Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

{Cotovia} e Companhia

21
Jul23

A Cotovia...

Escrita Leituras Poesia Soneto


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20230721_091632.jpg

(1)...em aparição na versão de Raul Brandão de "Os Pescadores" foi uma grata surpresa, ou até um espanto, descobri-la nas páginas deste livro, que não resisti adquirir. 

IMG_20230721_095705.jpg

(2)"(...) Quando regresso do mar venho sempre estonteado e cheio de luz que me trespassa. (...) Torno a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco prolongado... Basta pegar num velho búzio para se perceber distintamente a grande voz do mar. Criou-se com ele e guardou-a para sempre. - Eu também nunca mais a esqueci..."

IMG_20230721_091659.jpg

(3) Não lia Raul Brandão desde a minha juventude, e o seu nome remete-me sempre para um outro autor, Aquilino Ribeiro, num dos meus livros preferidos da altura, a saga dos Brandões, no romance "A Casa Grande de Romarigães" de 1957, lido nos anos finais dos anos 70 do... século passado... fascinou-me então pela abordagem da história desta família desde o tempo dos " Filipes, mas que se estende por inúmeros momentos marcantes da nossa História, nomeadamente a Guerra da Independência, as Invasões Francesas e a Guerra dos Dois Irmãos." conforme sinopse da obra no site da biblioteca Bertrand, que podem ver aqui:

https://biblioteca.bertrandeditora.pt/reader/index.html#!/

E por associação também me remeteu para a introdução do eucalipto no nosso país, para alimentar a indústria da pasta de papel, com a consequente destruição do habitat e equilíbrio ecológico da nossa paisagem com a introdução destas árvores, vindas da Austrália que se consideraram úteis, além da elevada rentabilidade económica, para a drenagem de zonas alagadiças e pantanosas, as quais em poucos anos produziam milhares de toneladas de madeira para a pasta de papel.

 

Mas, não é de eucaliptos nem da Austrália, continente e país que um dia gostaria imenso de visitar, e que seria, a acontecer, digamos a viagem da vida da Cotovia, que este postal vem retratar, mas sim este livro "Os Pescadores", nomeadamente o capítulo referente aos pescadores de Sesimbra (Lisboa, Setúbal , Sesimbra e Caparica), com a descrição rica de um ambiente que não existe mais, e até o caminho pela que é hoje a nacional 378, é relatado nas suas inúmeras particularidades, assim como os especiais pescadores de Sesimbra e a sua solidariedade descritos do seguinte modo:

"(...) à esquerda o dorso formidável da Arrábida e algumas casinhas juntas com lindos nomes rústicos - Quintinha, Sant'Ana, Cotovia. Estamos perto. A carripana vai descendo para Sesimbra pela estrada em torcicolos"

(...) Este homem é de instinto comunista. Se um adoece, os outros ganham-lhe o pão: recebe o seu quinhão inteiro. Se morre, sustentam-lhe a viúva e os filhos entregando-lhe o ganho que ele tinha em vida. (...) O produto das artes é dividido em quinhões iguais pela companha. A pesca do anzol é uma espécie de cooperativa, e a barca quase sempre dos pescadores.(...)

Já nesta mesma semana, estava a Cotovia a ver um filme em sessão com direito a pipocas, quando aparece a seguinte frase, também ela relacionada com Pescadores:

"A ambição de um homem nunca deve ultrapassar o seu valor"

Como pertenceu ao diálogo de uma personagem, não faço ideia se é uma citação ou uma criação, mas no contexto, fez-me reparar no pormenor de que apenas uma letra separa a palavra Pescador da palavra Pecador.

E como, de voo em voo, todos os eventos levam a Cotovia à Poesia, fui aterrar na escrita deste soneto, pois que as nossas paixões se revelam nas mais pequenas coisas, e o soneto é uma paixão, tal como diz a querida Poetisa Maria João de Brito na apresentação do seu blogue poetaporkedeusker:

"(...) porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem."

 

E aqui fica mais um poema da Cotovia, em exercício de aprendizagem do formato de soneto em verso alexandrino, espero que gostem!

 

Navega o Pescador nesse Mar das Palavras

**

Adivinhasse quem revolto mar aporta,

Soubesse o que convém, saberia ao que vem.

Tempestade a nascer de alva e doce nuvem,
Mas célere a forjar tirânica comporta.
*

Que nome tem então o eterno Pescador?

Ou será outro alguém a quem de facto importa?

Nessa alvorada atroz quando a navalha corta,

Recolhe o fundo anzol onde germinou a dor?

*

Desencanto e traição, arpão na alma entranhado,

Desinquieto mar de ondas tremeluzentes,

Maré surda a afogar desastre sonhado.

*

Nenhum pesar desfaz rumo mal ordenado,

Inverte a subversão de torpes maldizentes,

Nem resgata o azul céu a quem foi abandonado.

****

Mafalda Carmona 

21.07.23 | hr. 8:45

editado em 21.07.23 | hr.16.58

(1), (2) e (3) Fotografias da capa, orelha e página 123 da obra de Raúl Brandão, "Os Pescadores", Book Cover Editora, ed.outubro 2020 ISBN: 978-989-8898-69-2

P.S.

Notas de aprendizagem poética, soneto alexandrino:

"Um alexandrino "vero" tem de ser dividido em dois hemistíquios de exactamente seis sílabas poéticas cada um. Assim sendo, aqui temos "ta, ta, ta, ta, ta, TÁ//ta, ta, ta, ta, ta, TÁ". 

Ou acabamos o primeiro hemistíquio com uma palavra aguda - pão, fiz, farei, amanhã, etc. - 

ou caso acabemos com uma grave ou paroxítona - minha, fome, ritmo, pára, etc. - teremos de iniciar o segundo hemistíquio com uma vogal que possa fazer crase com a vogal imediatamente anterior - exemplo:

" A luz com que nos cinda//assim que nos beijar". 

Nunca, de forma alguma, o primeiro hemistíquio poderá terminar numa palavra proparoxitona. Estas são as três condições absolutamente essenciais para que um soneto dodecassilábico possa ser considerado alexandrino.

Resumindo: É comum chamar-se de alexandrino os versos de 12 sílabas, entretanto os verdadeiros alexandrinos são compostos de dois versos de seis sílabas, 6/6, sendo indispensável que o primeiro termine em palavra aguda, oxítona, ou, no caso da palavra ser grave, paroxítona, que a palavra seguinte comece por vogal ou h mudo, assim possibilitando a elisão."  De Maria João Brito de Sousa em comentários.

 

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Quem é esta Cotovia?

Sigam-me Noutros Vôos

{Instagram}

{Cotovia} Instagram Feed

{Facebook}

Ilustração Perfil @mafalda.carmona

Vôos recentes

Vôos de Outras Aves

Calendário

Agosto 2024

D S T Q Q S S
123
45678910
11121314151617
18192021222324
25262728293031

Voar ao calhas

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Blogs Portugal

{Cotovia} em Colectânea

Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

{Cotovia} em Antologia

Sinopse Aquilo que temos vindo a testemunhar desde 20 de fevereiro de 2022, provoca em nós sentimentos complexos, melhor expressados através da arte. Esta antologia recolhe estes sentimentos, e distribui-os para quem neles se reconforta e revê. Para o povo ucraniano, fica a mensagem de acolhimento, não só em tempos de crise, mas sempre. Porque é difícil expressar a empatia por palavras, mas aqui fica uma tentativa, por 32 autores, nacionais e internacionais. Autor: Instituto Cultural de Évora Formato: pdf Edição: 14.08.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado Editora Recanto das Letras

{Apoio à Vítima}

A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 116 006 (dias úteis: 09h – 21h). Aquando de um crime, muitas pessoas, para além da vítima directa, serão afectadas directa ou indirectamente pelo crime, tais como familiares, amigos, colegas. A APAV existe para apoiar. Os serviços da APAV são GRATUITOS e CONFIDENCIAIS.

{Notícias Sobre a Ucrânia}

A UE condena com a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas. Apelamos à Rússia para que cesse imediata e incondicionalmente todas as hostilidades, retire o seu pessoal militar e equipamento de todo o território da Ucrânia, no pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. A UE apoia os princípios e objetivos fundamentais da fórmula de paz da Ucrânia enquanto via legítima e credível rumo a uma paz global, justa e duradoura.
Em destaque no SAPO Blogs
pub