Poetas do Castelo
Cotovia@mafalda.carmona
Quotidiano Meu
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Cedo começou a solarenga manhã,
Fui sacudir, limpar e arrumar o sofá.
No campo de visão espreitou uma aranha.
Traz surpresa, será boa ou será má?
*
Enquanto pensava, fugiu a bandida,
Saltitou apressada para a almofada,
Onde se escondeu bem escondida,
Que para a vida está bem orientada.
*
Prossigo o dia, sigo para a cozinha
Vou comer uma fatia de melão,
Agendar o trabalho no telemóvel,
Dizer olá e dar a ração ao cão.
*
De manhã assim vai a minha vidinha
Vida banal, assim sem grande emoção,
É como a quero, assim simples, tão trivial,
Vai sossegada quando sai pelo portão.
****
Mafalda Carmona
14.11.2023 | 21:04
Olá Pessoas, neste postal de hoje trago-vos uma poesia, uma fotografia e muitos Poetas.
A poesia, e fotografia, minhas, como, com a originalidade habitual (só que não, é mais linearidade) entitulei de "Quotidiano Meu", estão apresentados supra, numa forma de dizer e agradecer a simplicidade dos dias, sobretudo agradecer por poder, em Paz, apreciar todos os pores-do-sol, que neste Outono têm sido, modéstia à parte, belíssimos e surpreendentes, e onde as nuvens parecem aves de tons rosa em vôos pelo céu ao final do dia na Cotovia.
Os Poetas do Castelo são os que constam no livro editado pela junta de freguesia do Castelo, à qual a Cotovia (descobri, Aldeia da Cotovia, posso parar de lhe chamar "localidade') pertence, com um livro da "Coleção Patrimónios", de título "Poesia Popular da Freguesia do Castelo".
Como também habitual, é uma obra que poisou no ninho da Cotovia vinda por empréstimo da Biblioteca Municipal de Sesimbra, uma edição de 2019, e, na sua introdução, da autoria de Mª. Manuela Gomes, apresenta a freguesia do Castelo e os seus Poetas, incluindo alguns que são da Cotovia, e que por aqui vão "Cotoviando":
"A Freguesia do Castelo é mãe de artistas. A arte brota de cada paisagem, de cada aldeia, de cada caminho. Do mar, das serras, dos campos, do céu... Tudo à volta é fonte de inspiração.
Mas mais do que o território são as pessoas.
A arte surge do trabalho, dos tempos de dedicação e concentração nas tarefas que se repetem mas que carecem de poesia para serem executadas:
Seja num pasto, num campo agrícola, no mar, numa serração, num qualquer ofício.
O amor que se dá à labuta, dá-se aos versos.
Dá-se à poesia."
E assim, o importante está claro: a força da natureza e das pessoas, a inspiração que delas surge, sempre como parte da Freguesia do Castelo, e do seu lugar cativo no Mundo.
E, foi nestes poetas, da agora minha terra por escolha, que teve origem o poema desta quarta-feira, "Quotidiano Meu" da Cotovia e Companhia, escrito na Aldeia da Cotovia enquanto ando cotoviando, agradecendo a Paz, sossego e bons ares, povoados por aves canoras e boas gentes, decerto, inspiradoras, na valorização do que é simples e da natureza.
Assim, transcrevo aqui um excerto da poesia de um dos autores, José Márquez Jeremias, "Aldeia da Cotovia":
"(...)
Minha aldeia está bonita
Toda a gente elogia
Viva todo o povo que habita
Na aldeia da Cotovia
*
Crente na divina igualdade
Deus na sua sagrada família
A minha aldeia e a uma ave
Deu-lhes o nome de Cotovia
*
Ave que constrói seu ninho no chão
No céu canta linda melodia
Seu canto, é sagrada oração
Que abençoa o povo e a Cotovia
*
Estimada companheira
Ave da nossa simpatia
Com mérito é símbolo da bandeira
Da Associação da Cotovia (...)"
José Márquez Jeremias
Os Poetas e Poetisas que fazem parte desta obra são: Elísio Panão, Heliodoro "Salgadinho", Joaquim Casaca, José Márquez Jeremias, José Raimundo, Lelinho, Leonel Gaboleiro, Manuel Jacinto Coelho, Manuel Pessoa, Maria José Ruivo, Mário Correia, Mónica Franco, Natália de Figueiredo, Vera Gaspar, e Vitalino Pinhal.
Com esta surpresa, que espero seja boa, vos deixo, por hoje, Pessoas, com votos de uma excelente quarta-feira e continuação de uma boa semana.
Até sexta-feira com mais um postal da Cotovia, na Cotovia! ;)
Saúde, Paz e... Viva a Poesia!
P.S.
Como de céus estive falando, os reais e os que as nuvens em forma de aves desenham, deixo mais uma fotografia, tirada na Cotovia do por-do-sol, onde se adivinham formas aladas.
A fotografia do início é tirada pela mesmo hora mas estando o observador de poente a capturar a imagem na direcção do sul.