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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

14
Ago23

Ser... abecedário...#3


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20230813_235113.jpg

  • (3)...ou, em vez de hoje seguir com o desafio dos pares de palavras iniciadas pela mesma letra, aqui fica um poema com as letras todas do abecedário, com a autorização da autora, a querida poetisa Maria João Brito de Sousa do blog poetaporkedeusker que, como sempre, nos encanta com palavras que voam em poesia.

No blogue poetaporkedeusker podem encontrar um novo poema todos os dias, é caso para dizer, "um poema por dia, não sabe o bem que lhe fazia", mas neste caso, sabemos, bem, o bem que nos faz, e é uma alegria.

É também com grande alegria que agradeço à Mª. João por ter concordado com esta partilha extraordinária aqui no pequeno canto da Cotovia, muito obrigada Maria João Brito de Sousa!

Para ilustrar o poema, a fotografia (3) é de um desenho do meu neto, um auto-retrato, que me pareceu muitissimo adequado para acompanhar este poema da poetisa Maria João Brito de Sousa, de título, "Abre os Braços à Vida".

A todas vós, Pessoas, outras aves, seja Cotovias, Corvos, Guarda-Rios, e também Aliens, entre outras, ou seja todas, todas, todas, vos desejo uma boa semana, muita Saúde e Paz.

E... Viva a Poesia!

 

Abre os Braços à Vida

*

Abre os braços à vida, besta louca,

Besta da forte chama que arde em mim,

Concede-me mais tempo antes do fim

Daquilo que sei ser: humana e pouca!

*

Devolve-me a revolta em mar convulso,

Envolve-me em calor, em força ardente,

Firma na minha mão, neste meu pulso,

Glórias vindas dum doce antigamente!

*

Hera, não mais serei, evoco Marte,

Irei buscar Neptuno às profundezas,

Já que a Terra ameaça em toda a parte,

Kafkiana de inocência e de certezas...

*

Lacónico, este chão que piso e que amo,

Mede-me cada passo que não dei,

Nenhum tempo concede o que reclamo,

Oprime repetir-me o que já sei...

*

Passado não me falta. Só futuro.

Qual futuro?, pergunta-me a razão

Rindo de mim no nada em que procuro

Sombras de mim na antiga dimensão...

*

Tomba um entardecer como os demais,

Urdo, eu, um novo sonho amanhecendo,
Vibra ainda uma corda, um eco, uns ais
Wagnerianos, dóceis no crescendo,
*
Xaroposos, venais, enjoativos...
Yolo!,* grita-me o mar ao descobrir-me,
Zero!, mostra-me a Terra, que é dos vivos.
*
Maria João  Brito de Sousa

04.03.2020 – 14.29h

21
Jul23

A Cotovia...

Escrita Leituras Poesia Soneto


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20230721_091632.jpg

(1)...em aparição na versão de Raul Brandão de "Os Pescadores" foi uma grata surpresa, ou até um espanto, descobri-la nas páginas deste livro, que não resisti adquirir. 

IMG_20230721_095705.jpg

(2)"(...) Quando regresso do mar venho sempre estonteado e cheio de luz que me trespassa. (...) Torno a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco prolongado... Basta pegar num velho búzio para se perceber distintamente a grande voz do mar. Criou-se com ele e guardou-a para sempre. - Eu também nunca mais a esqueci..."

IMG_20230721_091659.jpg

(3) Não lia Raul Brandão desde a minha juventude, e o seu nome remete-me sempre para um outro autor, Aquilino Ribeiro, num dos meus livros preferidos da altura, a saga dos Brandões, no romance "A Casa Grande de Romarigães" de 1957, lido nos anos finais dos anos 70 do... século passado... fascinou-me então pela abordagem da história desta família desde o tempo dos " Filipes, mas que se estende por inúmeros momentos marcantes da nossa História, nomeadamente a Guerra da Independência, as Invasões Francesas e a Guerra dos Dois Irmãos." conforme sinopse da obra no site da biblioteca Bertrand, que podem ver aqui:

https://biblioteca.bertrandeditora.pt/reader/index.html#!/

E por associação também me remeteu para a introdução do eucalipto no nosso país, para alimentar a indústria da pasta de papel, com a consequente destruição do habitat e equilíbrio ecológico da nossa paisagem com a introdução destas árvores, vindas da Austrália que se consideraram úteis, além da elevada rentabilidade económica, para a drenagem de zonas alagadiças e pantanosas, as quais em poucos anos produziam milhares de toneladas de madeira para a pasta de papel.

 

Mas, não é de eucaliptos nem da Austrália, continente e país que um dia gostaria imenso de visitar, e que seria, a acontecer, digamos a viagem da vida da Cotovia, que este postal vem retratar, mas sim este livro "Os Pescadores", nomeadamente o capítulo referente aos pescadores de Sesimbra (Lisboa, Setúbal , Sesimbra e Caparica), com a descrição rica de um ambiente que não existe mais, e até o caminho pela que é hoje a nacional 378, é relatado nas suas inúmeras particularidades, assim como os especiais pescadores de Sesimbra e a sua solidariedade descritos do seguinte modo:

"(...) à esquerda o dorso formidável da Arrábida e algumas casinhas juntas com lindos nomes rústicos - Quintinha, Sant'Ana, Cotovia. Estamos perto. A carripana vai descendo para Sesimbra pela estrada em torcicolos"

(...) Este homem é de instinto comunista. Se um adoece, os outros ganham-lhe o pão: recebe o seu quinhão inteiro. Se morre, sustentam-lhe a viúva e os filhos entregando-lhe o ganho que ele tinha em vida. (...) O produto das artes é dividido em quinhões iguais pela companha. A pesca do anzol é uma espécie de cooperativa, e a barca quase sempre dos pescadores.(...)

Já nesta mesma semana, estava a Cotovia a ver um filme em sessão com direito a pipocas, quando aparece a seguinte frase, também ela relacionada com Pescadores:

"A ambição de um homem nunca deve ultrapassar o seu valor"

Como pertenceu ao diálogo de uma personagem, não faço ideia se é uma citação ou uma criação, mas no contexto, fez-me reparar no pormenor de que apenas uma letra separa a palavra Pescador da palavra Pecador.

E como, de voo em voo, todos os eventos levam a Cotovia à Poesia, fui aterrar na escrita deste soneto, pois que as nossas paixões se revelam nas mais pequenas coisas, e o soneto é uma paixão, tal como diz a querida Poetisa Maria João de Brito na apresentação do seu blogue poetaporkedeusker:

"(...) porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem."

 

E aqui fica mais um poema da Cotovia, em exercício de aprendizagem do formato de soneto em verso alexandrino, espero que gostem!

 

Navega o Pescador nesse Mar das Palavras

**

Adivinhasse quem revolto mar aporta,

Soubesse o que convém, saberia ao que vem.

Tempestade a nascer de alva e doce nuvem,
Mas célere a forjar tirânica comporta.
*

Que nome tem então o eterno Pescador?

Ou será outro alguém a quem de facto importa?

Nessa alvorada atroz quando a navalha corta,

Recolhe o fundo anzol onde germinou a dor?

*

Desencanto e traição, arpão na alma entranhado,

Desinquieto mar de ondas tremeluzentes,

Maré surda a afogar desastre sonhado.

*

Nenhum pesar desfaz rumo mal ordenado,

Inverte a subversão de torpes maldizentes,

Nem resgata o azul céu a quem foi abandonado.

****

Mafalda Carmona 

21.07.23 | hr. 8:45

editado em 21.07.23 | hr.16.58

(1), (2) e (3) Fotografias da capa, orelha e página 123 da obra de Raúl Brandão, "Os Pescadores", Book Cover Editora, ed.outubro 2020 ISBN: 978-989-8898-69-2

P.S.

Notas de aprendizagem poética, soneto alexandrino:

"Um alexandrino "vero" tem de ser dividido em dois hemistíquios de exactamente seis sílabas poéticas cada um. Assim sendo, aqui temos "ta, ta, ta, ta, ta, TÁ//ta, ta, ta, ta, ta, TÁ". 

Ou acabamos o primeiro hemistíquio com uma palavra aguda - pão, fiz, farei, amanhã, etc. - 

ou caso acabemos com uma grave ou paroxítona - minha, fome, ritmo, pára, etc. - teremos de iniciar o segundo hemistíquio com uma vogal que possa fazer crase com a vogal imediatamente anterior - exemplo:

" A luz com que nos cinda//assim que nos beijar". 

Nunca, de forma alguma, o primeiro hemistíquio poderá terminar numa palavra proparoxitona. Estas são as três condições absolutamente essenciais para que um soneto dodecassilábico possa ser considerado alexandrino.

Resumindo: É comum chamar-se de alexandrino os versos de 12 sílabas, entretanto os verdadeiros alexandrinos são compostos de dois versos de seis sílabas, 6/6, sendo indispensável que o primeiro termine em palavra aguda, oxítona, ou, no caso da palavra ser grave, paroxítona, que a palavra seguinte comece por vogal ou h mudo, assim possibilitando a elisão."  De Maria João Brito de Sousa em comentários.

 

27
Jun23

Lamento...

Poesia Soneto Decassílabo Heróico Fotografia


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20230627_043821.jpg

(1) Tão Estranho Lamento

**

Tão triste e angustiante era a semente,

Onde outros sim, viam vida, vi eu o fim,

Que chega esmagador, simples assim,

Escondido por mente impertinente.

*

Tão estranho o pesado sentimento,

Que acende a orfandade crescente,

Do abraço intenso mas desvanecente,

A razão de infeliz esquecimento.

*

Tão estranho poema em vã harmonia

É dor de cicatriz profunda em mim,

Cegueira em invisível agonia.

*

Tão triste este lamento que atrofia,

É sombra de andorinha em voo carmim,

Que em meu peito gravou prece a Maria.

****(2)

 

"Ave Maria, cheia de graça, 

o Senhor é convosco; 

bendita sois vós entre as mulheres,

bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.

Santa Maria, Mãe de Deus, 

rogai por nós, pecadores, 

agora e na hora da nossa morte. 

Amém."

(3) Oração Ave Maria

(2) poema de Mafalda Carmona 27.06.23 00.20h

(1) Fotografia de Raquel Carmona in Instagram

P.S.

Notas sobre a métrica no Soneto (*):

A métrica é medida do verso em número de sílabas poéticas. no caso do soneto de versos decassílabos, compostos de 10 sílabas poéticas, classificam-se em versos heróicos, quando as sílabas tónicas ocupam as posições 6 e 10, e os versos sáficos se as sílabas tónicas e encontram nas posições 4, 8 e 10.

Além dos versos decassílabos, as formas mais conhecidas são a redondilha menor com 5 sílabas métricas, ou poéticas, a redondilha maior ou heptassílabo, com 7 sílabas poéticas, o eneassílabo com 9 sílabas poéticas, o hendecassílabo com 11 sílabas poéticas e o dodecassílabo ou verso alexandrino com 12 sílabas poéticas.

Mediante o número de versos ainda teremos outras classificações, menos usuais e alguma consideradas excentricidades, utilizadas pelos autores como distracção ou exercício poético, como os monossílabos, os dissílabos, os trissílabos, com uma, duas e três sílabas, respectivamente, os ainda não referidos tetrassílabos com 4 sílabas poéticas. Se os versos tiverem mais de 12 sílabas, toma o nome de bárbaro.

Finalmente, quando os versos de uma obra poética têm o mesmo número de versos, como "Os Lusíadas" de Camões, os versos são regulares e têm a classificação de isométricos,  e, se os versos, pelo contrário, não apresentarem regularidade serão versos heterométricos, e aqueles que não obedecem a qualquer uma destas formas de metrificação, são chamados de versos livres.

(*) as notas de estudo foram elaboradas como resumo e compilação da aprendizagem que venho a fazer no âmbito da poesia no formato de soneto com a ajuda da querida Poetisa Maria João Brito de Sousa, que tem presença entre outras plataformas no blog poetaporkedeusker aqui no SAPO Blogs.

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Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

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Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

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A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

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