grandiosas neste tempo de pausa, a resposta é que me limitei a cuidar. Cuidar de mim, de descansar, cuidei do sono, das rotinas, da alimentação saudável, tentei começar a prática de exercícios simples a par de fisioterapia. Cuidei das emoções, sobretudo de as gerir em lugar de as evitar, e de aprender a guardar momentos na agenda livres para cuidar de mim, do lazer, da descontração. Cuidei de sonhar, de ser, sempre, ambiciosa no amor, no amor ao próximo, pela natureza, pela simplicidade, pela tranquilidade, pela paz.

 

Também li mais, descobri novas autoras, como a Maria Gabriela Llansol, a Teresa Veiga e como não? A Han Kang (confesso não conhecia). Reli também outra escritora, a Pearl S. Buck, de quem sou fã desde que me lembro de ler, Nobel da Literatura três décadas antes de eu nascer, em 1938. Mais livros que estou a ler: Miguel Esteves Cardoso, Como escrever; Haruki Murakami, Em busca do Carneiro Selvagem; Gonçalo Cadilhe, Um lugar dentro de nós.

Mas no que respeita a leituras, acho que neste momento a estante dos livros para ler tem mais volumes do que a dos livros lidos, situação potenciada por recorrentemente reler obras que me apaixonam, pela segunda ou terceira vez.

 

Neste meu vôo, que certamente continuará incerto, não vou negar a minha natureza, nem o fascínio e encanto que tantas coisas neste mundo exercem sobre mim, quero convosco estabelecer o compromisso de equilíbrio em fazer novas publicações todas as sextas feiras. Que as palavras continuem a ser nosso ponto de união, em que o individual faz parte de um todo muito maior. 

 

Para celebrar este dia, escrevi um novo poema, que partilho nesta publicação, "Mulher, Poeta, Pandemónio".

Viva! Vivam! Desenvolvamos o potencial que existe em nós, valorizemos o que nos faz felizes e nos traz alegria, priorizemos o amor e a paz que temos. Sou imensamente grata a cada uma de vós. 

Obrigada por estarem presentes. 

Obrigada pela espera, Pessoas!

 

Com carinho, Mafalda.

 

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30
Jul24

Viagens


Cotovia@mafalda.carmona

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Viagem por Mim

{Poema livre}

 

Mulheres e homens, tantas as viagens,

pessoas inteiras, mentes inquietas,

nelas me achei, por elas me reencontrei,

não vão sós, nem estão desacompanhadas.

 

O troar do galo abre a manhã ingénua,

pano de verão que cai pelas colinas,

vai até ao balão de Paris olímpica,

é vila cidade de jogos perpétuos.

 

Por Veneza nadam arranha-céus, deitados,

cruzeiros refletem estranhas miragens.

Catedrais discretas, secretas figuras,

povoam lagunas, guardam passagens.

 

Desde as ilhas a sul, até à Islândia 

saltimbancos das águas e oceanos,

em vôo de Bijagós, vogam nas paisagens,

irão aventurar-se, e, talvez, enamorar-se.

 

Cantam belugas brancas no mar de Nunavut,

por entre a tundra, sons pintados em glória.

Nas ruas das cidades da Venezuela,

secam mudas raízes com fome de história.

 

Por todo o lado gente desprotegida,

escombros de jovens vidas derruídas.

Do oeste ao oriente, esmorecem continentes,

foge a paz no desespero das memórias.

 

Há ainda esperança no imponderável,

mãos que se amparam no intervalo do medo,

um toque de fé, ténue luz nas ruínas,

e amanhece a vontade por mais um dia.

 

Cardumes de palavras no mar do Cabo,

correm por mim tantas vozes em poesia.

No azul mediterrâneo, crianças,

vêm nas marés, são ondas desfeitas.

 

Quem me dera sabê-las no meu quintal,

no pequeno rectângulo de Portugal.

Investidas de um sabor tão especial,

temperadas de vento, bravura e sal.

 

Seria bom viver em serenidade,

encontrar um lugar dentro do respirar

das pessoas de incomum sensibilidade, 

que, em mim, felizes, estão em viagem.

 

 

@mafalda.carmona 28.07.2024

 

Este poema foi escrito como resposta ao desafio de segunda-feira da @ofeliaempoesia , com inspiração e, ou, influência do poema de Mia Couto, Carta, in Raiz de Orvalho e Outros Poemas -Ed. Caminho Grupo Leya-, e na escrita de Gonçalo Cadilhe, in Um Lugar Dentro de Nós, Ed. Clube do Autor, e no poema de Andreia C. Faria, Tenho Inveja do Vulcão:

 

Tenho inveja do vulcão 

Tungurahua, Etna, Vesúvio 

são nomes de perfeita percussão 

 

Mesmo o Stromboli, com seu

nome de palhaço feliz,

deu ao cinema um ombro agreste

para contracenar com Deus

 

Dickinson, que nunca viu um vulcão 

(bastava-lhe não ter visto uma catedral),

ficava em seus degraus e trazia-o

pela mente até à cerca do quintal

 

As fúrias do vulcão são amadas 

por quem ele despe e desfeita

(A lava, crêem, é a pura língua 

do diabo que beija o sovaco)

 

Também eu, ao chegar a casa, resmungo

para o ar, e no escuro a minha boca

escuta a sezão das estrelas

 

Mas a mim ninguém me ama

Como um prometeu incapaz do fogo,

sóbrio sísifo subo a encosta 

e escrevo tensos versos que coxeiam

 

"Não são as pessoas que fazem as viagens, mas sim as viagens que fazem as pessoas." John Steinbeck 

 

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23
Jun24

Tanka de Domingo


Cotovia@mafalda.carmona

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Tanka {Versão em Português}

 

sol que vem libertar a alma

 

na pureza côncava

é líquida a superfície

de antiga baixela

 

poeira em luz de verão

vive em tónica imperfeita

 

Este tanka é inspirado na tradição de Masaoka Shiki, uma figura central na poesia japonesa moderna. No final do século XIX, Shiki revolucionou as formas do haiku e do tanka ao enfatizar a observação e a beleza da natureza e do quotidiano simples e imediato. Na sua curta vida, e em função da doença e limitação física, permaneceu muito tempo no seu pequeno quarto, de onde tinha vista para um minúsculo jardim. Dos 26.000 haikus que escreveu, a maioria retratou o imediato contexto físico e também as visitas de amigos, da sua irmã e da sua mãe.

Neste tanka, o título complementa o poema, refletindo uma interpretação contemporânea deste formato, que me apaixonou após uma certa estranheza inicial pela sua característica forma minimalista e sucinta.

Espero que gostem deste tanka, num exercício poético de como ele pode existir no século XXI, numa interpretação que tem muito potencial para o praticante poder ver o mundo com foco nos mestres da antiguidade, numa luz renovada.

 

Não sei se partilham deste encantamento pelo tanka, Pessoas, nem quais sentimentos ou imagens este, e no geral, os Tankas vos proporcionam. Compartilhem as vossas impressões e pensamentos nos comentários, serão muito bem-vindos.

Viva a poesia, e viva a dinamização de todos os formatos, da aldravia ao tanka, do haiku ao villanete, do soneto ao verso livre, das ecfrases à prosa poética!

Feliz Domingo, o primeiro deste Verão 2024!

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{Cotovia} em Colectânea

Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

{Cotovia} em Antologia

Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

{Apoio à Vítima}

A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

{Notícias Sobre a Ucrânia}

A UE condena com a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Apelamos à Rússia para que cesse imediata e incondicionalmente todas as hostilidades, retire o seu pessoal militar e equipamento de todo o território da Ucrânia, no pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. A UE apoia os princípios e objetivos fundamentais da fórmula de paz da Ucrânia enquanto via legítima e credível rumo a uma paz global, justa e duradoura.
Em destaque no SAPO Blogs
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