Participação especial da Catatua Maia
- Olá Pessoas, hoje a Cotovia tem um postal especial com a participação da Catatua Maia. E não é a Abelha Maia, não, nem faz previsões astrológicas... é mesmo a Catatua -acrescento fotografia no terminus do texto, onde aliás lhe chamam cacatuia- e como apreciadora de coisas cinéfilas foi ao cinema e partilhou comigo as suas impressionantes impressões, e eu partilho-as agora aqui convosco, nesta segunda feira que desejo fantástica, e o início de uma boa semana, a primeira do mês.
Atenção!!! O texto da Catatua contém spoilers, por isso, cumpre-me a tarefa de anunciar "Alerta Spoiler" para que, se não viram o filme, possam decidir se querem continuar a leitura deste postal...
Assim, com esta ressalva, aqui fica "A Guerra dos Kens", espero que gostem e, tendo esta colaboração nascido no decurso das férias da Cotovia, quem sabe a Catatua veio para ficar, mesmo agora que o verão está a acabar e Setembro chegou? Ou será que é como ditado, amizades de verão leva-as o final da estação? (Não tenho a certeza se o ditado é assim... suspeito que mais uma vez alterei ou desvirtuei a rima...)
A Guerra dos Kens:
Finalmente consegui ir ver o filme "Barbie"! Estava desejando ver o filme, porque a Catatua é super fã da actriz Margot Robbie desde que viu o Tarzan, e talvez a tenham visto no "Esquadrão Suicida", mas, ainda assim, foi difícil convencer o par da catatua ver este filme…
E... adorei!
Apostando no exagero de Rosa, para mim nada exagerado, mas percebo que para alguns possa ser, porém temos de nos reportar ao mundo Barbie, faz-nos reflectir sobre como é ser mulher hoje em dia, mas também sobre as relações e a organização da sociedade.
A Barbie foi criada para ser uma mulher independente.
Isto numa altura em que seria preciso pedir autorização ao marido ou aos pais, ou até ao periquito, só para ir ali à esquina… alguma figura masculina detinha o poder de determinação daquele ser humano, só porque nasceu mulher. No entanto, a Barbie até Presidente pode ser, uma realidade que ainda não tem expressão no mundo real pois mesmo que a partir de hoje mais nenhum homem fosse presidente seriam necessários, provavelmente, centenas de anos para se atingir a igualdade numérica, mas isto é uma catatua a falar, que nada sabe e não está na posse de todos os números, factos e estatísticas dos humanos.
Mas, pude ver que no mundo cor-de-rosa da Barbie, o Ken é um acessório que existe na dependência da Barbie, e terá, no contexto do filme, menos importância do que a Casa de Sonho da Barbie.
A Barbie, por outro lado, tem uma vida preenchida e muitas coisas a fazer:
Ser astronauta, salvar pessoas, liderar um tribunal, entre outras. O Ken pode esperar, ninguém sabe muito bem onde, pois não lhe é conhecida morada… Na casa de sonho é que não é… essa é só das Barbies! Ora bem, esta era a realidade do Ken até conhecer o mundo real, o patriarcado e a policia a cavalo. O mundo real o que gerou muita confusão na sua cabeça e mistura de conceitos.
Podemos imaginar o que se passou na cabeça do Ken, apenas imaginar, pois não passo de uma Catatua, mas deve ter sido uma valente colisão entre os mundos. A Barbie estereotipada da Margot demora-se um pouco mais por cá, porque no mundo real tudo para as mulheres demora mais tempo, e de modo, não tão metafórico quanto isso, tentam enfiar a mulher na caixa, enquanto tenta cumprir a missão impossível de tudo e nada ser ao mesmo tempo e sempre com a melhor das caras.
Exactamente como uma Barbie sorridente acabada de sair da fábrica
No entanto, apesar de a quererem voltar a por "na caixa", a Barbie lá consegue regressar ao mundo das Barbies… e o mundo mudou… na verdade está igual, mas ao nosso… Barbie Estereotipada cai no desespero… afinal, o que pode ela contra o patriarcado?! É que nem sequer é a Barbie astronauta, médica, juíza, física… Mas a verdade é que a Barbie não está sozinha, há todo um mundo de Barbies, e a união faz a força. Assim, resta saber como distrair os Kens e repor a república das Barbies.
A resposta é a Guerra dos Kens.
Virar os homens uns contra os outros não foi tarefa difícil porque os Ken querem tudo para si. Já tinham controlado as Barbies e agora queriam ter poder sobre os outros Kens e as Barbies a que estes tinham acesso: “Amigos, amigos, Barbie à parte”.
Os Ken vão com tudo o que têm, não é muita coisa, porque o mundo da Barbie é pacífico, mas lá conseguem que a vontade é que importa. Assim que chegam ao poder querem mais poder e nada melhor que uma batalha, mais uma semelhança com o mundo real.
O filme transmite uma importante mensagem relativa ao género.
Não somos iguais fisicamente, biologicamente mas deveríamos ser em direitos. O que é válido para o mundo da Barbie, mas sobretudo no nosso mundo - o mundo real.
E se o nosso cantinho "à beira mar plantado" até nem é o pior lugar do mundo para se ser mulher, são frequentes as desigualdades de acesso a educação, remuneração, acesso a cargos superiores e até saúde. E se nos reportamos ao contexto mundial, ainda é mais gritante esta diferença.
A Barbie teve um papel muito importante quando foi criada. Regressa agora para nos lembrar que ainda há muito caminho a percorrer.
(foto daqui: https://www.biodiversity4all.org/taxa/119157-Cacatuidae)
P.S.
No decorrer da leitura do texto da Catatua, que me foi entregue na segunda feira, quando editei mas por força do regresso ao trabalho, só pude publicar hoje, lembrei de que nunca tive Barbies, mas uma Nancy, e quando uma das filhas me pediu uma delas, especificamente a Barbie Oceano, acompanhada da sua baleia orca com nome de "pet", fiquei muito espantada com a existência de todo um mundo de Barbies que ao contrário das Nancies, podiam fazer outras coisas que não fosse vestir roupas num closet cheio de armários e malitas ou em alternativa estarem numa cozinha rodeadas de tarecos, tachos e afins. (Deixo aqui a foto dessa primeira Barbie aqui no ninho). Quando foi a vez da outra filha pedir bonecas, foi uma Bratz.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, pois é mesmo disso que se trata para alcançar a Igualdade e Fraternidade a par da Paz: Vontade!