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(1)...Ou McCurry: O desígnio da cor e a Antologia Poética de Natália Correia.
A primeira referência deste postal aborda o documentário de 2021, com a colaboração da Creative Europe Media Programme of the European Union, que apresenta um olhar sobre o fotógrafo Steve McCurry, o autor por detrás das célebres fotografias das quais a mais conhecida será o retrato da "sua" "Rapariga Afegã", as dificuldades, riscos e perspectivas ao longo de 40 anos de trabalho onde criou algumas das imagens mais impactantes do Homem do nosso tempo, neste filme de autoria de Denis Delestrac, e a poesia de Natália Correia na introdução da Antologia Poética, das publicações Dom Quixote, de 2919, organizada e seleccionada, por Fernando Pinto do Amaral, com enfoque no seu prefácio.
Em comum, a percepção que dão da visão de si mesmos enquanto autores e do mundo, e a influência que exercem no decurso do tempo, do nosso tempo e da nossa história comum e particular.
Bonnie McCurry Reum, irmã e presidente do estúdio afirma acerca de Steve McCurry algo que, também na minha visão pessoal, se assemelha a toda a obra artística, seja de imagem, seja de escrita em prosa, prosa poética ou poesia, seja de pintura ou escultura, de cinema, de música, de dança, de teatro, e aqui na área da fotografia:
"Todas as fotografias que um fotógrafo tira são, em certa medida um auto-retrato. São reveladoras de uma pessoa, do que lhe interessa...do que lhe toca, do que é profundo para ela. E há algo da sua psique que é revelado."
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Por outro lado, Steve McCurry começa o documentário afirmando:
"Um dia, o mundo vai ser uma espécie de terminal de aeroporto grande e homogéneo, Vai ser tudo vidro, metal e cimento. Podemos estar em Xangai, Cabul ou Buenos Aires, que vai ser tudo igual. Não sei se queremos viver num mundo sem cor sem diferença.(...)
Nós percebemos que o progresso é imparável, que é inevitável e que as coisas mudarão, mas vamos, pelo menos, guardar alguma recordação da forma como éramos.(...)
A fotografia é apreciar o mundo, encontrar uma imagem , uma situação, que fale uma linguagem universal. Tenho uma necessidade constante, ou um impulso, de criar um álbum fotográfico da nossa espécie, antes de o mundo avançar e as suas nuances desaparecerem."
E, também a propósito da cor, da sinestesia presente na poesia, cheguei a Natália Correia, e ao prefácio desta Antologia Poética:
"A poesia de Natália Correia surge relacionada com uma excepcionalidade inquietante e perturbadora, (...) acentua-se a dimensão gustativa, sensorial ou carnal da poesia, inscrevendo-se num entendimento global do mundo em que o o espírito é tão real como uma árvore, pressupondo uma integração harmoniosa com a natureza."
"A arpa do vento
e os teus dedos de ventania
compuseram uma canção
da mais fantástica alegria(...)
É uma onda de magia
onde se enrolam os mortos
erguidos da terra fria
dum rosto que lhes pintou
a nossa melancolia"
Natália Correia.
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(3) capa do livro "Natália Correia - Antologia Poética
(1), (2) e (4) capturas do documentário Steve McCurry: O desígnio da cor
P.S.
Ainda relativamente ao tema deste postal, a cor, mas no sentido do "colorido" da escrita conforme referi em Natália Correia, á uma ocorrência especial relativa aos sentidos que é a sinestesia, mas da qual irei aqui fazer um pequeno apontamento, o da sinestesia como figura de linguagem, e, no caso, aplicada à poesia, e até são duas palavras que rimam.
"Cada modalidade sensorial possui receptores que só reagem a um tipo especifico de estímulo. Na criança pequena, todavia, a visão, audição, o tacto, o paladar e o olfacto estão ainda misturados, e poucas pessoas adultas conservam esta capacidade de sentir multiplos sentidos em simultaneo atraves dos mesmo receptores, uma em cada 500 000, ou sinestesia. (...)
Poetas e escritores, fascinados pelo fenómeno, procuraram captar as correspondências secretas de um mundo onde os sentidos se correspondem mutuamente:
Depois de Baudelaire "os perfumes, as cores e os sons respondem uns aos outros" Rimbaud, no seu soneto das "Vogais" (1871), explora uma álgebra misteriosa "A preto, E branco, I vermelho, U verde, O azul" (...) in ABCeário dos Cinco Sentidos, Jornal Público.
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