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{Cotovia} e Companhia

Olá Pessoas! Bem-vindas ao blogue da Cotovia onde (m)ando {cotovia}ando! Sigam a cor deste vôo: "Nascemos poetas, só é preciso lembrá-lo. Saber é quase tudo. Sentir é o Mundo." @mafalda.carmona

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{Cotovia} e Companhia

05
Jun23

Tempo Perdido

Poesia Soneto Hendecassilábico


Cotovia@mafalda.carmona

IMG_20231016_100657.jpg

 

(*)Tempo Perdido 

**

Escapas, audaz e esquivo, intocável,

Persigo-te e és imparável tratante.

Insistente fuga, razão inconstante,

Onde andas, altivo, ágil e implacável?

*

Culpa minha a deste jogo inaceitável?

Logo serei eu uma ilusão constante?

Quando és tu o cúmplice deselegante,

Rude e a todo e cada instante intragável?

*

É hora, por mim és tempo desmedido,

Serás generoso, atinado e aprende,

És meu, vou guardar-te e ver-te rendido.

*

Porque me afastaste com tanta insistência?

Pára, vê, enxerga que mando eu, entende,

Que se fui ninguém, Hoje, sou resistência.

****

Mafalda Carmona

04.06.23 11.45h

(05.06.23 00.10h editado)

(Soneto em verso hendecassilábico)

Durante as pesquisas para escrever o soneto, e a propósito da sua gestão ou divisão, encontrei um artigo sobre o conceito do tempo na Índia e a sua evolução, em que é apresentada a contagem do tempo de um modo, a meu ver, muito poético, tem inclusive um hino para o definir, "hino do Ṛgveda":

"Doze são as jantes,

mas uma só a roda,

três os cubos;

mas quem o saberá?

dentro dela 360 raios,

fixos como pregos,

ao mesmo tempo móveis

e imóveis...".

As jantes são os meses, a roda o ano, os cubos as três estações climáticas tradicionalmente consideradas na Índia (fria , quente e húmida ) e os raios, os dias do ano.

E também a divisão do ano tem uma nomenclatura muitíssimo interessante:

"A divisão do ano em seis "estações" de dois meses cada uma:

A1- estação vasanta (primavera), que começa no equinócio de Março, compreende os meses madhu ("mel, néctar") e mâdhava ("doçura primaveril")- meses -Março e Abril

A2- griṣma ("calor estival") compreende os meses çukra ("replandecente") e çuci ("branco, luminoso") meses Maio e Junho

B1- varṣa ("chuva"),correspondente à monção chuvosa, os meses nabhas ("nuvem") e nabhasya ("nublado, enevoado") meses Julho e Agosto

B2- çarad ("outono"), que começa no equinócio de Setembro, os meses iṣa ("sucolento") e ûrja ("vigoroso") meses Setembro e Outubro

C1- hemanta ("inverno") os meses sahas ("potência, poderio") e sahasya ("poderoso") meses Novembro e Dezembro

C2- finalmente çiçira ("frescura, cacimba") os meses tapas ("calor") e tapasya (lit. "quentura, fervor" e daí "devoção austera") meses Janeiro e Fevereiro..

E segue por ai fora o artigo sobre o tempo e a sua contagem, isto tudo a propósito deste meu Soneto sobre o Tempo que podem consultar aqui Pessoas.

E, se na verdade me perco nas pesquisas sobre os temas, é a minha desgraça na gestão do tempo, porque as questões e interesse vão crescendo e se não ponho um travão a escrita fica de parte, por outro lado foi esse perder que fez nascer este Soneto em que coloco a questão:

Então e se fosse ao contrário, se fosse, não eu, mas o Tempo a perder-se?

Espero que gostem desta reflexão!

Bom domingo, dia feliz, com tempo para tudo aquilo que mais desejarem, queridas Pessoas!

(*) Origem da fotografia aqui

10
Abr23

Música...


Cotovia@mafalda.carmona

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Ou a música no coração da vida do dia a dia

 

  • O Fado das coisas banais que pensamos ser individuais, mas fazem parte da vida de muitas Pessoas. Episódios acompanhados por uma música, um tema, uma composição, que os marca, ou nos marca, ou mesmo o ambiente musical do sítio onde nascemos, do Fado de Alfama e Mouraria, mas não exclusivamente, ao Cante de Beja e Serpa, mas não exclusivamente, são exemplos de como o individual se torna universal, através do caminho que leva do individualismo para um humanismo global.

Assim teremos aquela que é a primeira música de que nos recordamos, a música ou as músicas preferidas, muitas vezes essenciais para nos ajudar a viver, a resistir, a reparar alguma coisa, talvez porque quem canta seus males espanta, e ouvir outros a cantar terá o efeito de nos encantar. Será a derradeira expressão da liberdade.

E, também, de nada a tudo, mede o grau de liberdade de um regime político.

Por ventura será a mais pessoal e individual expressão da liberdade. Sob a égide do direito de opção, e do "gosto não se discute", cada um é livre de gostar da música que entender, da clássica ao hard, heavy, punk metal, e mesmo quem goste da música pela sua ausência, o silêncio, essa também é uma opção, que pode, se utilizada em formato de ativismo, cantar mais alto do que Amália ou Celeste Rodrigues.

Tudo acontece na esfera da privacidade, apesar de estar sob a proteção de uma maioria de grupo, e assim é possível, sem que isso seja contestado como certo ou errado, dizer que se gosta de Vivaldi a Ana Moura, de U2 a Amor Electro, de ABBA a Mónica Sintra, de Rolling Stones aos Quatro e Meia, de Carlos do Carmo a Beatles, do Haka aos Duos Sertanejos, da música Country aos Blues.

Como em tudo, podemos divulgar, dar a conhecer, dizer o porquê de gostarmos, podemos louvar as virtudes de determinado músico, grupo, compositor ou cantautor. Mas não valerá a pena, nem faz sentido, querer obrigar um povo a gostar de um determinado género, música, autor, cantor ou cantora, numa tentativa de romanização fora de época. 

Também é, tantas vezes, motivo de divergência entre as gerações, e tanto pode ser um elo de ligação nuns, como um motivo de desentendimento noutros. E, no entanto, é um tema para gerar comunicação, assim se queira conhecer ou partilhar, para perante todas as opções disponíveis, cada um escolher a que preferir.

Extraordinário é que, como a maioria das áreas do conhecimento, se pode cultivar o gosto pela música.

E, o que é mais fantástico, ajuda a exteriorizar através da paixão musical, a paixão pela vida, uma paixão que renova a vontade, fortalece a saúde, proporciona alegria, e entre outras coisas, estimula a memória, quer pelas recordações a que está associada, como pela memorização das letras de nossa predileção.

E julgo que estarei certa se disser que a paixão é compatível com a paz. Podemos pensar nas canções de Abril, que rimam com liberdade, democracia, e educação, que me faz recordar Zeca Afonso.

"No céu cinzento sob o astro mudo

Batendo as asas pela noite calada

Vêm em bandos com pés veludo

Chupar o sangue fresco da manada

 

Eles comem tudo, eles comem tudo

Eles comem tudo e não deixam nada

Eles comem tudo, eles comem tudo

Eles comem tudo e não deixam nada

 

Se alguém se engana com seu ar sisudo

E lhes franqueia as portas à chegada(...)"

Ou como a difundida mundialmente "Bella Ciao" através da série "Casa de Papel" revela momentos na história de um povo, que com a música sai à rua, nas palavras dos direitos e da justiça social, com um papel ativo na mudança.

"(...) E se eu morrer como resistente

Tu deves sepultar-me

E sepultar-me na montanha

Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!

E sepultar-me na montanha

Sob a sombra de uma linda flor

E as pessoas que passarem

Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!

E as pessoas que passarem

Irão dizer-me: «Que flor tão linda!»

É esta a flor do homem da Resistência

Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!

É esta a flor do homem da Resistência

Que morreu pela liberdade."

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Assim, como conclusão, tudo aquilo que escolhemos, é reflexo ativo da Pessoa que somos, do clube desportivo à modalidade, do estilo à música, e, mesmo não querendo, somos expressão de um grupo mais alargado, que eventualmente, tendo noção de si mesmo, se poderá tornar um movimento e influenciar a um nível mais geral a sociedade onde vivemos.

Transformada na expressão de um povo, estranho é ser ignorada pela esfera governamental.

Negar a canção que se está a formar de muitos numa só voz, não irá silenciá-la. Porque neste caso não se trata de ruído, trata-se de uma onda de música, uma música com uma letra que não é necessário entender, nem saber cantar ou tocar um instrumento, basta sentir.

Um sentimento que está a crescer e a chegar a 10 milhões para chegar a mais um.

O primeiro.

José Saramago, na sua escrita, aborda a importância da música como forma de resistência e liberdade, e escreve:

"A música é o meio mais eficaz de comunicação no mundo inteiro. E não só comunicação, é também resistência, é também rebeldia, é também subversão. Em todas as épocas e lugares do mundo, a música esteve presente nas lutas contra a opressão, na reivindicação da liberdade, na afirmação da dignidade humana".

(...) Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos... ossos dela. (...) Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste."

Sejamos vida.

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Sinopse A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo. Autor: Vários Formato: pdf Edição: 08.05.2023 Ilustração capa e contracapa: Ana Rosado; Vítor Pisco Editora Recanto das LetrasBaixar e-book

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