Somos "quadrados"?... Ou Reis magos?
Cotovia@mafalda.carmona
- Noutro monólogo conclui ser poeta ou poetisa, pois todos nascemos poetas, e, agora reflito sobre se além de Cotovia, que sonha ser abelha e abriga um urso, serei também quadrada, ou se seremos todos como nos cânticos, flores, lírios no campo?...ou, certamente, outra coisa qualquer, mais particular e individual, decerto divina e espantosa, nem que seja pela sucessão de acontecimentos, a cadeia de eventos necessária para aqui chegarmos, por certo divididos, mas onde teremos alguma influência e capacidade de decisão, senão no todo, na pequena parte que nos coube "ser"?
Em décadas passadas, usual noutras gerações, havia, uma "classificação", ou antes desclassificação, coisa diminutiva para qualquer um, ou uma, que era ser-se apelidado de quadrado! Nada relacionado com as características físicas e já não ouço essa expressão, pelo que, deduzo, tenha caído em desuso.
Um "tipo" quadrado, ou mesmo, muito quadrado, era um estereótipo para descrever aquela pessoa moldada pelo sistema e para o sistema, inflexível, de acordo com os preceitos e preconceitos, alheia, ou avessa (talvez termo mais adequado) a ponderar cada caso como um caso e a generalizar (o acto de generalizar é menos trabalhoso, mas infelizmente nada generoso e geralmente perigoso), a optar por normatizar, as pessoas, as circunstâncias pessoais e colectivas, e até a si mesmo e a imagem projectada para os outros.
A exemplo da figura geométrica, prezam pela estabilidade.
Mas também pelas crenças fixas, pela ausência de flexibilidade e pela repetição dos mesmos dogmas, exaustivamente, para lhes conferir a veracidade das coisas repetidas, que pela inércia acabam por se estabelecer como norma, mesmo se completamente falsas. Técnica muito recorrente na política e no marketing, aplicada em anúncios das centenas de produtos milagrosos a anunciar recuos no tempo tão fantásticos que nem a Fundação Champalimaud e as suas congéneres no mundo inteiro conseguiram ainda descobrir, e ainda andam em investigações atrás das lagostas e moscas da fruta para perceber onde está o elixir da juventude, tarefa difícil para uns estudiosos, parece simples para uns falaciosos do cogumelo mágico e cápsulas de omegas. Semelhanças óbvias com a propaganda, políticas e políticos onde a incompetência é premiada, mas adiante que este tema é tal como o quadrado muito bicudo e terá de ficar para outra publicação de opinião.
Não faço ideia se hoje, a, tão frequente, decerto herança deste tal marketing, expressão de "pensar fora da caixa", derivou da necessidade de quebrar esta quadratura calcificada, mas é provável que sim.
Ocorre-me que uma personagem de uma telenovela da Globo, "Avenida Brasil", a "piradinha", que vivia fora da "casinha", seria também um modo dar forma a uma personagem fora do quadrado, alguém excêntrico, e sem ser totalista de um primeiro prémio dos jogos da santa casa.
No entanto, até esta figura do quadrado pode ter margem para a criatividade.
Para já, temos a matéria de que é feito o quadrado. Temos o conceito do quadrado, se é um quadrado em uma dimensão, duas, três, mais, se ao conceito de espaço agregamos o conceito de tempo. Se observamos de fora ou se estamos dentro da figura geométrica.
Se lançamos as bases, ou fundações em condições favoráveis ou desfavoráveis, quer por o terreno onde se implanta a construção (do ser) ser, por exemplo lodoso, ou demasiado arenoso, demasiado seco, ou ter demasiada água, entre outros excessos ou carências?
Se olharmos para os exemplos, e tentarmos, como é hábito da Cotovia, simplificar, (embora ao se simplificar se possa cair no erro de estupidificar, palavra também terminada em ficar, mas neste caso ficar num lugar desconfortável, para não dizer... estúpido) existe, sempre, uma maneira de se conseguir fazer uma fundação, com estacas, com paliçadas, escavando até encontrar o terreno fixe, mesmo recorrendo a tecnologias aplicáveis na construção de pontes quer entre margens de rios como entre vertentes de um sistema montanhoso. As fundações podem até ser as de uma casa na árvore, com cintas e extensores, ou escavadas na terra ou na rocha. Será uma tarefa mais simples ou mais complexa, mais ou menos árdua, mais permanente ou temporária.
O desafio é dar a este quadrado, transformado pelas 3 dimensões, em cubo, toda a liberdade.
Assim não usamos com propriedade o apelido de Pessoa quadrada, declinamos o uso e abuso desse epíteto, e seremos antes uma versão cubista do nosso ser, livre e em múltiplas dimensões.
Ou seja, se não tivéssemos restrições nem constrangimentos, como seria este cubo-"casa" para o nosso "ser" ficar, viver? Se qualquer material e aparência estética fossem possíveis e pudéssemos ser nós mesmos a decidir?
E o que diria de nós essa escolha? Que pistas e indicações nos daria sobre nós mesmos? Sobre quem somos mas também sobre o que queremos para a nossa vida? E, seria ainda possível, com base neste universo, perceber que relações estabelecemos com os outros?
Vamos experimentar então...?
Trata-se, muito linearmente, do teste do cubo, de origem japonesa, um teste psicológico muito popular. Podem seguir este link para fazerem o teste ou fazer uma rápida pesquisa na internet com "teste psicológico do cubo" para descobrirem mais coisas sobre vós Pessoas!
http://grafologosonline.blogspot.com/2016/10/teste-do-cubo-saiba-mais-sobre-voce.html?m=1
Pensemos, para início, na nossa "casa" como um cubo.
Este cubo é, para já, o nosso universo.
Imaginemo-lo no material, cor e textura que quisermos, pode ser opaco, transparente, de metal, madeira, maior ou mais pequeno, estático ou não. Desde que permaneça um cubo, as possibilidades são infinitas. O teste tem outros intervenientes, entre eles um cavalo, flores e uma tempestade. Mas nada melhor do que fazer o teste.
Quanto ao dia de hoje, dia 6 de janeiro:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Dia_de_Reis
Hoje é Dia de Reis, os magos, que são três, representando mais ou menos todas as idades, 60, 40 e 20 anos, mas que ao viajarem em trio para encontrarem o menino Jesus e lhe dirigirem as suas oferendas, passam de três Reis mais um menino, portanto 4, a ser os quatro vértices deste quadrado religioso, que encerra a quadra religiosa das festividades e celebrações da quadra do Natal. Mais ou menos como uma resposta numa ficha de consolidação de noções sobre figuras geométricas, onde um meu aluno, inspirado por um momento de criatividade deu como resposta para a definição de quadrado: " É um triângulo com quatro lados!" Deveria ser a este quadrado do dia de Reis que, de forma premonitória, se estaria a referir.
Viva a criatividade, e mais uma vez, de acordo com uma das resoluções para este ano de 2023, olhar para as coisas de sempre com outro olhar. Ler outra vez o mesmo livro, o mesmo poema, a mesma definição... Sempre o mesmo, sempre diferente.
Sendo este dia de celebração religiosa nos quatro cantos do mundo ( expressão reflexo do tempo em que ainda achávamos que o mundo era plano e quadrangular, e não apenas que as pessoas podiam ser quadradas) época também para cantar as janeiras ( também chamado de cantar os Reis), comer romãs e desmanchar a árvore de Natal ( mesmo se ficar para o dia 7, sábado que teremos, em princípio, mais tempo), assim como reunir com a família para celebrar este dia.
Bom Dia de Reis Pessoas!
P.S.
Quanto ao dia de ontem, apesar do entusiasmo com que vós Pessoas receberam o primeiro monólogo, ou publicação, de 2023, e ter sido sinalizado no sapo.pt como favorito de algumas Pessoas que gostam de seguir os voos da Cotovia, (obrigada Marco, obrigada Maribel e obrigada "anónimo"), uma descoordenação de voo fez com que o sistema informático se revoltasse contra a Cotovia e apagasse essas novas reações, por isso agradeço o apoio, agora invisível, e as Pessoas que o deram podem considerar-se como aquelas fantásticas Pessoas que doam de forma anónima ( ou agora que vos nomeei não tão anónima), e desinteressada o seu apoio, mais valioso para esta Cotovia do que o ouro! Muito obrigada pelos favoritos!🐦